Como a trend Girl Dinner escancarou transtornos alimentares no TikTok

O "Girl Dinner" começou como uma corrente inocente na plataforma acabou por normalizar problemas de saúde bem mais sérios.


A tendência Girl Dinner e como ela escancarou problemas de distúrbios alimentares no TIkTok
Ilustração: Mariana Baptista



Tudo começou como uma corrente inocente, com garotas compartilhando seus jantares fáceis e rápidos de fazer com uma trilha que repetia girl dinner (ou jantar de menina, em tradução livre). O primeiro vídeo que passou pela minha timeline foi o de um macarrão com manteiga e queijo. Com o passar dos dias – e da popularidade da trend –, eles foram se transformando.

O que está servido no Girl Dinner?

No começo, eram filmadas apenas garrafas ou taças de vinho. Depois, pequenos quadradinhos de queijo, uma unidade de bolacha água e sal ou três folhas de alface eram chamados de girl dinner. Cheguei ao extremo de ver um vídeo de uma mulher chorando, lambendo as lágrimas e usando o áudio em questão.

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Humor, brincadeira, meme: em alguns casos, pode até ser. É sabido, no entanto, que a internet é terreno fértil para a proliferação de comunidades que exaltam transtornos alimentares, como anorexia e bulimia (só para citar os dois mais comuns). Usando as hashtags certas e sabendo procurar, abre-se um mundo de dicas de como comer pouco ou quase nada e não desmaiar, como disfarçar seu distúrbio e técnicas de perder peso rápido. O girl dinner trouxe tudo isso à tona e às páginas For You de todo o TikTok.

Alerta ligado

Quem é nativo das redes sociais há mais tempo sabe que isso não é novidade. Em meados dos anos 2000, esses mesmos transtornos alimentares eram exaltados no Tumblr, uma das primeiras plataformas a ser usadas por essas comunidades. É um problema desde que o mundo é mundo. Tanto que foram criadas diretrizes específicas para banir esse tipo de conteúdo por lá – o que já acontece com outros temas sensíveis no TikTok.

Enxergar o recente caso do girl dinner apenas como piada, brincadeira ou meme é ver apenas um lado da história. As redes sociais já nos mostraram que, se não tivermos olhar crítico e não acompanharmos de perto a evolução das trends, podemos fazer vista grossa para transtornos que, neste caso, atingem pelo menos 70 milhões de pessoas ao redor do mundo.

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