“O ato criativo”: conselhos de Rick Rubin em forma de livro

Produtor musical convertido em guru, Rubin emplaca mais um hit.


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Foto: Joshua Blanchard/Getty Images



“Viver como artista é um modo de estar no mundo.” A frase de Rick Rubin resume bem o recado que o produtor musical, convertido em escritor, dá aos leitores em O ato criativo: uma forma de ser (Editora Sextante), livro que alcançou o primeiro lugar de vendas na lista do The New York Times no início do ano e se espalhou por rodas de conversa no mundo todo, em uma espécie de Santo Graal dos criativos. E o hype não é à toa.

Célebre por trabalhar e alavancar os maiores nomes da música, de Jay-Z a Tom Petty, de Red Hot Chili Peppers a Johnny Cash, de Imagine Dragons a Lana Del Rey, de Kanye West a Black Sabbath, Rubin tem nove Grammys em casa, uma fortuna pessoal avaliada em 400 milhões de dólares e fama de conseguir tirar o melhor das pessoas.

O ato criativo
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O produtor é uma espécie de guru da criatividade, com direito ao clichê da barba longa da sabedoria e discursos que beiram o budismo – sim, o livro é um misto de reflexões pessoais e autoajuda. Pode soar bobo em alguns trechos, mas tem o mérito de desconstruir a figura inalcançável, “eleita”, do artista.

Em 285 páginas, Rubin defende que a criatividade não é exclusiva de dotados de superpoderes ou algo do gênero. Mas, sim, um aspecto fundamental do ser humano. Algo que todo mundo tem e pode usufruir, se prestar a atenção. E se for um tantinho místico: “O talento é a capacidade de deixar as ideias se manifestarem através de você”.

“Quando Paul McCartney ouviu Pet Sounds, o disco resultante dos Beach Boys, ficou deslumbrado e caiu em prantos (…). Impulsionados pela experiência, os Beatles escutaram o Pet Sounds várias e várias vezes enquanto criavam outra obra-prima, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Sem Pet Sounds, Sgt. Pepper nunca teria acontecido.”

Embora cite um Proust aqui, um Kafka acolá, ele elenca reflexões que servem como um convite para que cada um, independente da área de atuação, entre em contato consigo, com o mundo, com o fluxo de ideias. Mais: que se engaje nesse processo, pratique-o. Daí a fazer sucesso à la Californication, álbum de sucesso do Red Hot, é outra história.

O ato criativo: uma forma de ser

Dividido em capítulos curtos, que vão da insegurança à colaboração, da paciência à experimentação, O ato criativo é bem útil para aqueles que querem tirar ideias do papel (ou da cabeça), embora não dê fórmulas prontas para emplacar hits.

Em “Hábitos”, como o nome entrega, Rubin destaca a importância do treino e lista atitudes contra-produtivas à criatividade. Em “O hábito da arte”, põe o pé no chão e lembra que “a arte é uma carreira instável para a maioria das pessoas”, aconselhando o leitor a ter um emprego que pague as contas, até a carreira artística deslanchar.

Ao longo das páginas, também destaca a importância de saber por ponto final em projetos, trabalhar em cooperação, esquecer a competição e saber se deslumbrar, seja com a natureza, seja com outros artistas.

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