Beautyletter: Para acreditar nos olhos do amor

Nosso editor de beleza Pedro Camargo fala sobre a influência do amor na definição do belo e abre o seu nécessaire de viagem.


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Foto: Eduardo Urzedo / Ilustração: Mariana Baptista



Hello, hello, hello!

O que é que você me reserva, hein, 2023? Bom, se este novo ano for metade do que 2022 foi para mim, já estou feliz. Em um post recente no meu perfil pessoal no Instagram, fiz uma espécie de retrospectiva: fui à França duas vezes, voltei a fazer aula de canto, assisti a um show da Björk, recuperei minha paixão por musicais e assisti a maioria dos que estavam em cartaz em São Paulo, mergulhei no mar algumas vezes, comecei uma newsletter… A verdade é que nesse ano, em paralelo à Beautyletter, uma série de privilégios me permitiu que eu me aproximasse mais de mim mesmo. 2022 foi o ano em que – depois de uma década de terapia – eu finalmente deitei no divã. E por lá falei muito (e continuo falando) sobre beleza, sobre desejo, sobre estar vivo. 

Nesse texto fantástico da Vivian Whiteman, ela fala sobre como essa banalização do discurso do autoamor, da autoaceitação, da “auto-qualquer-coisa” nos leva a acreditar em uma ilusão de independência que, no limite, é inalcançável e, portanto, uma armadilha. Nesse mesmo texto, ela também ressalta o óbvio: é claro que dependências pautadas pela opressão são destrutivas, ineficazes. A sabedoria, contudo, está em entender que o contrário disso não é autonomia absoluta, mas uma troca das redes de dependência das nossas vidas.

Só que fazer essa troca, socorro, não é nada fácil. Precisa desacreditar das mentiras que nos foram contadas (e que continuam sendo reforçadas) a respeito dos nossos corpos, da nossa imagem. Precisa acreditar que dentro de nós existe força suficiente para encarar esses abandonos e sobreviver ao luto de tanta coisa que antes era entendida como amor, como fonte de vida. Precisa de doses cavalares e diretamente proporcionais de dois elementos completamente paradoxais, portanto: fé na nova caminhada e descrença total frente ao mundo como ele se apresenta. Precisa estar preparado para entender a influência crucial do tempo. De que nada é para amanhã, ainda que a vida seja uma só.

Porque, de fato, sim, descobrir o skincare, os rituais de autocuidado e todas essas ferramentas do autoamor mainstream que circulam por aí (e por aqui também) foi como um ponto de partida, um pontapé inicial para uma jornada muito mais complexa, que obviamente não termina no protetor solar. Ao mesmo tempo que não nego a importância da cisão que essas descobertas representaram para mim, tenho plena consciência de que tudo o que mudou de verdade a respeito de mim e da maneira como eu me enxergo – e mais, me sinto – no mundo, veio de outro lugar. Esse autoamor não basta. Essa autoaceitação não basta. A gente é bicho de amor, é de viver em comunidade, é de estar perto, é de se ver e entender o olhar do outro sobre nós.

Mas é isso, tem o amor no meio, tem a empatia no meio, tem um refinamento emocional no meio. Tantas coisas que parecem básicas, parecem fundamentais, que deviam ser pré-requisito de tudo, mas não são ensinadas nas escolas, às vezes fogem da alçada da dinâmica familiar, simplesmente não aparecem, não se apresentam. E cabe a gente correr atrás, ainda que ninguém nos mostre qual é (e se há) uma linha de chegada. 

Em 2022, eu decidi acreditar no que dizem as pessoas que mais me amam. Eu aceitei os elogios e agradeci por eles. E ponto final. Se eu sou capaz de acreditar nas mentiras que dizem sobre mim, nas fake news do corpo, na desinformação que tem o intuito de me destruir, também quero ser capaz de acreditar naquilo que, à princípio, me parece distante da realidade, mas que, no fundo – e tão lindamente – é a verdade de alguém. “Como você está lindo”… Respondo: “Muito obrigado”. 

Que em 2023 a gente possa, com saúde, depender cada vez mais dos olhos que nos vêem com amor. Que a gente possa se render ao olhar carinhoso dos outros sobre nós. Que o barulho ensurdecedor da mentira encontre em nós somente um vácuo em que suas ondas sonoras não serão capazes de reverberar. Que em 2023 a gente saiba saborear o banquete da beleza organizado pelo amor. Feliz ano novo e até o próximo mês!

Por aí…

No “Por aí”, um giro por eventos, lançamentos e experiências de beauté que vivi, atravessei, assisti ou participei no último mês!

O tal do presencial…

Dezembro é como um furacão na ELLE, em especial na editoria de beleza. Isso porque fechamos ELLE View de dezembro, ELLE impressa também de dezembro e ainda damos uma boa adiantada na próxima edição da nossa revista digital que, em janeiro, é tradicionalmente 100% dedicada à beleza. E isso quer dizer que, infelizmente, não deu tempo de dar pinta em tantos eventos dessa vez. De todo modo, vale dizer, o grande evento de dezembro para quem trabalha na ELLE Brasil foi a reabertura do nosso escritório – totalmente decorado pela Westwing. Gente, eu que era o maior fã do home office fui oficialmente convertido. Como é bom estar perto das pessoas e em um lugar tão lindo, cheio de charme. Amei! Isso sem falar que para trocar figurinhas de beauté, o ao vivo pisa forte nas reuniões online. (risos)

Na estante 

ESPECIAL VIAGEM: O que vai no nécessaire enxuto. 

Gel de limpeza exfoliante, Rose INC (R$ 229)

Quando estou viajando, gosto de levar comigo produtos que cortam caminhos mas não pulam etapas. Como em casa gosto de usar produtos de esfoliação leve e diária, coloquei o gel de limpeza da Rose INC no nécessaire. Além de limpar sem deixar aquela sensação de pele “esturricada”, ele ainda tem uma fragrância super-resfrescante e pequenos glóbulos que promovem essa esfoliação delicada que eu amo.

Xampu refrescante 1922, Keune (R$ 111,30)

Esse xampu da linha masculina da Keune também é um coringa. Com uma fórmula bem neutra, sinto que ele limpa bem o cabelo dos resíduos de praia ou piscina ao mesmo tempo em que tem um cheirinho herbal, mentolado, que combina súper com o clima quente desse período do ano. É sempre ele que levo comigo para viajar!

Óleo finalizador Elixir Ultime, Kérastase (R$ 245,90)

Eu tenho a versão “Pride” do frasco desse clássico óleo da Kérastase e só a beleza dele já era motivo suficiente para levá-lo junto comigo para lá e para cá. De quebra, ele é muito flexível: se vou usar o cabelo cacheado, ele segura bem como um leave-in; se vou usar o cabelo liso, ele diminui o frizz e aumenta o brilho pós-escova.

Hidratante Antioxidante com FPS 30, Sallve (R$ 99,90)

Já cansei de falar desse produto por aqui. Vocês sabem: acho que é um dos melhores custo-benefício do mercado brasileiro de skincare. Em uma só fórmula você tem ativos que trabalham como antioxidante, como hidratante, que atuam na renovação celular, que ajudam a dar uma animada instantânea no rosto. Essa versão com protetor solar é ainda mais completa. 

Protetor solar facial Super Soin Solaire, Sisley (R$ 1363,50)

Não tem nada que eu possa dizer aqui que vá justificar o preço desse protetor solar. No entanto, Sisley é sobre luxo e tenho a sensação que o luxo só é o luxo exatamente porque ele não se justifica por completo. De todo modo, o Super Soin Solaire da Sisley é um protetor sequinho, que espalha fácil, que não sai tão facilmente na água e que ainda é enriquecido com uma série de ingredientes que auxiliam na hidratação e refrescância (óleos essenciais de sálvia e de manjerona). Passar o verão com ele tem sido uma delícia – transforma o momento chato de passar FPS em uma experiência de spa.

Máscara labial Orgasm, NARS (R$ 199)

Meus lábios tendem a ficar ressecados, machucados, bagunçados no verão. Por isso, é fundamental carregar sempre um lip balm no meu nécessaire. Isso posto, a minha escolha mais recente tem sido essa máscara da NARS. Além de promover uma hidratação bem intensa, a embalagem (em um potinho discreto) te ajuda a conseguir criar mais e mais camadas ao aplicar com os dedos. Gosto de fazer esse supercombo antes de dormir. 

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