Louis Vuitton, inverno 2024 masculino
Com homenagem aos nativos norte-americanos, Pharrell apresenta sua terceira coleção como diretor criativo da Louis Vuitton na semana de moda masculina de Paris.
Quando anunciaram Pharrell Williams como diretor criativo da linha masculina da Louis Vuitton, muita gente torceu o nariz. Ele sucede Virgil Abloh, que morreu em novembro de 2021, o que já complica qualquer comparação. Entre outras críticas, como a oportunidade de valorizar um estilista novo, havia quem pensasse que seu trabalho seria muito parecido com aquele fincado em raízes do streetwear proposto pelo seu antecessor, ou que não fosse tão aprofundado quanto.
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Em seu desfile de estreia, em junho passado, ele começou a apresentar qual seria sua ideia para a maison. Mas foi somente nesta temporada de inverno 2024 que o rapper e empresário deixou claro a que veio. Os posts, vídeos e previews divulgados pela marca antes da apresentação já davam uma dica: Pharrell falaria sobre ancestralidade norte americana, mais especificamente sobre o guarda-roupa western, tão cheio de referências (ou apropriações) aos povos originários do que hoje são os Estados Unidos.
Louis Vuitton, inverno 2024. Foto: Getty Images
Louis Vuitton, inverno 2024. Foto: Getty Images
Com essa apresentação, ele disse querer homenagear os “verdadeiros caubóis e nativos estadunidenses”. Os indígenas americanos, assim como os negros, foram altamente explorados com a colonização europeia. Quando os modelos começaram a entrar, vimos que os detalhes mais marcantes dessas estéticas seriam bem interpretados pelas mãos do diretor criativo.
O chapéu de caubói, os arabescos no lugar dos bolsos das camisas, as franjas, os casacos-cobertor, os lacinhos no pescoço, as botas, os xadrezes, a flanela, os conjuntinhos jeans… Teve até versões de chaparreiras ou charrões, aquelas peças usadas por cima da calça, como perneiras que prendem no cinto.
Louis Vuitton, inverno 2024. Foto: Getty Images
Louis Vuitton, inverno 2024. Foto: Getty Images
Tudo isso apareceu neste terceiro desfile masculino da Louis Vuitton sob comando do rapper, mas não sem um acento pop. As jaquetinhas bordadas, as sobreposições de bermuda plissada e calça ampla, os tracksuits esportivos cobertos pelo logo da marca e os acessórios feitos em colaboração com artistas dos estados do meio-oeste mostram bem isso. Até a clássica padronagem de vaca ganha uma versão pixelada, que lembra aquela militar da sua estreia na marca.
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Pharrell homenageia os códigos indumentários desses povos com a ajuda das tendências do momento: a calça jeans meio boca de sino (mas só de leve), a alfaiataria precisa, a lavagem sujinha, as mangas de casacos arredondadas, os penduricalhos nas bolsas. Tudo está ali, mas com uma roupagem diferente e inusitada.
Louis Vuitton, inverno 2024. Foto: Getty Images
Falar dos nativos norte americanos, dos povos originários e dos caubói negros é, sobretudo, falar de povos explorados e invisibilizados. E ainda que tenha, sim, alguns elementos de streetwear nesse desfile, Pharrell mostra que ele é muito mais do que isso ao trazer uma nova perspectiva do que podemos esperar da sua direção criativa. Tanto em termos de narrativa, aprofundada como a de Virgil, quanto de produto, já que tem muita peça ali que virou desejo instantâneo.
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