ELLE Testa: Breathwork, a aula de respiração para alívio emocional da Awake
A clínica Awake, em São Paulo, introduz o breathwork ao seu portfólio de aulas que buscam contemplar a saúde de forma integral.
O breathwork, um tipo de respiração assistida para alívio emocional, acaba de chegar à Awake – clínica de bem-estar em São Paulo. No entanto, exercícios de respiração para diferentes fins não são uma prática recente. Aliás, é bem ao contrário: eles estão aí há milênios. No budismo, por exemplo, é a partir da respiração que se pode alcançar uma maior consciência mental e corporal. Os benefícios de levar o foco à respiração são sustentados pela ciência: diferentes pesquisas apontam que o controle respiratório pode reduzir a pressão arterial, controlar dores, aliviar sintomas da depressão, ansiedade e insônia.
Sendo assim, não é estranho entender a fama atingida por tais práticas, como a meditação, na atualidade. De acordo com a OMS, mais de 450 milhões de pessoas ao redor do mundo lidam com algum tipo de transtorno mental. Com isso em mente, a clínica médica Awake, localizada em São Paulo, desenvolveu uma aula especializada nos exercícios de respiração que ajudam quem está sofrendo nesse sentido.
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Com método exclusivo, o breathwork chegou neste mês de março ao portfólio da clínica, que oferece aulas e workshops abertos ao público, de valores variados, como parte de sua filosofia integrativa para encarar a saúde num ângulo de 360º.
Como funciona o breathwork?
À convite da Awake, participei da sessão inaugural. Compareci sem grandes expectativas – para ser sincera, eu nem sabia exatamente qual é o objetivo deste tipo de terapia. Mas já nos primeiros minutos esclareceram minha dúvidas: a professora Danielle Zylbersztajn explicou que os exercícios propostos buscam atuar diretamente no lado emocional, trazendo à tona memórias e premissas guardadas no inconsciente. É possível, e até esperado, que aconteça algum tipo de catarse – choros, crises de riso, gritos e até orgamos – durante a aula. A ideia é que, com o tempo, a prática potencialize o autoconhecimento e interrompa crenças limitantes.
A explicação, que leva quase quinze minutos, é a primeira parte da aula, contemplada por outras duas fases. Além de entender o objetivo da experiência, a professora também esclarece como deverão ser feitas as respirações. Feito isso, partimos para os exercícios de fato.
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Para fazê-los, deitamos em cima de colchões organizados em forma de círculo no chão de quartzo, que decora a sala branca de luz amarela, emitida por luminárias de cobre em formato de pirâmides no teto. Para deixar o momento mais confortável, eles oferecem um travesseiro, tapa-olho e edredom.
No breathwork, a respiração é pela boca
Nesta aula, todas as respirações (inspiração e expiração) deveriam ser feitas pela boca. Aí já vieram as primeiras dificuldades: os barulhos da respiração à boca podem ser constrangedores. Além disso, por mais que nossa respiração, em termos gerais, não seja lá a mais eficiente (respiramos rápido, de forma curta, sem levar o ar até a barriga, como seria o correto), ela ainda acontece majoritariamente pelo nariz – a boca aparece só como coadjuvante.
Por isso, em menos de dois minutos, senti a garganta doer e uma grande dificuldade de continuar, ainda que as inspirações e expirações fossem longas e profundas. Parei, respirei como de costume antes de voltar para o método solicitado. Fiquei alguns minutos repetindo, até mudar a respiração para um ritmo médio, mas ainda profundo.
Aqui, vieram as primeiras experiências físicas: senti um grande peso no meu útero e também nos calcanhares, quase como se tivesse algo que os tivesse amarrado ao chão. Minhas mãos formigaram muito (mesmo!), e a sensação era de que uma corrente elétrica corria entre os meus dedos. Eu era incapaz de fechá-los ou encostá-los uns aos outros.
Um pouco depois de notar essas sensações, percebi um dos meus colegas de classe cair no choro. E depois mais um. Confesso: sou uma pessoa com dificuldade de concentração e, por conta disso, estava muito focada em seguir os ritmos de respiração comandos pela professora. Esse desejo de me adequar, de nadar com a corrente, inibiu que qualquer outro pensamento viesse à mente. Daí que não me veio nenhum grande insight pessoal. Mas este não parece ter sido o caso para todo mundo.
Depois de respirarmos de forma longa e profunda, seguido pela média e profunda, tentamos chegar numa curta e rápida. Consegui talvez duas repetições consecutivas dela, até desistir e voltar para a mais longa. Os exercícios aconteceram por 20 minutos, de forma cíclica, sem momentos de pausa entre um e outro.
Cada pessoa terá uma reação diferente
Feita a apresentação e o breathwork, voltamos a sentar e chega o momento final, no qual Danielle convida os alunos para compartilharem suas experiências, caso desejem. Uma das alunas que havia chorado disse que esta aula havia sido um momento de resgate, uma permissão para que ela voltasse para si mesma. Outra disse que sentia um alívio imenso. Um terceiro aluno confessou que, como para mim, não lhe ocorreu grandes revelações, somente sensações físicas. Para ele, no entanto, o peso estava no seu tórax – e nos pés como aconteceu comigo.
Ou seja, as experiências são realmente particulares. E, como Danielle avisou, nem sempre elas são imediatas. A professora pediu para que prestássemos dupla atenção aos nossos sonhos ou qualquer comportamento novo nos dias que seguissem a aula de breathwork. A prática, afinal, deve ser acompanhada de uma dose de dedicação, consistência e, principalmente, abertura.
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