Casa de Criadores 54: Estúdio Cena

Na contramão da moda efêmera, onde tendências nascem e morrem num piscar de olhos, a Estúdio Cena segue no ritmo do slow fashion. “Minha roupa é feita sob medida, com tecidos interessantes, ancas, babados e silhuetas”, define Lucaz Roberto, estilista a frente da marca, no camarim do segundo desfile da etiqueta na Casa de Criadores.

Estúdio Cena. Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Como na estreia, ele olha para a obra de Virginia Woolf, agora virando a página de Orlando – tema do desfile anterior – para Mrs. Dalloway. “Nesta coleção, falo sobre a relação com as flores ao longo da vida, como elas estão presentes em todos os momentos, desde o nascimento até a morte.”

Dos 20 looks, cinco foram feitos sob medida para algumas das artistas que a Estúdio Cena veste, como Liniker e Majur, entrarem na passarela. “Sempre olho para o teatro em busca de referências, mas a marca também é usada por essas musas, então quis ter meu momento Miuccia Prada e trazer as clientes para a passarela”, brinca.

Liniker desfila nesta edição da CdC. Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Majur marca presença na CdC. Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Entre vestidos de festa com metros e metros de tecidos, desenvolvidos no corpo de cada modelo, Lucaz traduz suas inspirações por meio de silhuetas balonê, cinturas bem marcadas, corsets apertados e peplums de pétalas arrematadas por brocados de jacquard e muitos babados. “Toda a modelagem é pensada nas flores e essas proporções desabrocham ao longo do desfile”, fala o estilista.

Estúdio Cena. Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

Um exemplo é o primeiro look, inspirado no Crisântemo. “É uma flor muito usada em velórios, então construímos um plissado rodado, prestando homenagem a Virginia”. A trilha sonora, assinada pela banda Tuyo, é outra homenagem à autora. “Elas criaram um som de água correndo, numa alusão ao suicidio da autora.”

É sobre luto, mas também sobre transformação. “São as perdas que dão caminho a novas páginas”, diz Lucaz. “Falo de um pós-luto, na verdade, mostrando que tanto a moda, como a Estúdio Cena e suas clientes, já se acostumaram a pisar firme e crescer sobre as ruínas alheias”.