Willow revive o pop-punk e mostra que não é a mesma de “Whip my hair”

Em lately I feel EVERYTHING, a cantora conta com Travis Barker e Avril Lavigne.


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Willow Smith tinha apenas 2 anos quando Avril Lavigne estourava nas paradas, em 2002, com seu single de estreia “Complicated, um hino pop-punk entre os adolescentes. Avril, Paramore, My Chemical Romance e tantos outros artistas e bandas cantavam as angústias juvenis ao som de guitarras melancólicas. A geração do milênio foi marcada por essa sonoridade, enquanto calçava Vans quadriculados e usava luvas sem dedos nas mãos. Em 2021, o emo volta ao topo transformado e Willow tem uma boa parcela de culpa nessa história.

Você pode até não saber quem ela é, mas seu sobrenome já entrega: a cantora é filha de um dos casais mais populares de Hollywood, Will Smith e Jada Pinkett Smith. Crescendo em torno dos holofotes, aos 9 anos, Willow assinou um contrato com a Roc Nation, gravadora de Jay-Z, e, aos 10, já lançava o seu primeiro grande sucesso, “Whip my hair”. Mas ela não parecia contente, enquanto a indústria a empurrava para o R&B.

“Willow foi a primeira da família a decidir não fazer o que eu estava propondo”, lembrou Will Smith em uma entrevista de 2018. Quando tinha 12 anos, ela se recusou a fazer uma apresentação musical e, em um quase protesto, raspou o cabelo, que até então era uma de suas marcas registradas. A cantora queria sentir que, mesmo em meio a tantos contratos, exigências e obrigações, ela ainda possuía algum controle sobre si própria, contou seu pai.

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Foto: Divulgação

Agora, aos 20, Willow mostra que está no controle – tanto de seu cabelo quanto de sua carreira – ao se mover com confiança em meio ao retorno do pop-punk. Em seu quarto álbum, lately I feel EVERYTHING, a cantora manda um adeus afetuoso à adolescência, enquanto encara suas lutas internas e fala de raça, romance e saúde mental, com o verniz do rock.

O single “t r a n s p a r e n t s o u labre o álbum, produzido por Tyler Cole. Mesmo que você não seja um ávido usuário do TikTok, provavelmente já ouviu o hit, uma parceria com Travis Barker. O baterista do Blink-182 também colabora em “Gaslight e “G R O W, embalada pelos vocais de Avril Lavigne. Travis, aliás, já é quase um nome obrigatório para toda e qualquer produção do novo pop-punk. No fim do ano passado, se tornou também uma espécie de mentor para Jaden Hossler. Mais conhecido como Lil Huddy, o jovem de 19 anos acumula mais de 30 milhões de seguidores no TikTok e migrou da estética de e-boy para a emo, lançando músicas que já nascem virais na plataforma, como “America’s sweetheart”.

Ainda que em lately I feel EVERYTHING Willow seja abraçada por nomes já consagrados, a cantora também abre espaço para os seus contemporâneos. Em “XTRA, uma das mais elogiadas pela crítica, ela colabora com a rapper Tierra Whack. Já em “Come home”, a parceria é com a cantora canadense Ayla Tesler-Mabe.


WILLOW + Avril Lavigne – G R O W feat. Travis Barker (Visualizer)

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Os nomes podem parecer estranhos para um disco pop-punk, mas a geração de Willow não tem medo de misturar as coisas. O fenômeno Olivia Rodrigo é outra prova disso. Em seu primeiro álbum, Sour, ela reverencia na mesma medida Paramore e Taylor Swift. A cantora e compositora Maggie Lindemann e a banda Maneskin, vencedora do Eurovision, também são adeptos dessa mistura. A ideia de tribo, em que cada um se limita aos seus, já não faz sentido aos olhos da Gen-Z.

“Nunca achei que tivesse voz para cantar rock. Ser uma mulher negra no meio do metal é muito, muito diferente”, disse Willow em entrevista à V Magazine. E ela observou isso de perto: quando criança, viajava com a mãe e sua banda de nu-metal, Wicked Wisdom. Aos 8, era obcecada por Alexis Brown, vocalista da banda de heavy metal Straight Line Stitch – uma rara mulher negra em um gênero tão branco e masculino. No colégio, levantava a bandeira Paramore. Qualquer que seja o som de seus álbuns anteriores, a verdade é que Willow sempre foi uma roqueira.

A artista tem estado em uma transição permanente em busca de sua própria identidade – um fantasma que costuma assombrar filhos de celebridades. lately I feel EVERYTHING é o momento em que ela encontra sua própria sonoridade. Daqui a alguns anos, deve se tornar uma referência da sua discografia. Até lá, Willow seguirá subvertendo as expectativas.

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Foto: Divulgação

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