Celebrado no jazz, Amaro Freitas persegue uma sonoridade genuinamente brasileira

Pianista é um dos destaques do Sesc Jazz, festival que começa em São Paulo.


Amaro Freitas
Fotos: Daryan Dornelles



Depois de se apresentar no Japão, em setembro, e antes de embarcar neste mês para os Estados Unidos, onde fará parte do line-up de abertura do Blue Note Los Angeles, Amaro Freitas é uma das atrações do Sesc Jazz, que começa nesta terça-feira (14.10), em São Paulo, e segue até 2 de novembro. No festival, ele se apresentará ao lado da Dom Salvador Samba Jazz Quertet. Confira abaixo a entrevista com o pianista publicada ELLE Men Volume 05:

Amaro Freitas está ligeiramente atrasado. Prestes embarcar para mais uma turnê na Europa, ele precisou levar seus figurinos para a lavanderia e uma mala para o conserto. “Mas estou aqui”, diz, se desculpando. Aqui é sua casa, no Recife. “Minha maior vitória é morar aqui. Antes, era quase obrigatório você se deslocar para São Paulo.”

Criado na periferia da capital de Pernambuco, Amaro, 34 anos, conheceu a música na igreja evangélica que frequentava com a família. Em menos de dez anos, lançou quatro discos e chama cada vez mais a atenção na cena do jazz. Em julho, a revista estadunidense Downbeat, uma referência para o gênero, o colocou na lista dos pianistas em ascensão de 2025.

LEIA MAIS: Tiny desk estreia no Brasil com João Gomes

WhatsApp Image 2024 10 14 at 13.59.00

No início, sua música provocou certo estranhamento nos contratantes europeus de shows, que não reconheciam no seu trabalho uma sonoridade tipicamente nacional, como a bossa nova e o samba jazz. De frente para seu piano, ele imita o estilo musical de César Camargo Mariano e João Donato (1934-2023) para explicar. “Espera-se isso de um músico brasileiro, como você espera ouvir um tango de um argentino. Eu trazia esse jazz que dialogava com o Nordeste, com os ritmos do meu território, como o frevo, o baião, a ciranda.” Ele volta ao piano. “Estava pensando no samba a partir de outra perspectiva, que tem a ver com a cena contemporânea do jazz.”

Lançado no ano passado, seu mais recente álbum, Y’Y (pronuncia-se “iê-iê”, do dialeto indígena sateré mawé), inspirado em suas viagens à Amazônia, ganhou elogios do The New York Times, The
Guardian e Pitchfork. Amaro frisa que o nome de seus discos não têm “a língua do colonizador”: Racif (2018), seu segundo trabalho, tem origem árabe, e Sankofa (2021), o terceiro, africana.

Clique aqui para comprar a sua ELLE Men e conferir a matéria completa sobre Amaro Freitas.

LEIA MAIS: Um museu para David Bowie

Para ler conteúdos exclusivos e multimídia, assine a ELLE View, nossa revista digital mensal para assinantes