Tretinoína: quando você de fato precisa dela?

O ativo é usado em tratamentos de melhora da textura da pele, acne e melasma. Dermatologistas alertam sobre riscos de uso sem acompanhamento médico.


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Foto: Getty images



Antes de mais nada, o que é a tretinoína? “É o ácido retinóico, um derivado de vitamina A, conhecido desde os anos 1960, época em que os retinóides começaram a ser desenvolvidos”, explica Ediléia Bagatin, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). A médica conta que a tretinoína faz parte da primeira geração de retinóides – assim como a isotretinoína, comercialmente conhecida como Roacutan –, e sempre foi indicada contra os sinais do envelhecimento na pele.

Em um rápido passeio pela farmácia, é possível ver diferentes séruns com retinol, de livre acesso do público. Porém, não confundam, segundo a especialista, esses cosméticos são feitos com substâncias derivadas. “A tretinoína é uma droga não permitida em cosméticos, mas existem produtos dessa categoria com derivados do ácido retinóico – como o retinaldeído, o retinol – mas eles não têm a mesma eficácia, de jeito nenhum”, disse. “Para tratar textura da pele, principalmente das áreas expostas, a tretinoína é o padrão ouro até hoje”.

A tretinoína é comercializada para uso tópico, ou seja, de aplicação direta, e pode ser encontrada em forma de creme, emulsão e gel e com diferentes concentrações. Segundo a dermatologista Bruna Villarejo, membro da SBD, “numa pele mista, mais seca, por exemplo, a gente utiliza creme. Na pele oleosa, o gel”.

Entre os tratamentos citados pelas experts aparecem também controle de acne e oleosidade, uniformização de melasmas, estrias e em algumas doenças de pele. “A tretinoína também é muito usada nos peelings químicos dentro de consultório. Nesses casos, usamos concentrações altas de 5%, 8%, 10%, dependendo do paciente”, disse Bruna.

“É claro que não vai reverter totalmente uma ruga, mas ela pode amenizar essa ruga, pode deixar menos profunda, menos marcada”, Paola Pomerantzeff, dermatologista.

“Com o envelhecimento, a gente diminui o tempo de renovação da nossa pele. Em vez de demorar 28 dias para isso acontecer, você demora 40 dias. Por isso, surgem ceratoses seborreicas e actínicas, que são lesões de envelhecimento cutâneo”. Com a tretinoína, segundo a médica, há um aceleramento na renovação celular e estímulo de colágeno. “Há muitos anos que ela é aplicada e continua assim porque existem trabalhos científicos que comprovam a eficiência dela para o tratamento da pele foto envelhecida”, disse a dermatologista Paola Pomerantzeff, da Clínica Koza.

“A tretinoína se liga a alguns receptores das células da pele e exerce essa função terapêutica de fazer um rejuvenescimento. É claro que não vai reverter totalmente uma ruga, mas ela pode amenizar essa ruga, pode deixar menos profunda, menos marcada”, ressalta. “Ela também é usada para queratose pilar, quando a pessoa tem bolinhas no braço e pele áspera, ela ajuda a melhorar a textura”.

A orientação de uma especialista também ajuda no controle de concentração do ativo, que pode ser achado em diferentes níveis. “Para cada pele existe uma concentração ideal”, explica. “Uma pele mais sensível, muito reativa, tem que usar uma concentração baixa. Já se a gente for tratar estria, a pele do corpo mais grossa, mais resistente, pode usar uma concentração mais alta. Se a concentração não for alta suficiente não vai fazer efeito nenhum, vai ser como água com açúcar para a pele do corpo”.

Por se tratar de um medicamento, seu uso sem indicação médica e acompanhamento pode causar danos na pele. “As pessoas às vezes chegam aqui com a cara queimada, porque queima mesmo se usar muito, e ainda tem paciente que usa por conta própria e ainda vai para o sol sem protetor”, conta Paola. O efeito colateral do ácido retinóico é a descamação da pele, que fica vermelhinha, meio reativa, irritada e mais ressecada. Se você usar ele muito indiscriminadamente pode ser que a pele fique tão ressecada que chegue a gerar uma alergia de contato”, pontua. A médica também ressalta que a substância não é recomendada para mulheres grávidas.

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