A suplementação de colágeno realmente funciona?
Com a promessa de desacelerar o envelhecimento da pele, os suplementos à base de colágeno ganham cada vez mais usuários. Mas será que eles funcionam mesmo? Nós investigamos.
Se você acompanha perfis de influenciadores nas redes sociais, é possível que já tenha visto conteúdos publicitários sobre suplementos de colágeno – sim, estamos falando das famosas “gominhas de cabelo” e das bebidas que prometem retardar o envelhecimento da pele em um passe de mágica.
Apesar do marketing confiante e persuasivo, ainda existem dúvidas que pairam acerca da eficácia destes produtos – que, adiantamos, não são à toa. Para investigar a efetividade da suplementação de colágeno, conversamos com profissionais e levantamos pesquisas científicas. Vem com a gente!
O que é o colágeno?
O colágeno é uma proteína fibrosa que compõem os ossos, tendões, cartilagens, ligamentos e, claro, a pele. “Nós temos pelo menos 28 tipos de colágeno no corpo (sendo o 1, o 2 e o 3 os mais comuns). Eles são produzidos pelo nosso organismo, especificamente por células chamadas fibroblastos, que unem cerca de 40 tipos de aminoácidos para compor essa estrutura”, explica Claudia Marçal, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
O colágeno compõe cerca de 70% da nossa pele e é ele o responsável por dar a ela estrutura, resistência e elasticidade. “Ele também é essencial para manter a integridade da barreira cutânea, responsável por fazer a proteção contra agressores externos”, adiciona a farmacêutica Maria Eugênia Ayres.
LEIA MAIS: O que é colágeno? A importância dessa substância para a nossa pele
O problema é que, a partir dos 25 anos, a produção dessa proteína começa a diminuir cerca de 1% por ano, com uma queda ainda mais expressiva após a menopausa. Como se não bastasse essa desaceleração na produção, essas fibras também passam por um processo de degradação. “Exposição solar sem proteção adequada, tabagismo, falta de sono, má alimentação e estresse são alguns dos fatores que podem piorar ainda mais este cenário”, alerta Claudia.
O resultado disso nós conhecemos bem: linhas finas, rugas, flacidez, musculatura mais fraca e ressecamento da pele – ou seja, o envelhecimento natural do corpo. Essa mudança também atinge unhas, que ficam mais quebradiças, e o cabelo, que fica mais fino.
Os suplementos de colágeno
Para desacelerar o processo natural do envelhecimento, tenta-se de tudo – e o colágeno, por sua importância nessas mudanças, se torna uma das peças fundamentais nesse jogo. É assim que surgem suplementos, em forma de cápsulas, pós, gomas ou bebidas, que prometem fazer a reposição da proteína via oral e, assim, desacelerar o envelhecimento da pele.
“Este colágeno é extraído de animais marinhos, bovinos ou suínos. Em sua forma natural, ele é uma molécula grande e, por isso, ao ser utilizado em suplementos, passa por um processo chamado hidrólise, no qual é quebrado em fragmentos menores conhecidos como peptídeos de colágeno, com estrutura molecular reduzida, que são mais facilmente absorvíveis pelo organismo”, explica Maria Eugênia.
LEIA MAIS: Suplementos de beleza: o que funciona e o que é balela?
Será que vale a pena?
Apesar do marketing intenso envolvendo a suplementação de colágeno, não existe um consenso entre dermatologistas e farmacêuticos sobre a sua eficácia e as pesquisas científicas mostram que ela não é exatamente milagrosa como querem que a gente acredite.
“Existem evidências que sugerem certos benefícios para a saúde. No entanto, é importante notar que os resultados variam de acordo com o tipo de suplemento, a dose, a duração do uso e as características individuais de cada pessoa”, aponta Maria Eugênia, citando um artigo científico publicado no Journal of Drugs in Dermatology, em 2021.
Outra análise realizada pela Harvard Medical School com o Massachusetts General Hospital mostra que a maioria dos suplementos com colágeno incluíam outros ingredientes que podem ter auxiliado em resultados positivos de outras pesquisas.
Para Claudia Marçal, a suplementação é bem-vinda, mas a maior eficácia ainda vem dos procedimentos realizados no consultório. “A utilização de protocolos que estimulem a produção de colágeno pelo organismo, como bioestimuladores, lasers, ultrassons e injetáveis ainda trazem os melhores benefícios”, opina.
LEIA MAIS: Ultrassom microfocado: testamos 3 diferentes aparelhos para estimulação de colágeno
De maneira geral, ainda que a suplementação de colágeno seja segura, não existem comprovações científicas suficientes para atestar de que ela seja, de fato, efetiva a ponto de valer o investimento. Talvez, ainda seja melhor manter hábitos saudáveis e seguir uma rotina de cuidados adequada de acordo com as indicações do seu dermatologista.
Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes