Paris Fashion Week: Chloé inverno 2024
Chemena Kamali estreia na Chloé trazendo de volta o espírito da mulher da marca.
A frase mais dita na manhã desta quinta-feira foi: a Chloé está de volta. Em uma das estreias mais aguardadas da temporada de inverno 2024, Chemena Kamali apresentou sua primeira coleção frente à marca, um job dos sonhos para ela. E isso ficou visível.
A estilista alemã começou a trabalhar na Chloé como estagiária, mais de vinte anos atrás, enquanto fazia uma especialização na Central Saint Martins, em Londres. Passou pelas direções criativas de Phoebe Philo, Hannah MacGibbon e Claire Waight Keller e sempre admirou o trabalho de Karl Lagerfeld na etiqueta, lá nos anos 1970. Nos últimos anos, ela estava na equipe de estilo de Anthony Vaccarello, na Saint Laurent.
Quando a Chloé a convidou para ser a sucessora de Gabriela Hearst, ela disse que foi como um chamado de volta pra casa.
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Fica claro o olhar de Chemena para a década de 1970. Os vestidos esvoaçantes, os babados, as rendas boho, as botas acima do joelho, o jeans reto de cintura alta, as batas transparentes, as alcinhas fininhas… É tudo muito Chloé. Como há tempos não era.
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Mais que nas roupas, a atitude da garota da marca parece ter retornado ao que sempre foi. Não que Gabriela Hearst não olhasse para os seus códigos, mas a estilista uruguaia abaixou o tom e reduziu muitos desses elementos. O mais surpreendente é que nada parece datado: as peças conversam com os desejos da mulher de agora e, mais ainda, com a mulher Chloé. Livre, descompromissada, descolada, sem nunca perder de vista o estilo que a levou até onde está.
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
No release, a designer escreve: “Queria abraçar e capturar a essência dessa mulher e de todas as suas contradições. Isso define a atitude da Chloé. Quero homenagear o espírito inovador em que Gaby Aghion foi pioneira quando fundou a casa, há mais de 70 anos. Ela queria liberar mulheres e as empoderar para serem audaciosas e se sentirem livres”.
Outros elementos também remontam ao estilo da época: os detalhes dourados, o cinto escrito Chloé, os casacos estruturados, as franjas em calças, jaquetas e sapatos, a cartela em tons terrosos e açucarados, os casacões de pelúcia. Roupa pra bater, pra usar todo dia, pra montar um guarda-roupa, mas longe de ser básica.
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Em entrevistas, Chemena fala sobre o que ela pensa ser a mulher da marca: nada posada ou passiva. “Elas estão sempre fazendo algo”, disse. Esse é um dos pilares da moda de Phoebe Philo, tão referenciada nos últimos anos, e com quem a alemã trabalhou na Chloé.
Daí vem o styling dos vestidos presos nas botas, como se essa mulher tivesse se arrumado correndo para o próximo compromisso. Para a estilista, as roupas da marca não devem transformar, mas deixar com que essa mulher seja ela mesma. E isso inclui sair, trabalhar, dançar, tomar um drink, beijar na boca sem ter nada a prendendo.
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As discussões que rolaram no ano passado sobre a ausência de diretoras criativas não foram à toa. Fica claro, pelo inverno 2024 da marca, a diferença de ter uma mulher criando para suas iguais. A transparência é um exemplo ótimo disso: aqui essas peças não são tão sexualizadas. Tanto nos vestidos quanto nas batas e blusas de alcinha, ela é usada como um artifício de empoderamento, sem prender ou limitar.
A Chloé está de volta, mesmo.
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
Chloé, inverno 2024. Foto: Divulgação
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