Com Joaquin Phoenix e Lady Gaga, ‘Coringa: Delírio a dois’ é um musical melancólico
Ator brilha em números musicais e em dueto com a cantora, coadjuvante nesta continuação do filme de 2019.
Joaquin Phoenix, Lady Gaga e o diretor Todd Phillips participaram nesta quarta-feira (4.9) da estreia mundial de Coringa: Delírio a dois, em sessão de gala dentro da competição do 81º Festival de Veneza. A ilha do Lido, onde acontece o evento, foi tomada por fãs da cantora e atriz.
Cinco anos atrás, Coringa levou o Leão de Ouro de melhor filme, provando que produções baseadas em quadrinhos podiam, sim, vencer o prêmio máximo em um dos maiores festivais de cinema do mundo e render críticas favoráveis.
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A obra só conseguiu esse prestígio todo – além de uma bilheteria de mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões) – por sua ousadia de ser um pouco diferente no cenário de produções baseadas nos quadrinhos da DC e da Marvel. Aquele longa-metragem era um drama sombrio, com ares das obras estadunidenses dos anos 1970 dirigidas por Martin Scorsese, por exemplo. Coringa: Delírio a dois vai ainda mais longe na audácia. O filme é um musical melancólico.
“Joaquin e eu conversamos muito na filmagem do primeiro (longa) sobre Arthur ser alguém que tem música dentro dele”, disse o diretor na coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira. “Havia momentos em que ele simplesmente dançava. Sua maneira de expressar seus sentimentos era essa. Pareceu lógico continuar com essa ideia de Arthur e música. Quando o roteiro começou a tomar forma com elementos musicais, pensamos em Lady Gaga, uma atriz que traz a música com ela.”
Joaquin Phoenix como Arthur Fleck e Lady Gaga como Lee Quinzel Foto: Divulgação
Desta vez, Arthur Fleck (Phoenix) está aguardando julgamento depois de matar diversas pessoas no filme anterior. Na prisão, ele conhece Lee Quinzel (Lady Gaga), que está no hospital psiquiátrico e canta no coral. É amor à primeira vista.
A maior parte das faixas de Coringa: Delírio a dois são os chamados “standards” estadunidenses, canções conhecidas, muitas vezes criadas para musicais, como “That’s entertainment”, de A roda da fortuna (1953), com Judy Garland, “Bewitched, bothered, and bewildered” e “When you’re smiling”, que ficaram famosas nas vozes de Ella Fitzgerald e Frank Sinatra.
Os números são como se Arthur e Lee estivessem em um clube de jazz intimista. O filme reitera diversas vezes que, como é o caso da maioria dos musicais, aquelas canções acontecem na cabeça dos personagens ou apenas refletem um sentimento interno deles – não quer dizer que eles realmente saem cantando e dançando por aí.
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Joaquin Phoenix, que brilha no longa Foto: Divulgação
“Nossa abordagem musical foi especial e cheia de nuances”, disse Lady Gaga na coletiva. “Não diria que é um musical. É muito diferente. A música é usada para os personagens expressarem o que sentem, porque as palavras não são suficientes. Fizemos muitas músicas ao vivo. Tive de desaprender a técnica e esquecer como respirar, permitindo que a música viesse da personagem.”
“Fizemos muitas músicas ao vivo. Tive de desaprender a técnica e esquecer como respirar, permitindo que a música viesse da personagem.” Lady Gaga
Joaquin explicou que os dois precisaram encontrar uma maneira específica de cantar. “No início, eu tinha como referências Frank Sinatra e Sammy Davis Jr. Mas esse não é o Arthur. Eles são quem o Coringa gostaria de ser. Então pegamos esses standards e fizemos do nosso jeito.”
Lady Gaga é uma cantora potente e tem uma atuação competente aqui, mas a verdade é que seu papel é relativamente pequeno. Ela é uma mulher cheia de segredos que empurra Arthur para o precipício e vai se transformando em Arlequina no filme.
Lady Gaga como XXX, que vai se transformando em Arlequina no filme Foto: Divulgação
Quem brilha mesmo é Joaquin, com uma performance ainda mais poderosa do que do primeiro – sua atuação durante os números musicais é cheia de sentimento, fúria, abandono, desejo de ser amado.De certa forma, ele é. Violento e desequilibrado, Coringa virou herói para muitos em uma sociedade midiática, em que tudo é entretenimento, até o julgamento de um assassino.
Realidade e delírio se misturam de tal forma que às vezes a dúvida sobre o que é verdade ou não permanece. O filme mergulha na cabeça de Arthur, mas ela é como um reflexo do mundo em que vivemos, em que o real e a ficção, a verdade e a mentira são indistinguíveis.
Lady Gaga no red carpet do Festival de Veneza Foto: Daniele Venturelli/WireImage
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