Leal transforma a emergência ambiental em música pop

Disco do cantor e compositor traz participações de Ney Matogrosso, Davi Kopenawa e Bia Ferreira.


O cantor e compositor Leal
Foto: Lorena Dini



De nome conciso de quatro letras, o cantor e compositor paulistano Leal lança seu primeiro álbum apresentando uma proposta rara na atual indústria musical brasileira. No disco também denominado simplesmente Leal, a linguagem pop surge povoada por referências caras ao imaginário de um artista que também é educador (com foco nas periferias paulistanas), ativista socioambiental e criador apaixonado pelas diversas culturas tradicionais do Brasil.

É possível ouvir em Leal ecos da cultura e da música da Amazônia, do bumba-meu-boi do Maranhão, dos fandangos paulistas do Vale do Ribeira, das lambadas paraenses e baianas, das sonoridades latino-americanas e caribenhas e assim por diante. A diversidade musical, cultural e humana é ressaltada pelos convidados especiais Ney Matogrosso (em “Karma”), Davi Kopenawa (“Lógica Maneira”) e Bia Ferreira (“Jardim a jardim”).

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Ney, que nasceu no Mato Grosso do Sul, representa o coração do Brasil, do Pantanal e de suas fronteiras com Paraguai e Bolívia. Davi, indígena Yanomami oriundo do coração florestal do Amazonas, declama em seu idioma materno numa música empenhada em protestar contra o desmatamento desenfreado no Brasil. A mineira Bia, por fim, traz o rap negro feminino para “Jardim a jardim”, faixa de sua autoria e nome também de um movimento integrado por Leal que associa músicos e ativistas numa rede de valorização de comunidades e culturas da Amazônia ao Vale do Ribeiro. “Água limpa e potável acessível a meus iguais”, pede Bia, na contramão do caos ambiental que o Brasil tem testemunhado quase sempre passivamente.

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