Atualize sua playlist: três nomes para ouvir com atenção em 2021

Conheça o trabalho de Jadsa, Zé Manoel e Guilherme Held, artistas que vêm se destacando na cena independente, da eletrônica à MPB.


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Entre os muitos nomes que movimentam a cena independente, três deles se destacaram ao longo do ano passado, com novos trabalhos — e merecem entrar para sua playlist em 2021. Guilherme Held lançou Corpo nós, indicado a melhor disco de 2020 na premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em que também concorre como artista revelação. O trabalho solo chega depois de mais de uma década colaborando com uma longa lista de nomes da cena paulistana, que vai de Criolo a Tulipa Ruiz. Quem também foi indicada como revelação pela APCA é a cantora, compositora e guitarrista baiana Jadsa, que pesquisou texturas eletrônicas em seu segundo EP, Taxidermia Vol.1 (2020), feito em parceria com João Milet Meirelles (BaianaSystem). Já o pianista pernambucano Zé Manoel concorre na premiação com seu quarto trabalho solo, Do meu coração nu (2020), cantando sobre temas atuais, enquanto também toca com nomes como Maria Bethânia e Adriana Calcanhotto. Conversamos com esses três artistas para saber mais sobre suas inspirações, influências e o que vem por aí. Confira:

De perfil, o m\u00fasico Guilherme Held segura uma guitarra

Guilherme Held: “Sou fruto da música brasileira, venho do rock.”Foto: Divulgação/José de Holanda

Para compor seu disco de estreia, Corpo nós, o guitarrista Guilherme Held, 43 anos, revirou um baú de esboços de mais de uma década. “Sempre vou colocando ali todas as ideias que me veem, vou gravando, principalmente com o celular”, conta à ELLE. Guilherme costumava pesquisar ali material para colaborações com outros artistas, que vão de Milton Nascimento a Criolo, a maioria deles como guitarrista. “Mas nunca tinha parado para olhar esse baú para fazer meu primeiro disco. Já fazia um tempo que o Romulo (Fróes, cantor e compositor) me pilhava para gravar esse álbum”.

Depois dessa gestação, nasceu Corpo nós, disco que conta com participações de Criolo, Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, Thalma de Freitas, Curumin, Maria Gadú, Juçara Marçal, Rubel, Filipe Catto, entre uma lista de colaboradores — são seis bateristas diferentes no álbum, que tem direção musical de Fróes e uma longa ficha técnica. “É um disco que tem muito a ver com a minha caminhada em São Paulo, com a galera que eu convivo desde que cheguei, em 2001”, diz o músico, nascido no interior do estado. “Ao mesmo tempo, invertemos os papéis e agora eles que colaboram comigo.”

Guilherme elege como suas maiores influências os afro-sambas de Baden Powell e Vinícius de Moraes, Clube da Esquina, a Tropicália e o guitarrista Lanny Gordin, que também participa do disco e é um amigo próximo. “Sou fruto da música brasileira, venho do rock”, diz.

Em perfil, Z\u00e9 Manoel, envolve a cabe\u00e7a com os bra\u00e7os

Zé Manoel: “Esse disco tenta fazer um retrato do momento do Brasil”Foto: Divulgação

Zé Manoel estudou piano dos 9 aos 18 anos, em Petrolina (PE). “Tive uma formação de piano clássica. Já minha formação popular foi na noite, acompanhando vários artistas, tocando todo tipo de música. Tive essas duas vivências”, conta o músico pernambucano que nos dois últimos anos acompanhou como pianista Fafá de Belém, Adriana Calcanhotto, Maria Bethânia em gravações. Zé, 40 anos, chegou a cursar música na Universidade Federal de Pernambuco, mas não concluiu o curso. Foi tocar em um cruzeiro. Depois de anos como instrumentista, passou a investir em seu trabalho autoral, compondo e cantando, no início da década passada.

Após sua estreia solo em 2012, seu segundo álbum, Canção e silêncio (2015), contou com produção de Kassin, Carlos Eduardo Miranda e arranjos do maestro Letieres Leite. O terceiro, Delírio de um romance a céu aberto (2019), foi um convite do selo Joia moderna (do DJ Zé Pedro), em que cantoras como Ava Rocha, Fafá de Belém, Virgínia Rodrigues e Mariana Aydar interpretaram suas composições. No mais recente, Do meu coração nu (2020), ele conta com participação de Luedji Luna e Letieres, entre outros, e vai de um bolero pop (“Pra iluminar o rolê”) a referências ao candomblé (“Adupé obaluaê”) e à historiadora e ativista Beatriz Nascimento (“Escute Beatriz Nascimento”). “Esse disco tenta fazer um retrato do momento do Brasil e tem muitas coisas pessoais, assuntos que são atravessados por questões raciais, do que é ser uma pessoa preta, miscigenada, indígena, em um país como o nosso. Fala sobre tristeza e alegria”, conta.

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Jadsa: “Escrevi o disco pensando em Itamar Assumpção”Foto: Divulgação/Isabela Yu

Jadsa se preparava para o lançamento de seu primeiro disco, Olho de vidro, quando a pandemia bateu à porta, no ano passado. A cantora, compositora e guitarrista baiana de 25 anos decidiu então guardar o álbum, que não casava com o momento. “O Olho de vidro é o ao vivo, o suor”, conta. Jadsa resgatou então faixas que acabaram ficando de fora do disco, feito em parceria com João Milet Meirelles (produtor que também acompanha o BaianaSystem), e gravou outras à distância com colaboradores, em um processo totalmente virtual. Nasceu assim o EP Taxidermia Vol. 1, lançado em julho passado. “O disco é um estudo meu e do João da parte eletrônica. Pensamos muito em sonoplastia”, conta Jada, que começou sua carreira musical nos bastidores do teatro baiano, onde conheceu João, que também produziu seu primeiro EP, Godê (2015).

Olho de vidro será lançado neste semestre. “Ele é quase o oposto ao Taxidermia, é todo orgânico”, conta. O álbum tem participações de Kiko Dinucci, Ana Frango Elétrico e Josyara. “Escrevi o disco pensando em Itamar Assumpção, que é uma grande referência para mim.”

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