Jennifer Garner fala à ELLE sobre sua visão otimista da vida

O que faria se seu marido desaparecesse de repente, fugindo depois de um escândalo financeiro na empresa em que trabalha, deixando a filha dele aos seus cuidados, mesmo que o relacionamento entre vocês duas não seja nada bom? É esse o ponto de partida A última coisa que ele me falou, baseada no best-seller de Laura Dave e protagonizada por Jennifer Garner, que também é uma das produtoras da atração. A minissérie, que estreia nesta sexta-feira (14.04), na Apple TV+, é mais uma produção de Reese Witherspoon e sua Hello Sunshine, que estão por trás de Daisy Jones & The Six, Big little lies e Little fires everywhere, entre outras.

Garner interpreta Hannah, que se casou há pouco com Owen (Nikolaj Coster-Waldau, de Game of thrones). Ele trabalha em uma empresa de tecnologia, ela é artista. O relacionamento dos dois é ótimo, a não ser pela resistência de Bailey (Angourie Rice, de Mare of Easttown) de aceitar Hannah na família. A adolescente, que perdeu a mãe quando era pequena, não faz o mínimo esforço para ter uma boa relação com a madrasta. Mas Owen desaparece quando a companhia em que ele trabalha é alvo de uma investigação. Hannah não só precisa cuidar de Bailey como está determinada a descobrir o que aconteceu realmente, pois ela confia plenamente no marido. A investigação das duas vai colocá-las em perigo, mas também aproximá-las.

A atriz de 50 anos, que estourou em 2001 como a espiã Sydney Bristow em Alias, pela qual concorreu quatro vezes ao Emmy, tem exercitado seu lado cômico em séries como Camping (2018) e na terceira temporada de Party down (2023) e em filmes como Dia do sim (2021), interpretando uma mãe que resolve aceitar todos os pedidos dos filhos. Ela mesma é mãe de três – Violet, 17, Seraphina, 14, e Samuel, 11, do casamento com Ben Affleck, de quem se divorciou em 2018. Em entrevista à ELLE, a atriz falou sobre a série, os adolescentes de hoje e de sororidade.

O que atraiu você nessa personagem e nessa história?
Adorei a evolução da Hannah, vê-la crescer e confiar em seus próprios instintos. Ela começa a série em uma relação muito conflituosa com sua enteada, que não está interessada em ter uma nova mãe. E a própria Hannah não tem instintos maternos. Só que suas vidas saem completamente dos trilhos. Amo observá-las, pouco a pouco, tornando-se mãe e filha, apenas por Hannah estar presente, respeitando essa jovem o suficiente para dizer a ela as verdades mais duras, lutando para protegê-la a cada passo do caminho. Achei lindo.

Nikolaj Coster-Waldau e Jennifer Garner em cena da série Divulgação

Hannah nunca foi mãe e não tem a mínima ideia de como agir com Bailey. Mas acho que muitas mulheres que são mães se identificam com isso, não?
Sim, com certeza. Nenhuma mãe simplesmente sabe ser uma só porque tem um bebê. É realmente confuso e difícil. E, nesse caso, você vê a criança ensinando o adulto e vive-versa. Percebe que pode ser mãe em qualquer idade para uma pessoa de qualquer idade. Ainda há mulheres que se tornam minhas mães, porque elas estão presentes, são honestas comigo e me protegem de todas as maneiras que puderem. Acho isso bonito.

Mesmo que a relação de Hannah e Bailey seja um pouco conflituosa, há muitas mulheres que se apoiam na trama da série. É algo que pouco a pouco está mais visível na televisão, certo?
Sim. E eu dou um grande crédito a Reese Witherspoon, que é nossa produtora executiva aqui e tem promovido histórias de mulheres, autoras, contadoras de histórias. Quanto mais mulheres estiverem no comando, mais você verá personagens femininas reais representadas na tela. A amizade feminina ou os relacionamentos femininos são tão vastos, mas muitas vezes são apenas esboçados, com personagens traçadas a lápis, muito levemente. Mas, quanto mais mulheres contarem as histórias, maiores serão as chances de que elas sejam totalmente coloridas, desenvolvidas.

A Reese (Whiterspoon) me incentivou por quase 20 anos a me tornar a contadora de minhas próprias histórias e a sair por aí fazendo o conteúdo que quero ver no mundo. Eu agradeço muito a ela.

Você também é produtora da série. Isso lhe dá mais poder para contar essas histórias, é algo que quer abraçar com mais força?
A Reese me incentivou por quase 20 anos a me tornar a contadora de minhas próprias histórias e a sair por aí fazendo o conteúdo que quero ver no mundo. Eu agradeço muito a ela. E sim, acho que quanto mais velha fico – sou atriz há quase 30 anos –, mais me vejo no centro da colaboração, em vez de apenas reagir ao que está acontecendo no centro.

Sente-se confortável nesse papel? E acha que as mulheres são feitas para fazer esse trabalho de produção?
Sim, as mulheres têm bom senso, um pragmatismo para fazer as coisas acontecerem, habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, que as tornam muito boas produtoras. Além disso, não têm ego.

Angourie Rice e Jennifer Garner, enteada e madrasta na série Divulgação

Voltando ao que você estava dizendo de se ver mais no centro da ação, no Dia Internacional da Mulher, você postou no Instagram um elogio às jovens atrizes com que trabalhou nos últimos anos, como Angourie Rice, Yara Shahidi e Jenna Ortega. Sente que é um papel que deseja e precisa assumir de elevar essas mulheres?
É um presente conhecer essa próxima geração de atrizes. Eles são tão inteligentes, emocionalmente capazes, competentes, estão vindo do lugar certo. São jovens bem formadas, informadas e brilhantes. Sinto que aprendo e me torno melhor com todas com quem trabalho. Tenho muita sorte. Foi só uma postagem sincera, sem nenhuma tentativa de nada. Com certeza, elas não precisam de mim para ajudá-las a crescer. Estou só muito orgulhosa de todas elas.

Tem esperança de que as coisas estejam melhorando para as próximas gerações, para as adolescentes e jovens que estão vindo aí em Hollywood, mas também no mundo?
Sim, é difícil conhecer adolescentes hoje e não ter esperança no mundo. Não há nada mais otimista do que uma garota ou garoto esperto. Há muitos deles por aí. E tenho orgulho de estar criando alguns eu mesma. Quando falo com meus filhos, com os amigos deles ou com os jovens com quem trabalhei, sinto-me bem. Há grandes problemas pela frente, e nossos filhos sabem disso. Eles têm muitas coisas para lidar em seu caminho, mas estão à altura da tarefa.

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