Casa de Criadores 54: Jal Vieira

Com desfile na Biblioteca Mário de Andrade, Jal Vieira joga luz no afro-surrealismo e questiona o que é ser um corpo negro no Brasil.


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Casa de Criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite



O quinto dia da Casa de Criadores começou na Biblioteca Mário de Andrade, com desfile da estilista Jal Vieira. Conhecida por levar questionamentos políticos e sociais à passarela, ela se debruça sobre o afro-surrealismo.

“O movimento começa na poesia estadunidense e desemboca em outras expressões artísticas”, diz a estilista. “Ele nasce da urgência de se falar da surrealidade de ser um corpo negro no mundo.” De acordo com Jal, a escola artística difere do afrofuturismo ao argumentar que, para existir um futuro, é preciso agir no presente. “O que eu faço, como me articulo e crio estratégias para me reapropriar desse lugar”, explica.

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Casa de criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Casa de criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Casa de criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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O conceito se materializa na coleção de diversas maneiras, começando pelo uso do neoprene em looks com franjas e babados – é a primeira vez que Jal Vieira trabalha com o material. “Ele faz referência ao fato de que, há poucas décadas, corpos negros eram proibidos de frequentarem piscinas públicas. A maioria das pessoas que não sabem nadar são negras”, fala ela. 

No estudo sobre a água, Jal Vieira se inspira nas medusas para desenvolver os brincos da coleção e enfatizar seu pensamento crítico. “Comecei a pensar em animais aquáticos que reagem a toques indevidos.”A ideia é uma metáfora ao toque sem permissão no corpoo negro. As navalhas, aplicadas aos cabelos e roupas, cumprem a mesma função.

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Casa de criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Casa de criadores 54, Jal Vieira. Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Uma porção de guizos, em torno de 8 mil, também é utilizada para representar a maneira como pessoas negras são percebidas. “Eles foram aplicados manualmente e fazem referência a esse corpo que, antes de chegar, já se anuncia.” 

Por fim, as bolsas, assim como os tecidos navalhados e sobrepostos,  remetem a páginas de um livro costuradas ou coladas à lombada.“Trouxemos esses detalhes porque a história desse povo foi apagada, não sabemos exatamente de todos os lugares que viemos, então movimentamos possibilidades de novos espaços e futuros possíveis, por meio do presente, discutindo o agora.”

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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Marcelo Soubhia/ @agfotosite

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