Beautyletter: Reflexões pós-SPFW e meus perfumes favoritos

O passou pela cabeça de nosso editor de beleza Pedro Camargo depois da última edição do SPFW e o ingrediente secreto que ele ama em qualquer perfume.


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Foto: Eduardo Urzedo / Ilustração: Mariana Baptista



Hello, hello, hello!

Por que a gente ainda olha para os desfiles quando estamos procurando por tendências de beleza? Queria tentar responder essa pergunta neste texto. Não vou conseguir (dã…), mas, ainda assim, sinto que trarei alguns questionamentos interessantes e talvez uma mensagem de esperança. A quem interessar possa, fica o convite à leitura. O ponto de partida das reflexões que faço aqui, na verdade, foi o nosso esforço em cobrir a última edição da São Paulo Fashion Week. “Eu nunca tinha visto você bravo de verdade que nem lá”, disse a minha repórter. “Tinha alguma coisa estranha acontecendo com você ali”, disse uma grande amiga também jornalista de beleza. “Fiquei com medo de perguntar, mas o que é que foi?”, continuou.

Quando ela me fez essa pergunta, na hora, listei uma série de problemas relacionados a uma suposta falta de infraestrutura do evento. Vamos lá, é preciso levar em consideração as nuances dessas questões. Sim, havia problemas de infraestrutura – os atrasos foram abissais, os backstages estavam lotados e eram todos minúsculos, muito difíceis para fazer fotos bonitas de beleza; quando choveu, vazou água do teto da sala de imprensa etc. –, mas acho que não foi isso que tirou o sorriso do meu rosto durante a SPFW. Afinal de contas, nada disso é novidade (a coisa do teto escorrer foi, mas, de resto, nada de novo sob o sol).

O que me deixou irritado é que essa pergunta do começo do texto, logo no final do primeiro dia, já tinha tomado uma nova proporção, uma nova formulação, e não parava de badalar entre as minhas têmporas: “Por que é que eu estou aqui? Para quem eu estou cobrindo este evento? Tem alguém do outro lado da tela do celular ou do computador? E, se é que tem alguém aí, será que fomos só mais um scroll, ou realmente impactamos a maneira como você vai pensar sobre beleza na próxima temporada?” Porque o fato é que todos esses perrengues na infraestrutura refletem uma dificuldade da própria SPFW de manter sua relevância. E o triste é que isso acontece em paralelo a uma movimentação muito importante por parte do evento.

Nunca antes vimos tantas marcas fora do eixo Rio-São Paulo na passarela, tantas marcas capitaneadas por pessoas pretas, por mulheres, por projetos que se importam com a sustentabilidade, não só da perspectiva da natureza, mas também da social. Nos castings, novos corpos começam a propor um redesenho do que é ser “modelo”. Nas belezas, uma vontade menor por correção e mais por criatividade parece inspirar os beauty artists… 

O evento evoluiu, mas o patrocínio não evoluiu com ele. Porque quem detém o dinheiro, muitas vezes, são empresas ou pessoas pouco interessadas nesse novo momento – isso quando não são diretamente antagônicas a ele. Para as estúpidas elites que vêem seus ideais pouco representados nas passarelas contemporâneas, a SPFW ficou cafona. Para a nova geração que afirma novas possibilidades de moda e beleza, a SPFW é uma consagração quebrada: se por um lado ainda existe um aval dado pelo evento, por outro, ele já não significa o mesmo retorno em mídia, dinheiro e vendas.

A minha teoria (e fé) é de que estamos atravessando um intervalo importante. Intervalo esse em que irritações como a minha – por não saber responder essas perguntas e, ainda assim, ter que tirar energia sabe deus de onde para cobrir a SPFW – serão constantes. Ou seja, vai ser preciso dar uma segurada na barra. Ainda assim, acredito que o que pode suceder esse intervalo estranho é uma nova era em que esses estilistas, maquiadores, cabeleireiros, modelos, e tantos outros criativos, não apenas terão no evento um palco à altura de suas ideias, mas também um público preparado para recebê-las, para discuti-las. Outros dinheiros virão de outros lugares, mas esse é o intervalo em que se dá o pontapé para uma nova educação, o ensaio de uma nova configuração de semana de moda em que – ainda que suas raízes sejam importadas – seus frutos sejam saborosos para os locais. Sobre tendências, elas existem, a gente escreveu essa matéria. De repente, vale dar uma passadinha lá também. Até mês que vem! 

Por aí…

No “Por aí”, um giro por eventos, lançamentos e experiências de beauté que vivi, atravessei, assisti ou participei no último mês!

Fora a SPFW…

Apesar de parecer que o mês inteiro girou em torno da semana de moda, isso não é verdade. Para começo de conversa, acho que fui em um dos eventos mais chics do circuito de beauté do ano: o jantar de 10 anos da NARS no Brasil. Foram pouquíssimos convidados, uma locação superespecial (a Galeria Verve) e um menu servido pelo Beverino (restaurante especializado em vinhos naturais, fique de olho). 

Além disso, antes da SPFW, o beauty artist recordista de desfiles Helder Rodrigues, armou um eventinho da Téa, loja de beleza da Pinga, na Rua da Consolação. Por lá, com produtos da sua Herō Beauté, fizemos uma aula de automassagem facial da Arum Estética. Em geral, não sou o maior fã dessas coisas, mas essa massagem foi diferente. Senti os nós do meu rosto soltarem, foi tão intenso que foi quase estranho – impressionante, de todo modo. Vale conhecer!

Para fechar, passei no salão do Celso Kamura para fazer um tratamento bem legal para os fios com a ajuda da linha para cachos da weDo, a marca vegana com peformance profissional da Wella. Em especial, destaque para a máscara pré-enxágue que deu uma turbinada na hidratação dos meus cabelos.

Na estante 

ESPECIAL PERFUMES: Só os que mais amo. 

Parade, Celine (R$ 1.750)

Esse aqui não tem igual. Eu e Susana Barbosa somos fãs declarados desta fragrância. Depois de certa investigação descobri por que gosto tanto dela. É porque existe ali uma característica tanto doce quanto fresca que eu não sabia de onde vinha. Trata-se da flor de neroli. Uma vez que descobri isso, minha vida olfativa mudou. Daqui para frente, vocês vão perceber, quase todos os perfumes dessa lista tem neroli (alguns até no nome!)

Neroli Portofino, Tom Ford (R$ 1701,40)

Se o Parade da Celine é um perfume atemporal que pode ser usado em qualquer ocasião, ele ainda tem um quê de metropolitano, de urbano. Para mim, o Neroli Portofino de Tom Ford é a opção à italiana, à beira-mar, de barco, na Costa Amalfitana, do mesmo universo olfativo. Se aquele é inverno, este é verão, sacou?

Neroli Amara, Van Cleef and Arpels (R$ 1090)

Esse é só chiquérrimo… Nem tenho muito o que dizer. É da linha de perfumes desta que é uma das joalherias mais elegantes que existem. O Neroli Amara começa superfresco e cítrico, se desenvolve para um floral e desemboca no neroli. Lindo!

Colonia Futura, Acqua di Parma (R$ 940,50)

O Colonia Futura da Acqua di Parma é o único da lista que não tem neroli em sua composição. Em compensação, aqui é a sálvia que chama a atenção. É fresquinho, mas empresta um pouco da sedução dos perfumes gourmand. Eu conheço a sálvia da cozinha, então, talvez por isso, venha essa associação. Combine isso à lavanda e está explicado o combo sexiness.

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