Matizador dental: será que ele, de fato, funciona?

A busca incessante por um sorriso mais branco e brilhante levou ao surgimento de inúmeros produtos e tratamentos no mercado de cuidados dentários. Entre essas novas adições, o “matizador dental” promete branquear temporariamente os dentes de maneira sutil e natural, mas será que ele realmente cumpre sua promessa ou estamos diante de uma estratégia comercial enganosa?

As promessas do matizador dental

O matizador dental é comercializado como uma alternativa suave e menos invasiva aos tradicionais tratamentos de clareamento dental. Alega-se que esse produto pode realçar o brilho natural dos dentes, removendo temporariamente manchas superficiais sem causar sensibilidade excessiva. Na sua página “Para Você”, do TikTok, por exemplo, já deve ter visto alguma propaganda da Rizu, uma marca mineira do grupo Ei, Beleza que vende um sérum matizador dental e um enxaguante bucal com a mesma função.

“A lógica é a mesma do matizador para cabelo, que quem é loiro, costuma usar para impedir a coloração de amarelar ou simplesmente para ajustar o tom do cabelo”, diz Pedro Castro, CEO do conglomerado que engloba a Rizu. “E a formulação não tem nada de agressivo, na verdade, pelo contrário, quem tem sensibilidade nos dentes e não pode fazer um clareamento mais definitivo em consultório, agora tem essa nova opção como possibilidade temporária“, continua.

De fato, os produtos da Rizu são feitos a base de corantes comestíveis formulados de tal maneira a “macharem” os dentes com sua coloração que, em contraposição ao amarelado, dá uma impressão de branco. Algo como uma maquiagem dental: “Em nenhum momento a Rizu se colocar como algo que chega no mercado para desbancar o clareamento. Aliás, nossa ideia é até pensar em um uso conjunto – um tratamento ajuda o outro”, diz.

O que dizem os dentistas?

Enquanto as empresas que fabricam matizadores dentais frequentemente apontam para depoimentos e imagens “antes e depois” impressionantes, a falta de evidências científicas sólidas levanta dúvidas sobre suas alegações. A maioria dos estudos independentes sobre esses produtos é escassa ou inconclusiva, o que deixa os consumidores no escuro sobre a eficácia real desses matizadores.

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Em uma declaração assinada em conjunto à ELLE Brasil, o presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) Mario Cappellette Jr. e o professor da ABO da Especialização em Dentística da ABO Sérgio Brossi Botta dizem que a diferença entre o clareamento feito em consultório tem um efeito totalmente diferente (e muito distante) daquilo que se pode conquistar com a ajuda de um matizador.

A Rizu é uma marca brasileira de matizadores dentais em sérum e enxaguante bucal Divulgação: Rizu

Além das dúvidas sobre sua eficácia, os matizadores dentais também podem representar riscos potenciais para a saúde bucal. A falta de regulamentação rigorosa em torno desses produtos também pode levar a formulações duvidosas que podem causar danos indesejados. “Além de não clarear os dentes, podem ainda causar malefícios como pigmentar trincas de esmalte e emendas de restaurações além de poder pigmentar regiões de interface entre dente e lentes de contato de resina ou de porcelana, comprometendo a estética do sorriso”, alertam os dentistas da ABO.

A importância da orientação profissional

A odontologia é uma área complexa e sensível, e qualquer tentativa de clareamento dental deve ser abordada com cautela. Os matizadores dentais, embora comercializados como uma solução conveniente, não substituem a avaliação e orientação de um profissional de odontologia. A consulta a um dentista qualificado é crucial para determinar a abordagem mais segura e eficaz para alcançar um sorriso mais branco, levando em consideração a saúde bucal individual de cada paciente.

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