5 fatos sobre Lux, novo disco de Rosalía
Entre a religiosidade, o sagrado feminino e a música clássica, Lux alarga os limites do pop.
Entre quem só gostou, quem tem certeza de que estamos diante de um clássico do século 21 (a maioria da crítica especializada) e quem achou tudo muito estranho, não houve, em todo o universo da música pop, quem passasse batido por Lux, novo disco de Rosalía.
Lançado (quase) na íntegra nesta sexta-feira (07.11) nas plataformas de streaming, o álbum foi antecipado pelo single “Berghain”, no último dia 27.10, com participações de Björk e Yves Tumor e vocais em alemão, inglês e espanhol. No clipe, grandioso, com ares teatrais e dramáticos, ela surgiu andando de ônibus e passando roupa acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Londres. Já era um prenúncio de que a catalã, mais uma vez, optaria por apontar um caminho, sem se contentar em surfar no próprio hype.
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Foto: Noah Dillon

Se não podiam prever onde Rosalía estaria mirando, os fãs, certamente, sabiam ao menos que ela traria proposições para além do óbvio. Sempre foi assim.
Seu álbum de estreia, El mal querer (2018), foi seu trabalho de conclusão de curso na escola de música, estourou mundo afora, conectando a tradição do flamenco com a música pop. Já Motomami (2022), virou seu leme para a rua, para o reggaeton e para os sons caribenhos, consolidando a cantora como estrela mundial.
Agora, quem poderia imaginar que seria sobre a ópera e a música clássica que ela se debruçaria? Ao Popcast, podcast do The New York Times, a cantora contou que este é um desejo antigo, desde os tempos de conservatório. Reconheceu que sabe que está exigindo muito do próprio público – o álbum é cantado em 13 idiomas e com uma certa inspiração religiosa, “um desejo de ficar mais perto de Deus”, em suas palavras. “Quanto mais vivemos na era da dopamina, mais eu quero o oposto”, disse, sobre o desejo de que as pessoas consigam ouvir o álbum com atenção, sem mexer no celular ao mesmo tempo.
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Rosalía (no palco) na apresentação do disco, em Barcelona Foto: Divulgação
Conheça abaixo cinco fatos sobre Lux:
Do mundano ao espiritual em quatro atos
A cantora dividiu Lux em quatro movimentos, que norteiam a forma como o álbum se estruturou, agrupando as músicas de maneira a transformá-lo em uma jornada. Segundo ela, o primeiro é o mundano, em que se afasta da pureza. No segundo, está em paz com o mundo. No terceiro, se aproxima da Graça de Deus. No quarto, o ciclo se encerra, com o que seria um retorno. O álbum tem no total 18 faixas, mas, por enquanto, três serão disponibilizadas apenas nas versões físicas, como vinil. São elas “Focu ‘ranni”, “Jeanne” e “Novia robot”.
Finais de relacionamento e indireta para um ex
Nos três anos em que passou imersa no projeto, o que, segundo Rosalía, exigiu dela um processo totalmente diferente dos discos anteriores, muita coisa, obviamente, também aconteceu em sua vida pessoal. Em Lux, em contraposição a essa estética religiosa, a cantora traz à tona reflexões sobre dores de amor e até o que vem sendo interpretado como indiretas para seu ex-noivo, Rauw Alejandro, de quem se separou em 2023 em meio a rumores de infidelidade por parte dele. Em “La perla”, ela canta sobre o relacionamento com alguém que era um “monumento à desonestidade” e uma “red flag ambulante”, um “terrorista emocional”, entre outros “elogios”.
A partir do sagrado feminino, um disco para se aproximar de Deus
Rosalía define Lux como um álbum que mergulha no misticismo feminino e na espiritualidade. De família católica, na capa surge vestida com um traje que lembra tanto um hábito de freira como uma camisa de força. No processo de composição, contou, leu muitas hagiografias (biografias de santas que inspiram todas as faixas), como Rosália de Palermo, cuja história traz em “Focu ‘ranni”. A cantora passou mais de um ano compondo, escrevendo e reescrevendo. Lux caminha entre suas histórias íntimas e a grandiosidade dos feitos de mulheres com vocação religiosa ao longo da história, e a cruzada que Rosalía parece ter empreendido é a de envelopar tudo isso em música clássica e ainda assim se mostrar pop.
Orquestra Sinfônica de Londres, Björk e Carminho como convidadas
Sob regência de Daniel Bjarnason, a presença da Orquestra Sinfônica de Londres no disco, contou Rosalía, foi um dos fatores que a obrigaram a pensar o projeto de maneira totalmente diferente dos anteriores. Ela precisou entender como utilizaria o recurso e seus instrumentos nas canções, em que se aprofundou também no canto lírico. Carminho marca presença em Lux no fado “Memória”. Segundo a portuguesa, a ideia da colaboração nasceu quando ela convidou Rosalía para participar de seu disco, mas a catalã pediu para ficar com a música para o próprio álbum. Completam o time de participações, além de Björk e Yves Tumor, as espanholas Estrella Morente e Silvia Pérez Cruz e o grupo de música regional mexicana Yahritza y Su Esencia.
Mais de um ano estudando 13 idiomas
À primeira ouvida, antes de um mergulho mais profundo em suas muitas camadas, um dos aspectos de Lux que mais chama a atenção são os 13 idiomas que aparecem ao longo das músicas. Uma das razões para essa escolha, contou ela, reside na vontade de fazer um álbum menos sobre o “eu” e mais sobre o “outro” e como compreendê-lo. Ela passou um ano entre o Google Tradutor, professores e outros especialistas para aprender não só a pronúncia, mas as minúcias do significado das frases em latim, japonês, italiano, siciliano, árabe, português (de Portugal), ucraniano, francês, mandarim e hebraico, além do espanhol, o catalão e o inglês.
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