O recorde de Tarsila do Amaral

"A Capirinha", obra de 1923, é leiloada por R$ 57,5 milhões e faz da artista a pintora brasileira mais valorizada do mundo.


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Tarsila do Amaral (1886-1973) termina 2020 como a pintora brasileira mais valorizada do mundo. Nesta quinta-feira (17), “A Caipirinha” (1923) foi arrematada por R$ 57,5 milhões – maior valor já pago por uma obra em venda pública no Brasil -, em leilão da Bolsa de Arte. O recorde anterior era de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) e sua tela “Vaso de Flores”, adquirida por R$ 5,7 milhões, em 2015. Dois anos antes, “Superfície Modulada nº 4”, de Lygia Clark, alcançou R$ 5,3 milhões.

O leilão de “A Caipirinha” é consequência de uma disputa judicial: um antigo detentor da tela é investigado pela Lava Jato e cobrado por uma dívida com mais de dez bancos. A venda da obra era uma forma de sanar o débito com os credores. Enquanto o caso segue na Justiça, o valor obtido com o leilão segue bloqueado em uma conta.

Detalhe de "A Caipirinha"

Foto: Divulgação/Ding Musa

Referência do modernismo brasileiro, Tarsila foi tema de retrospectiva do MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York), Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil, em 2018. Um ano depois, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) apresentou Tarsila Popular, que bateu recorde de público, com 403 mil visitantes. Na moda, a artista foi inspiração para a Osklen em 2017: suas pinturas estamparam de vestidos a camisetas, uma coleção feita parceria com a família da artista e um desdobramento da exposição no MoMa.

“A Caipirinha” marca a busca de Tarsila por uma arte nacional. “Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo, brincando com bonecas de mato, como no último quadro que estou pintando”, escreveu em 1923. A obra está em exposição ao público até esta sexta (18) na Bolsa de Arte (Rua Rio Preto, 63, São Paulo).

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