Bob Wolfenson reúne em mostra fotos danificadas por enchente em seu estúdio

"Elas adquiriram um novo sentido", diz fotógrafo sobre imagens exibidas em SUB/EMERSO, em cartaz em São Paulo.


Caetano Veloso em imagem de Bob Wolfenson danificada por enchente
Caetano Veloso em imagem de Bob Wolfenson modificada pela ação da água



No início de 2020, depois de uma forte tempestade, uma enchente atingiu o estúdio de Bob Wolfenson, no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo. Era a quinta inundação no espaço em 20 anos e a segunda mais grave. Na primeira, em 2005, o fotógrafo teve que sair de bote do endereço.

Dessa vez, a água atingiu 80% do seu acervo, acumulados em cinco décadas de carreira que o colocaram entre os protagonistas da fotografia brasileira. Bob só conseguiu entrar no estúdio 36 horas depois do ocorrido, quando a enchente baixou, e contou com a ajuda do Instituto Moreira Salles nos “primeiros socorros” das imagens.

Estúdio Bob Wolfenson com fotos penduradas secando atingidas por enchente

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“O IMS disponibilizou restauradores para fazerem uma operação de salvamento. As imagens ficaram dentro de um freezer para estancar o processo de deterioração, e eles levaram alguns lotes para restaurar no Rio. Mas três anos depois o estrago é maior”, conta à ELLE. Bob calcula que 20% das imagens atingidas foram perdidas, mas contará com uma equipe de restauradores, via Lei de Incentivo, para recuperar a outra parte.

O fotógrafo, porém, não viu apenas prejuízo na ação da água e do tempo. Pelo contrário. Cerca de 30 imagens restauradas pelo IMS formam a mostra SUB/EMERSO, em exibição a partir desta quinta-feira (05.10), em São Paulo. “Carreguei nas tintas, escolhi fotos muito danificadas, não optei pela preservação. Quis ressignificá-las. Não gosto dessa palavra, mas elas adquiram um novo sentido, uma outra materialidade.”

“Escolhi fotos muito danificadas, não optei pela preservação. Quis ressignificá-las”


Nas paredes da Galeria do Senac Lapa estão retratos de personalidades como Oscar Niemeyer e Caetano Veloso, peças publicitárias, fotos de editoriais de moda e polaroides de colaboradores que ganharam sobrevida e um novo contexto na mostra. “A seleção foi indiscriminada. Essas imagens estavam guardadas aleatoriamente no meu estúdio. Havia inclusive algumas fotos recusadas por questões técnicas ou de impressão. Elas se uniram pela catástrofe. Agora têm uma memória sobre a memória”, conta o fotógrafo, que ocupa um novo estúdio em São Paulo.

SUB/EMERSO: Galeria Senac Lapa Scipião (Rua Scipião, 67, Lapa). Até 5/12

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