História do skate é tema de exposição em Londres

"Skateboard", no Design Museum, traz a evolução dos shapes e do lifestyle, bem antes do esporte virar queridinho da moda de luxo.


Laura Thornhill, uma das pioneiras do skate, é fotografada durante uma manobra em um bowl, em 1977
Laura Thornhill, uma das pioneiras do skate, em 1977 Foto: Design Museum



Em suas mais de sete décadas, a cultura do skate nunca fez uma manobra tão perfeita nas rampas mais altas de que se tem notícia na moda, como nos últimos anos. Bem antes de ser fetichizado pelas marcas de luxo em inúmeras coleções – para citar algumas das mais recentes, as do Resort 2023/24 da Chanel e da Gucci –, o skate teve uma longa e muitas vezes marginalizada trajetória iniciada na Califórnia dos anos 1950.

Recém-aberta no Design Museum, em Londres, a exposição Skateboard traz detalhes e coloca em contexto essa história tanto para fashionistas admiradores do look skatista como para os praticantes raiz que, mais do que um esporte, consideram a modalidade um estilo de vida.

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Os shapes em exposição no Design Museum (Londres) Foto: © Felix Speller

Patrocinada pela Converse, a mostra reúne 100 shapes (ou pranchas) de skate de diferentes épocas e mais de 150 objetos, entre peças que detalham a evolução técnica do skate, como rodas e trucks (os eixos dos skates), e outras que revelam o processo de aceitação social do movimento, caso de fitas VHS, DVDs, revistas e fotos.

Uma das culturas esportivas urbanas mais influentes na moda atualmente, o skate teve seus altos e baixos em diversas ocasiões até que, nos Jogos de Tóquio, realizadas em 2021, virou modalidade olímpica. Especialistas de análise de tendência atribuem o recente hype do skate na moda a essa oficialização do esporte (rejeitada por parte da comunidade que diz não praticar um esporte, mas uma cultura, um lifestyle), aliada ao desejo de vivenciar mais as ruas alimentado durante o confinamento da pandemia. Faz sentido, embora a icônica parceria da Supreme (marca nova-iorquina de skatewear) com a Louis Vuitton tenha acontecido antes, em 2017. Um ano depois, Virgil Abloh, que também era skatista, assume a linha masculina da Louis Vuitton, incluindo a cada coleção influências da cultura do skate.

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Fotos históricas no Design Museum (Londres) Foto: © Felix Speller

Surf no asfalto
Dividida de maneira cronológica, a exposição começa com as primeiras versões do skate da década de 1950: rodas e eixos de patins pregados em caixotes de madeira. A origem do skate é tema de debate até hoje, mas é consenso que sua criação se deu nos Estados Unidos, e a versão mais aceita é a de que seu berço é a Califórnia, onde surfistas teriam improvisado essas pranchas com rodas para praticar seus movimentos no concreto quando não havia ondas, história contada no documentário Dogtown & Z-Boys (2001). Nos primeiros anos, quem quisesse ter um skate precisava construí-lo. O primeiro produzido e comercializado em série foi o da marca Roller Derby, vendido a partir de 1959. 

Após um frisson inicial, o skate começou ser mal visto na sociedade. Nos anos 1960, chegou a ser proibido em várias cidades dos Estados Unidos. Outros países como a Noruega fizeram o mesmo. Esporte da juventude, começou a ter fama de “perigoso” e associado a um estilo de vida inconsequente.

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A minirrampa instalada dentro do Design Museum Foto: Felix Speller/Design Museum

Mulheres no skate
Na exposição há duas menções de destaque às mulheres skatistas. Uma delas é dedicada a Laura Thornhill (na foto em destaque), estadunidense pioneira no esporte e primeira a ter um modelo de skate profissional assinado com seu nome, nos anos 1970. O shape está em exibição na mostra. A segunda é representante da mais nova geração de mulheres no skate profissional: a britânica de origem japonesa Sky Brown, que, aos 13 anos, ganhou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Seu primeiro modelo de skate profissional, o deck Sky Brown x Skateistan Almost, também pode ser visto na exposição. 

Curador da exposição, o designer industrial, autor e ex-skatista estadunidense Jonathan Olivares projetou uma minirrampa de skate montada dentro do museu. Inspirada nas pistas da Califórnia, ela tem cerca de 11,5 metros de altura por 26 metros de extensão e pode ser usada pelos visitantes da exposição por meio de agendamento no site do museu

Skateboard: até 2/6/2024, no Design Museum, Londres

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