Casa de Criadores 56: Fabia Bercsek
Após mais de dez anos afastada da passarela, Fabia Bercsek volta ao evento que a lançou no mercado em sua forma mais autêntica.
Vinte e cinco anos depois de estrear na Casa de Criadores, Fabia Bercsek volta ao evento. Talvez em sua forma mais autêntica ou sincera. Não que antes fosse uma farsa. Era um processo – ou uma performance, como ela mesma fala.
Quem acompanhou a estilista entre 2000 e 2010 nota a diferença. Durante aquela uma década, ela conquistou um bom espaço no mercado nacional com peças que combinavam alfaiataria com silhuetas e volumes femininos, tricôs, texturas artesanais e estampas ilustradas – por ela, no caso.

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia
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A imagem, agora, é menos glamourizada: agasalhos de moletom oversized decorados com grafismos e desenhos manuais, jeans resinados com bordados e manchas de tinta, vestidos-camiseta com recortes de tecidos e jaquetas puffers com broches ou bordados. Tudo bem confortável, bem vida real, bem ao estilo de Fabia.
A coleção é uma evolução de um projeto iniciado em 2013. A ideia, que chegou a ser desfilada em uma edição anterior da Casa de Criadores, consiste em aplicar intervenções artísticas sobre peças básicas do guarda-roupa. A coisa ganhou outra proporção durante a estadia de Fabia em Lisboa. Ela foi para lá em 2018 para se jogar nas artes. Ficou até 2023. Foi um período de transformação e reavaliação intenso.

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia

Fabia Bercsek. Foto: Agência Fotosite | Marcelo Soubhia
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Uma parte desse reset tem a ver com o consumo e, por consequência, com a moda. Não era uma novidade para a estilista. No início dos anos 2000, sua marca homônima cresceu consideravelmente. Em 2005, já estava na São Paulo Fashion Week. Em 2007, abriu sua primeira loja. Em 2009, mudou para uma maior ainda. No ano seguinte, fechou tudo. O ritmo, volume e valores para e sobre os quais o mercado caminhava deixaram de fazer sentido.
Na apresentação que abriu a 56ª da CdC, a maioria das roupas vistas na passarela veio de lojas do Brás, Bom Retiro e de algumas varejistas brasileiras. Fabia selecionou o que lhe saltou aos olhos e trabalhou sobre isso com tingimentos, pinturas, aplicações, bordados. Uma coisa ou outra recebeu uma repaginada mais vigorosa, com recortes ou uma reconstrução total. A blusa azul e marrom com minissaia é o melhor exemplo. No geral, a base é bastante básica (perdão pela redundância). Seria difícil não ser nesse esquema de criação ressignificada. As peças são únicas. Não existe grade de tamanho, estoque, nem nada do tipo. Ou seja, as calças de moletom de cintura baixa, as blusas de malha de tricô justinhas e os maxi-hoodies serão bem disputados.
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