O que esperar do Oscar 2024

A cerimônia, que acontece neste domingo (10.3), promete Ryan Gosling cantando e veteranos entregando prêmios para novatos.


Destaques do Oscar 2024



Chegou o momento mais incontornável do ano para cinéfilos: a cerimônia do Oscar 2024 acontece neste domingo (10.3) no Dolby Theatre, em Los Angeles, com transmissão a partir das 20h no canal TNT e na plataforma Max (antiga HBO Max). Quem quiser assistir ao tapete vermelho pode ligar às 19h em ambos.

O apresentador de talk show Jimmy Kimmel apresenta a festa, que tem Oppenheimer, indicado em 13 categorias, como o favorito para ganhar uma boa parte das estatuetas da noite, incluindo filme, direção para Christopher Nolan, ator para Cillian Murphy e ator coadjuvante para Robert Downey Jr. 

Premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o Oscar tem mais de 10.500 membros, incluindo brasileiros como os cineastas Fernando Meirelles, Anna Muylaert, Walter Salles e Kleber Mendonça Filho e os atores Wagner Moura, Rodrigo Santoro e Alice Braga e Fernanda Montenegro. Nos últimos anos, a Academia, majoritariamente formada por estadunidenses, homens, brancos, heterossexuais e de meia-idade, tem feito um esforço para ser mais diversa, convidando profissionais do cinema do mundo todo, pessoas negras, latinas, LGBTQIA+.

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O reflexo pode ser percebido nas indicações deste ano. Pela primeira vez, três longas-metragens dirigidos por mulheres estão entre os dez concorrentes à estatueta de melhor filme – Anatomia de uma queda, de Justine Triet, Barbie, de Greta Gerwig, e Vidas passadas, de Celine Song. 

Entre os dez candidatos a melhor longa de 2023, há três produções estrangeiras e/ou em outras línguas: a inglesa Zona de interesse, de Jonathan Glazer, falada em alemão; a francesa Anatomia de uma queda, que mistura inglês, francês e um pouco de alemão; e a estadunidense Vidas passadas, com muitos diálogos em coreano. 

O estúdio com maior número de indicações na categoria melhor filme é a A24, com duas: Vidas passadas e Zona de interesse. É muito difícil, mas se um dos dois ganhar, vai ser a segunda vitória consecutiva do estúdio, depois de Tudo em todo lugar ao mesmo tempo em 2023. 

A seguir, saiba o que esperar da festa, que promete alguns momentos históricos.

Oppenheimer pode bater recorde no Oscar 2024

Vai ser difícil, mas, com suas 13 indicações, a produção em teoria tem chance de igualar ou bater o recorde de vitórias de Ben-Hur (1959), Titanic (1997) e O senhor dos anéis: O retorno do rei (2003), todos com 11 estatuetas. O problema é que o longa de Christopher Nolan tem concorrentes importantes, como Pobres criaturas, candidato em 11 categorias, Barbie e até Ficção americana, que podem abocanhar alguns dos troféus em categorias em que Oppenheimer está indicado.

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Ryan Gosling cantando

O ator hesitou, mas no fim vai apresentar “I’m just Ken”, concorrente a melhor canção por Barbie, no palco do Dolby Theatre, ao lado do produtor Mark Ronson. A favorita na categoria, porém, é “What was I made for?”, também de Barbie, de Billie Eilish. Ela e o irmão Finneas se apresentam e devem se tornar os mais jovens ganhadores de dois Oscars de canção original, aos 22 e 26 anos, respectivamente. Eles ganharam por “No time to die”, de 007 – Sem tempo para morrer, em 2022. Ainda fazem performances Jon Batiste, com “It never went away”, do documentário American symphony, Becky G, com “The fire inside”, de Flamin’ hot: O sabor que mudou a história, e Scott George e os Osage Singers, cantores do povo indígena retratado em Assassinos da lua das flores, com “Wahzhazhe (A song for my people)”.

Lily Gladstone pode fazer história

Por falar em Assassinos da lua das flores, Lily Gladstone, indicada ao Oscar de melhor atriz, pode tornar-se a primeira indígena estadunidense a ganhar uma estatueta. Integrante da Nação Blackfeet, ela está na disputa mais acirrada de uma noite que promete poucas surpresas. Sua maior rival é Emma Stone, concorrendo forte por Pobres criaturas. Seria seu segundo Oscar depois de La la land – Cantando estações (2016). Mas a rivalidade das duas fica só na disputa mesmo. Elas se tornaram grandes amigas durante a campanha e dizem que são as irmãs Stone. Lily já fez história com a nomeação. Também é uma das indicadas pela primeira vez com grandes chances de ganhar, ao lado de Da’Vine Joy Randolph, favoritíssima ao prêmio de atriz coadjuvante por Os rejeitados, e Cillian Murphy, que pode se tornar o primeiro irlandês nascido na Irlanda a vencer o Oscar de ator, já que Daniel Day-Lewis, que tem dupla cidadania, nasceu na Inglaterra.

Veteranos entregam os prêmios para novatos 

Normalmente, na premiação das quatro categorias de atores, os vencedores do ano anterior entregam as estatuetas aos ganhadores da vez. Em 2024, seria assim: Brendan Fraser dá o Oscar de melhor atriz, Michelle Yeoh, de ator, Ke Huy Quan, de atriz coadjuvante, e Jamie Lee Curtis, de ator coadjuvante. Mas os fãs de Oscar pediram, e a produção atendeu, trazendo de volta um formato usado em 2009 que foi responsável por momentos muito emocionantes. Desta vez, serão cinco os vencedores anteriores a entregar o troféu ao ganhador de 2024. Ainda não dá para saber exatamente quem sobe ao palco para entregar qual prêmio, mas entre os apresentadores anunciados estão Al Pacino, Nicolas Cage, Jessica Lange, Mahershala Ali, Rita Moreno, Lupita Nyong’o, Jennifer Lawrence e Charlize Theron.

Um filme inglês pode ganhar o Oscar de produção internacional

Zona de interesse é o favorito para levar a estatueta da categoria. Mas como uma produção inglesa, dirigida por um inglês (Jonathan Glazer), vai ganhar essa estatueta, antes conhecida como Oscar de filme estrangeiro? Pois é, pelas regras da Academia, é a língua que conta, e o longa é totalmente falado em alemão. Se realmente vencer, Zona de interesse, que está indicado em outras quatro categorias (filme, direção, som e roteiro adaptado), será a primeira obra inglesa a ganhar este Oscar. Curiosamente, Anatomia de uma queda, de Justine Triet, Palma de Ouro em Cannes, poderia ser o favorito nesta categoria, caso tivesse sido o indicado da França – no Oscar de filme internacional, cada país escolhe o seu representante. A França, talvez por motivos políticos, talvez porque Anatomia de uma queda é em grande parte falado em inglês, escolheu como seu candidato O sabor da vida, de Tran Anh Hung, vencedor do prêmio de direção em Cannes. No fim, O sabor da vida ficou fora da lista de indicados, e Anatomia de uma queda concorre em cinco categorias: filme, direção, roteiro original, atriz (Sandra Hüller) e montagem. Triet é a única mulher indicada a direção, e a nona na história. Se ela ganhar o Oscar de direção ou de roteiro original, será a primeira francesa a vencer nessas categorias.

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