Cyndi Lauper, Karen Carpenter e funkeiras entre os destaques do In-Edit Brasil

Festival de documentários de música reúne mais de 60 produções em São Paulo.


Cyndi Lauper
Cyndi Lauper por Annie Leibovitz



O 16º In-Edit Brasil, que acontece em São Paulo  a partir desta quarta-feira (12.06), traz mais de 60 documentários sobre cantores, compositores e bandas, como Paul Simon, Pete Doherty, Luiz Melodia, Simple Minds e a banda Black Rio, além de movimentos como o funk brasileiro. É a chance de entender melhor a trajetória musical e as dificuldades enfrentadas na busca pela excelência e na conquista da fama e do sucesso desses e de outros artistas.

Devo, de Chris Smith, sobre a banda de new wave estadunidense, abre o festival nesta quarta-feira (12.6), no CineSesc. E a programação está dividida em diversas mostras, destacando a produção brasileira e internacional e dando espaço até para filmes mais antigos, como Let’s get lost (1988), documentário sobre Chet Baker dirigido pelo fotógrafo Bruce Weber, que ganhou restauração 4K. 

A seguir, os principais destaques do In-Edit Brasil 2024:

Na terra de Marlboro, Funk favela e Terror Mandelão

Gênero musical, cultura, identidade. O funk brasileiro é tema de diversos documentários do festival, começando por Na terra de Marlboro, dirigido por Cavi Borges, com depoimentos e imagens de arquivo daquele que é considerado um dos pioneiros e principais divulgadores do funk carioca. Já a diretora Kênya Zanatta percorre a periferia de São Paulo em Funk favela, contando a história do funk na cidade e mostrando sua força como expressão cultural e resistência. É claro seu desejo de tirar a camada de preconceito que encobre o funk, derrubando mitos como sua suposta alienação política e pobreza musical. O documentário traz muitas entrevistas com MCs, produtores, dançarinos e pesquisadores, dando um bem-vindo destaque às mulheres da cena, como MC Tha, a fotógrafa Fernanda Souza e a dançarina Renata Prado. Terror Mandelão, de Felipe Larozza e GG Albuquerque, acompanha o DJ K, um dos mais famosos do Baile do Helipa, na favela de Heliópolis, e seu amigo MC Zero K. O In-Edit também terá o debate “Cinema e funk: Baile na tela”, com presença de Kênya Zanatta, Emílio Domingos e GG Albuquerque, na segunda-feira (17.6), às 19h, no CineSesc.

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This is a film about The Black Keys, de Jeff Dupre

Dan Auerbach era um popular jogador de futebol na escola. Patrick Carney era geek. Não eram amigos. Mas acabaram formando The Black Keys, em Akron, Ohio. Os dois sempre se consideraram outsiders, mas o sucesso comercial, que só veio no sexto álbum, Brothers (2010), colocou-os em uma rota de fama inesperada. O filme conta a trajetória da dupla, desde a primeira sessão improvisada em um porão até o estrelato, a crise e o retorno. Mas, principalmente, mostra a amizade de dois sujeitos com dificuldades de comunicar seus sentimentos.

Let the canary sing, de Alison Ellwood

Da mesma geração de Madonna e Michael Jackson, Cyndi Lauper teve dificuldades de manter uma carreira estável. “Ela foi cheia de altos e baixos”, admite ela no documentário, que mostra, porém, como a cantora e compositora de estilo próprio fez hits inesquecíveis, como “True colors” e “Time after time”. O filme conta sua história desde a infância difícil, com um padrasto abusivo, seu começo na música e as inúmeras tentativas de encaixá-la em um molde. Mas é evidente que seu principal tema é reafirmar seu talento, suas atitudes feministas, antirracistas e como aliada da comunidade LGBTQIA+ até hoje. Um de seus maiores sucessos, “Girls just want to have fun”, virou slogan de campanhas pelos direitos femininos nos Estados Unidos, como “Girls just want to have fun-damental human rights”, ou “garotas só querem direitos humanos fundamentais”. A cantora, que anunciou sua última turnê, vem ao Brasil para o Rock in Rio em setembro. O documentário também estreou neste mês no Paramount+.

Karen Carpenter: Starving for perfection, de Randy Martin

Como Cyndi Lauper, Karen Carpenter também nasceu na década de 1950, mas em uma família estruturada, de classe média. Mesmo assim, sofreu pressões enormes, dentro do núcleo familiar e fora dele. A cantora começou como baterista, algo incomum para mulheres na época. Mas logo o mundo descobriu sua voz única, especialmente na dupla que formou com o irmão, Richard. Como The Carpenters, eles gravaram músicas como “Close to you” e “Superstar”, baladas que pareciam antiquadas nos agitados anos 1960 e 1970, mas que faziam muito sucesso especialmente graças a Karen. Forçada a manter uma imagem de garota perfeita, ela acabou desenvolvendo uma anorexia nervosa –na época, uma doença pouco conhecida –, e morreu aos 32 anos. O filme mostra sua jornada e as dificuldades enfrentadas com a família, a fama e as imposições sofridas pelas mulheres. Mesmo depois de sua morte, a família quis controlá-la, proibindo um documentário feito por Todd Haynes (Segredos de um escândalo), que usou bonecas Barbie para contar a história de Karen.

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Joan Baez: I am a noise, de Karen O’Connor, Miri Navasky e Maeve O’Boyle

Se Karen Carpenter cantava sobre amor e dor, Joan Baez esteve na linha de frente dos protestos e da contracultura dos anos 1960 e 1970. No documentário, a cantora, hoje com 83 anos de idade, fala sobre sua vida e carreira, seu trabalho com Martin Luther King Jr., o romance com Bob Dylan e as dificuldades pessoais que manteve escondidas.  O filme conta com imagens caseiras, diários, áudios e até fitas de terapia, um material precioso descoberto recentemente. Baez será interpretada por Monica Barbaro em A complete unknown, filme inédito de James Mangold em que Timothée Chalamet viverá Dylan.

16º In-Edit Brasil: de 12 a 23 de junho. Confira a programação completa aqui.

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