João Pimenta abre a #SPFWN55 com comemoração a seus 20 anos de desfiles

Estilista reuniu convidados no Theatro Municipal de São Paulo para uma apresentação-espetáculo em que revisitou a própria história.


Fila final do desfile de João Pimenta na SPFW N55
Foto: Agência Fotosite



João Pimenta reuniu imprensa, compradores, celebridades e clientes na noite de segunda-feira (22.05), no Theatro Municipal de São Paulo, para a apresentação que marca seus 20 anos de desfiles – e o início oficial da maratona de desfiles da #SPFWN55.

A escolha de locação não poderia ser mais representativa. O que se viu foi um espetáculo teatral e um desfile em perfeita harmonia. Acontece que este costureiro e figurinista se sentiu dividido entre as duas áreas de atuação por muito tempo. Diziam que sua moda era muito cênica, como se fosse uma qualidade negativa. Sugeriram à ele, incontáveis vezes, que pegasse mais leve, fosse mais comercial. Seja lá o que queriam dizer com isso.

Ironicamente, foi sua roupa com um pé no palco que lhe garantiu lugar de destaque na moda masculina nacional e uma clientela fiel. E aí que a segurança de público e comercial permitiu uma revisão de tudo, principalmente da relação entre o que mostrava na passarela, o que vendia e o que desenvolvia para o teatro. 

Desfile de João Pimenta na SPFW N55

Foto: Agência Fotosite

“Num desfile, queremos surpreender, fazer algo diferente”, disse João, em entrevista ao Vol. 12 da ELLE. “Por outro lado, quando um cliente gosta de tudo, é outro alimento muito gostoso para o ego. Tenho me interessado mais por esse lado, que sempre foi conflituoso na minha cabeça.”

Ainda assim, nos últimos meses, João assinou figurinos importantes e premiados. Foi ele o responsável pelos vestidos pretos de F.E.T.O, de Gerald Thomas, e por vestir Vera Holtz no monólogo Fricções. Naquela noite de segunda, Gerald retribui a colaboração assinando o texto de abertura do desfile e a voz de Vera Holtz foi ouvida no trecho quase final da apresentação.

Entre as roupas, essas dramatúrgicas roupas, o destaque fica para o olhar tão único quanto complexo do homem atual. Figuras como o dândi, o punk e o caubói apareceram em quatro atos, ou blocos divididos principalmente por cor. São arquétipos um tanto esquisitos para as origens do país, mas adaptados com maestria.

Modelo no desfile de João Pimenta na SPFW N55

Foto: Agência Fotosite

As imagens misturavam festas do interior, como a de São João, batizados, casamentos e mais um tanto de celebrações com muito sincretismo religioso e mistura de barroco europeu, influências ameríndias,  kitsch sertanejo e alguns elementos urbanos – tipo uma saia, que  lembra uma bermuda skatista, um casaco meio trench meio jaqueta perfecto e os acessórios com spikes, correntes e cruzes de ponta cabeça (um símbolo recorrente no trabalho do estilista).

A riqueza de detalhes impressiona, como o patchwork na alfaiataria e a sobreposição de rendas, bordados, patches e muitos brilhos. São 65 looks ao todo e, ainda assim, dá vontade de ver mais, entrar em cada camada dessas histórias e esperar por um novo ato. Um feito de mestre reconhecido por uma plateia lotada que aplaudiu o ato de pé. Pelo espetáculo e pelo notável amadurecimento de um dos mais talentosos estilistas do país.

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