“The crown” retorna melhor na primeira parte de sua última temporada

Os quatro ótimos episódios, retratando o relacionamento de Diana com Dodi Fayed e o acidente que vitimou os dois, chegam à Netflix.


Elizabeth Debicki como princesa Diana em The Crown
Elizabeth Debicki (Princesa Diana) na última temporada de "The Crown" Foto: Daniel Escale/Netflix



Desde que The crown começou, lá em 2016, todo o mundo sabia que a série da Netflix caminhava para um evento crucial: a morte da Princesa Diana, em 31 de agosto de 1997. Os quatro primeiros episódios da sexta e última temporada, que entram no ar nesta quinta-feira (16.11), tratam exatamente do início de seu relacionamento com Dodi Fayed, do acidente que vitimou os dois e o motorista. Abordam também como o Palácio de Buckingham lidou com a partida precoce da princesa, depois do divórcio escandaloso do então Príncipe Charles (atenção aos spoilers a partir daqui!).

Nos dois primeiros episódios, a série dá espaço para Diana (Elizabeth Debicki) ser leve, depois de todo o drama do divórcio na temporada anterior. Nas primeiras cenas, ela dirige um carro conversível ao lado de William (interpretado por Rufus Kampa nesta primeira fase), joga futebol com o filho e a família do primeiro-ministro Tony Blair (Bertie Carvel) e viaja com primogênito e Harry (Fflyn Edwards) para a casa na Riviera Francesa de Mohamed Al Fayed (Salim Daw), dono do hotel Ritz em Paris e da loja de departamentos de luxo Harrods em Londres. Lá, ela vai conhecer Dodi (Khalid Abdalla), filho do milionário. Debicki brilha mais uma vez. A atriz consegue ser muito parecida com a princesa, sem deixar que a interpretação seja mera imitação. Sua Diana tem vida interior. 

Charles (Dominic West) e Diana estão em um momento mais tranquilo, depois do duelo de escândalos na temporada anterior. Os dois inclusive protagonizam uma cena bem terna, em que combinam ser melhores como pais do que como par, demonstrando a intimidade de ex-casados. Dado o que sabemos que vai acontecer, é um momento agridoce, assim como a despedida de Diana, William e Harry, antes de eles irem passar férias com o pai na Escócia. Aqueles abraços ali serão os últimos de mãe e filhos. 

De novo haverá uma guerra de narrativas. Charles, afinal, precisa conquistar seus súditos e fazê-los aceitarem sua amada, Camilla Parker Bowles (Olivia Williams). E Diana é notícia sempre. Essa batalha é exemplificada pela atuação dos fotógrafos, destacada brilhantemente no segundo episódio. No caso de Diana, os paparazzi a perseguem no sul da França e depois em Paris, contribuindo para o acidente. Já Charles é convencido a posar para uma série de fotos ao lado de William e Harry, feitas por um retratista de confiança da família real.

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Elizabeth Debicki (Princesa Diana) e Khalid Abdalla (Dodi Fayed) Foto: Keith Bernstein/Netflix

Dever, obrigação, família
The crown sempre foi uma série sobre dever, obrigação, herança, família. Elizabeth 2ª virou rainha jovem. Poucos anos antes, nem estava na linha direta de sucessão. Assumiu o trono como um dever. O jeito duro se reflete em diversos momentos de seu reinado e na criação dos filhos.

Charles, mesmo cinquentão, está sempre buscando a aprovação ou um gesto de carinho dos pais. Curiosamente, Dodi Fayed também tem problemas com o pai, que não é frio, mas pressiona o primogênito a engatar um romance com a princesa Diana. Ele está de olho no status social, principalmente porque é um imigrante egípcio que, independentemente do quanto dinheiro tenha, não consegue a cidadania britânica. Ou seja, não é aceito pelo Ocidente. 

Dodi, como Charles, só quer agradar ao pai. Essa pressão, somada à necessidade de Diana de ser amada e de certo drama dela, faz com que os dois se metam em uma espiral maluca, culminando no acidente, que aconteceu cerca de um mês depois de se conhecerem. A morte dos dois é tratada com respeito e cuidado, contrapondo a reação de Al Fayed e da família real. Enquanto Al Fayed se desespera com a perda de seu herdeiro, a rainha Elizabeth e o príncipe Philip (Jonathan Pryce) querem seguir os protocolos. É Charles que se emociona, que percebe o clima de consternação em Paris, Londres e no resto do mundo e decide que Diana merece um cortejo público, como se ainda fizesse parte da família real. 

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Dominic West (Príncipe Charles) e Olivia Williams (Camilla Parker Bowles) Foto: Keith Bernstein/Netflix

Um outro Charles em The crown
É curioso como The crown conseguiu desfazer a imagem fria do agora rei Charles 3º. Tanto com Josh O’Connor (que interpretou o personagem na terceira e quarta temporada) como com Dominic West, temos um Charles humano e principalmente cheio de sentimentos, algo que ele nunca pôde ou quis demonstrar em público. É especialmente surpreendente ver sua reação à morte da ex-mulher. Diana, afinal, era o carisma em pessoa. É fácil gostar dela. Mas a série consegue transformar um príncipe considerado antipático, tanto por causa do divórcio quanto por Camilla e pelos depoimentos dos filhos no futuro, em alguém que emociona e até tem charme. O rei deveria ficar feliz com o criador de The crown, Peter Morgan. Centrando em Diana e carregando Charles de humanidade, The crown volta melhor nessa sexta temporada em relação à anterior, pelo menos nesses primeiros capítulos.

Os últimos episódios
Mesmo que Diana tenha virado o centro das atenções nas últimas temporadas da série – como foi na realidade –, The crown é sobre a coroa, afinal. Os seis episódios finais entram no ar em 14 de dezembro, mostrando como o Príncipe William (interpretado na segunda parte da última temporada por Ed McVey) lida com a morte da mãe e conhece Kate Middleton (Meg Bellamy) e como a família acaba aceitando Camilla Parker Bowles.

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