Documentário sobre Nan Goldin vence Leão de Ouro

Além do prêmio máximo para All the beauty and the bloodshed, Festival de Veneza contemplou Bones and all, de Luca Guadagnino, Colin Farrell e Cate Blanchett; evento foi palco paras as polêmicas em torno de Não se preocupe, querida.


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Pelo terceiro ano seguido, o Festival de Veneza deu seu prêmio máximo a uma mulher. Depois de Nomadland, de Chloe Zhao, em 2020, e de O acontecimento, de Audrey Diwan, no ano passado, foi a vez de Laura Poitras ganhar o Leão de Ouro com All the beauty and the bloodshed (Toda a beleza e o derramamento de sangue, em tradução livre).

O filme é um documentário sobre a vida, a obra e o ativismo da fotógrafa Nan Goldin, que lutou para punir a família Sackler, dona de uma empresa farmacêutica considerada a grande responsável pela epidemia de opioides (composto encontrado em analgésicos que age no sistema nervoso aliviando a dor, com efeitos semelhantes ao ópio), que já matou mais de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos desde 1999. Os Sackler doavam bastante dinheiro a museus, e Goldin, que quase morreu por causa dos opioides, ajudou a organizar protestos para que o nome da família fosse retirado de alas e placas de instituições de arte.

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Taylor Russell e Timothée Chalamet em “Bones and all”

O júri presidido pela atriz americana Julianne Moore também premiou Bones and all, de Luca Guadagnino, romance entre dois adolescentes canibais, vividos por Taylor Russell (troféu Marcello Mastroianni para jovem ator ou atriz) e Timothée Chalamet. O longa também levou o Leão de Prata de direção.

The banshees of Inisherin, de Martin McDonagh, foi escolhido o melhor roteiro e ganhou a Coppa Volpi de atuação masculina para Colin Farrell, no papel de um homem que não aceita o rompimento de uma amizade.

Cate Blanchett foi considerada a melhor atriz por Tár, de Todd Field, no qual interpreta uma fictícia maestrina da Filarmônica de Berlim. Blanchett é sempre excelente, mas este é um de seus melhores trabalhos.

Outro filme dirigido por uma mulher, a estreante Alice Diop, levou o Grande Prêmio do Júri, uma espécie de segundo lugar. Saint Omer trata do julgamento de uma mãe acusada de matar a filha.

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Cate Blanchett em “Tár”

No bears, de Jafar Panahi, cineasta iraniano que está preso pelo governo do país por questionar a prisão de outros diretores, ganhou o Prêmio Especial do Júri.

O Festival de Veneza foi a primeira tela de uma série de filmes que podem aparecer no Oscar do ano que vem. Além dos citados, The whale, longa de Darren Aronofsky com Brendan Fraser e Sadie Sink (Stranger things), também pode estar entre os indicados.

Mas o filme que gerou o maior número de comentários e memes foi Não se preocupe, querida, de Olivia Wilde. O thriller sobre uma mulher (Florence Pugh) que começa a desconfiar da sua vida aparentemente perfeita chegou ao evento metido em polêmicas. Não pelo filme, que vale mesmo pela excelente atriz.

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Florence Pugh em “Não se preocupe, querida”

E sim por questões fora da tela. Shia LaBeouf desmentiu a declaração da diretora de que teria sido demitido e soltou mensagens e um vídeo em que ela pedia para o ator reconsiderar um retorno à produção – ele disse ter saído pela falta de tempo de ensaio. Wilde também se referia à sua atriz principal em termos pouco elogiosos. Além disso, Pugh teria ganhado menos que o substituto de LaBeouf, o cantor Harry Styles, apesar de claramente interpretar a personagem principal. Styles começou no set um romance com a diretora, que era casada com Jason Sudeikis.

Pugh acabou não participando da coletiva de imprensa em Veneza, indo só ao tapete vermelho. Na sessão de gala, não teria trocado palavras com Wilde. E no episódio mais bizarro, Styles foi acusado de cuspir no seu companheiro de elenco Chris Pine, quando eles estavam sendo apresentados na exibição oficial. Ambos negaram, e vídeos mostram que não aconteceu.

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