Assista ao primeiro ELLE STORIES

Com a interpretação de artistas do Balé da Cidade de São Paulo, o diretor Manuel Nogueira traduz em dança e música a angústia e os questionamentos trazidos pela pandemia. O curta-metragem inaugura o ELLE Stories, uma curadoria de vídeos inéditos que você vai ver, em primeira mão, no nosso site.


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Este vídeo faz parte do ELLE Stories, uma curadoria de vídeos, filmes e documentários inéditos feita pela equipe da ELLE Brasil, que você confere primeiro aqui, no nosso site.

“Agon”, palavra de origem grega que significa luta ou disputa, dá nome ao novo curta-metragem do diretor e fotógrafo Manuel Nogueira. O filme é a primeira atração do ELLE Stories: vídeos com um olhar muito particular sobre temas diversos, que vão estrear aqui, no nosso site. Em
Agon, 18 artistas do Balé da Cidade de São Paulo alternam-se na tela durante cerca de 3 minutos e meio, dançando cada um no confinamento de sua casa.

“A inspiração surgiu a partir de um texto do filósofo italiano Emanuele Coccia falando sobre a ilusão do ser humano de se sentir protagonista em relação à existência, e de achar que tudo no mundo é feito para ele”, relata Nogueira, que faz parte do time de diretores da produtora Delicatessen Filmes. “Essas questões me levaram a pensar nas pessoas dentro de casa, vivendo essa espécie de embate contra uma força ainda muito desconhecida, que é a própria natureza.”

Assim como em alguns de seus trabalhos anteriores, ele recorreu aos artistas da dança para explorar a temática do ser humano lutando e negociando pelo seu protagonismo no mundo. “Imaginei que o corpo seria uma ferramenta potente para expressar essas sensações que, de alguma forma, estamos experimentando neste momento”, diz. Apresentou, então, a ideia e suas inspirações aos bailarinos, que toparam se filmar na quarentena – sozinhos ou com a ajuda de seus pares. Nogueira passou a eles referências de figurino, enquadramento e iluminação.

O bailarino Marcel Anselmé, que também dança no curta, criou uma base coreográfica para todos os participantes. “Idealizei uma sequência de movimentos, mas deixei todo mundo livre para inverter a ordem deles, para embarcarem em seus próprios ritmos e intensidades. Era importante para a direção que houvesse espaço para os bailarinos expressarem seus próprios sentimentos”, conta Anselmé. “Para nós, é muito difícil ficar em casa sem criar algo ligado à nossa arte e essa foi uma ótima oportunidade.”

Elemento fundamental do filme, a música está presente durante toda a narrativa e acentua a sensação de angústia e tensão transmitida pelos movimentos dos bailarinos. Trata-se da composição “Jongo”, do carioca Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), interpretada pelo pianista gaúcho Miguel Proença, de 81 anos. A escolha veio de memórias do diretor, que mergulhou em suas histórias e lembranças neste período de isolamento social: “Minha irmã, Isabel Nogueira, tocava essa música ao piano quando todos nós morávamos juntos, e seguia a interpretação do Proença, que foi seu professor”, relembra ele. “Quando comecei a formatar esse filme já sabia que ia usar essa trilha. Combinava com a atmosfera de agonia que queria trazer para esse trabalho.” Tanto o pianista quanto a família do compositor se encantaram com a iniciativa e cederam os direitos para que a obra fosse usada.

Os bailarinos tiveram pouco mais de uma semana para pensar em sua partitura corporal e realizar a gravação. Com esse material em mãos, o diretor fez a montagem: trabalhando com cores, texturas e contrastes, conseguiu tecer uma narrativa em que a interpretação de um dançarino complementa a do outro, num fluxo contínuo, mesmo com as coreografias tendo sido executadas separadamente, em momentos e situações completamente diferentes. “Por mais que estejamos impossibilitados de sair à rua para trabalhar, é realmente importante continuar trocando uns com os outros e criando mesmo com diversas limitações. É uma tentativa de resposta positiva diante desses dias tão difíceis”, resume Nogueira.

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