NYFW: Carolina Herrera inverno 2024

“Nem sempre estou de camisa branca e saia longa. Sinto muito aos que acham que me visto assim para andar pela Madison Avenue. Uso quando tenho vontade”, disse Carolina Herrera à imprensa, em 2015. A declaração pode ter sido um banho de água fria aos fãs da composição icônica popularizada pela estilista ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira. No entanto, na mesma entrevista, ela esclarece que estilo não se restringe somente à roupa: “Estilo é sobre a maneira como você se move, o seu gosto pelos livros, o que você faz de diferente quando todo mundo está fazendo a mesma coisa”.

Carolina Herrera, inverno 2024. Foto: Getty Images

De certa forma, este foi o ponto de partida de Wes Gordon para a coleção de inverno 2024, apresentada nesta segunda-feira (12.02), em Nova York. Desde 2018, o designer enfrenta a missão de ser o diretor criativo da marca Carolina Herrera. Quando a fundadora da etiqueta decidiu passar o bastão, ele, que fazia parte da equipe de estilo há apenas um ano, possuía um desafio em mãos.

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Logo de cara, se saiu bem quando se trata do respeito ao legado da antecessora. A cada temporada, Gordon reinterpretou as contribuições de Carolina à moda de diferentes maneiras, mantendo os seus códigos mais identificáveis em absoluto. No entanto, nestes seis anos no cargo, ainda não havia olhado para a própria imagem da latina.

Carolina Herrera, inverno 2024. Foto: Getty Images

Nascida em Caracas, na Venezuela, Carolina Herrera é uma das estilistas mais fotografadas do planeta. Não à toa, os seus retratos renderam o livro “Portrait of a Fashion Icon”, principal documento de estudo de Gordon para a coleção. Observando as imagens, o diretor criativo percebeu que, por um bom tempo, ela manteve influências latinas no modo de se vestir, preferindo babados volumosos, silhuetas ajustadas ao corpo e colo à mostra. Porém, quando Herrera se mudou para Nova York, por volta dos 40 anos, equilibrou o seu estilo aos itens básicos estadunidenses, introduzidos anteriormente por colegas de profissão, como Calvin Klein e Tommy Hilfiger.

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Essa dicotomia ganhou vida na passarela da marca, montada no andar mais alto de um prédio em Manhattan. Da imagem latina à estadunidense, do dia à noite, do trabalho ao coquetel, as peças passeiam pelo cotidiano da Carolina imaginada por Wes, montando um guarda-roupa completo. Há os longos hiper femininos pelos quais a estilista ficou conhecida, mas também há bermudas de alfaiataria, casacos de frio e vestidos de malha.

Embora a cartela de cores comece neutra em peças lisas, há um bloco em que estoura em estampas florais vibrantes, com destaque para o amarelo e roxo. A imagem final é a de uma mulher que existe para além da camisa branca e saia volumosa, mas, que seja lá como esteja vestida, irá manter a elegância que lhe é inata.