Louis Vuitton e Woody Allen dividem a estante de novidades de livros

Biografia do fundador da marca de luxo e reunião de textos do cineasta estão entre os bons lançamentos das editoras.


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Do humor ácido de Woody Allen à saga do fundador da Louis Vuitton, as editoras chegam à reta final de 2023 com boas opções de leitura nas prateleiras físicas e plataformas virtuais. O leque de opções abrange lançamentos em ficção e não-ficção para os mais diversos gostos e estilos, ou mesmo para quem já quer começar a pensar em um bom presente de fim de ano. Nesta nova safra, chama a atenção os livros dedicados a livrarias e livreiras. A seguir, selecionamos algumas novidades:

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Louis Vuitton – Uma saga, de Stéphanie Bonvicini (L&PM Editores, 360 páginas, R$ 79,90)

Mais do que uma biografia, o livro é um panorama do mercado de luxo mundial entre os séculos 19 e 21. Em uma narrativa leve e deliciosa, a jornalista francesa Stéphanie Bonvicini narra a trajetória de Louis Vuitton, o fundador da grife que leva seu nome.

Nascido em uma humilde família de moleiros em um pequeno vilarejo no interior da França, em 1821, Louis venceu na vida graças à sua obstinação. Sem saber ler e escrever até a adolescência, embrenhou-se em uma viagem a pé da cidade natal até Paris que durou dois anos. No caminho para a capital francesa, arrumava empregos temporários e observava o sofrimento dos viajantes com suas bagagens por estradas esburacadas. Naquela época, as ferrovias, mesmo na Europa, ainda davam os primeiros passos.

Na Cidade Luz, o jovem Vuitton inicia a saga que começou como simples empregado em uma loja que embalava artigos para viagem. Numa época em que os deslocamentos se tornaram mais comuns, mas ainda eram penosos e demorados, seja por terra ou pelo mar, a proteção eficiente das bagagens dos viajantes era essencial. Constatando isso, o jovem Louis, que tinha muito talento com madeira, começa a construção de um império que se tornaria referência mundial em malas e bolsas exclusivas.

A história da LV é permeada com a relação entre os detentores da marca – Louis e seus descendentes – e episódios históricos, como o crescimento de Paris e a ocupação da França durante a Segunda Guerra Mundial.

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Gravidade zero, de Woody Allen (Editora Nova Fronteira, 208 páginas, R$ 59,90)

O cineasta mundialmente conhecido por sucessos como Noivo neurótico, noiva nervosa (1977) e Meia-noite em Paris (2011) leva para as páginas de Gravidade zero o estilo inconfundível que mistura o humor ácido com o cinismo hilariante. Não é fácil ser engraçado, ainda mais em plataformas tão distintas como o cinema e a literatura, mas Allen consegue a ponto de fazer o mais cético dos leitores sorrir já nas dedicatórias. Ali, ele se derrete pelas duas filhas, Manzie e Bechet, que “cresceram diante dos nossos olhos e usaram os nossos cartões de crédito por trás das nossas costas.”

Neste novo livro, o quinto de Allen com histórias de humor, foram reunidos 19 textos, oito deles escritos pelo cineasta para a revista estadunidense The New Yorker, entre 2008 e 2013, e os demais exclusivamente para a coletânea. Em praticamente todos eles, como no emocionante “Crescer em Manhattan”, são identificados os ingredientes mais utilizados por Allen em suas histórias e roteiros: humor afiado, tramas amorosas complicadas e uma doce melancolia existencial que envolve os personagens. O cenário das histórias, quase sempre, é a cidade de Nova York, onde o autor vive com a família há mais de duas décadas e que oferece inspiração por meio de suas ruas e personagens.

Woody pode ser alvo de uma vida patrulhada e bastante conturbada no campo pessoal e profissional, mas ainda desperta admiração em muita gente.

 

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O livro branco – Han Kang (Todavia, 160 páginas, R$ 64,90)

A obra trata sobre o luto e a maneira como as pessoas lidam com ele. Para isso, a premiada escritora, conhecida pelo sucesso de A Vegetariana e um dos grandes nomes atuais da literatura sul-coreana, mergulha na própria história, que foi a perda de uma irmã que não chegou a conhecer. 

Durante viagem em uma cidade europeia coberta pela densa neve do inverno, a narradora é tomada pela lembrança de sua irmã, que morreu recém-nascida nos braços da mãe. A protagonista luta com essa tragédia que definiu a vida da família, um evento que reaparece na mente da personagem por meio de imagens tomadas pela cor branca – o leite materno e da fralda ou o sal e da neve – que evoca o luto em algumas culturas orientais.

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A livreira de Paris, de Kerri Maher (Editora Intrínseca, 368 páginas, R$ 69,90)

Em 1919, a jovem estadunidense Sylvia Beach resolveu dedicar-se à paixão pelos livros em uma cidade apaixonante. Assim nasceu a Shakespeare and Company, em Paris. Em uma mistura de romance e biografia, em A livreira de Paris a estadunidense Kerri Maher conta a história da icônica livraria parisiense frequentada por escritores do naipe de Ernest Hemingway e James Joyce. 

Dona de uma personalidade cativante, Sylvia rapidamente transforma o seu pequeno negócio em um dos pontos de encontro da intelectualidade parisiense na primeira metade do século 20. Em 1922, ela bancou a publicação de Ulysses, de Joyce, após a obra ter sido censurada nos Estados Unidos. 

Com um talento para a contabilidade inversamente proporcional à sua grandeza cultural e intelectual, a Shakespeare and Company enfrentou diversos perrengues financeiros e acabou fechada durante a Segunda Guerra Mundial, após Beach se recusar a vender um livro a um oficial do exército alemão, durante a ocupação de Paris pelos nazistas.

Na mesma linha de A Livreira de Paris vale conferir o bem-sucedido Bem-Vindos à livraria Hyunam-Dong, de Hwang Bo-Reum (Editora Intrínseca), best-seller sul-coreano que também explora o universo das livreiras e livrarias. 

LEIA TAMBÉM: 

O encontro marcado (Editora Record), de Fernando Sabino, em edição comemorativa ao centenário de nascimento do escritor mineiro, com carta de Clarice Lispector sobre o livro; Nós, a gente (Martins Fontes), coletânea de letras de canções como parte da celebração dos 80 anos do cantor e compositor Gilberto Gil. Também vale a pena conferir Escravidão (Globo Livros), a premiada trilogia escrita por Laurentino Gomes em versão juvenil, ótima, ilustrada e acessível.

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