Paris Fashion Week: Undercover verão 2024

Existem muitas maneiras de lidar com o luto. O estilista japonês Jun Takahashi mostrou que uma delas é por meio da criatividade. No verão 2024 da sua marca, a Undercover, apresentado na Paris Fashion Week na quarta-feira (27.09), as saias-terrários com borboletas vivas dentro são uma boa prova disso.

Há, no entanto, mais a explorar do que o momento viral do desfile. Sobre quase todos os looks desfilados, havia um véu de organza. O tecido deixava transparecer a alfaiataria rebelde do estilista, as jaquetas varsity meio desconstruídas, o shortinho curto (olha ele aí de novo), o moletom esportivo. Mas não somente.

Undercover, verão 2024. Foto: Divulgação.

Pequenos detalhes, como giletes, cartas de baralho, aranhas de plástico, fitas de crepe, asas, flores, sem contar nas partes dos corpos das modelos, até as mãos, apareceram debaixo dessa camada que cobria tudo. A ideia, como explicou Jun a jornalistas após a apresentação, é falar sobre memória. Os elementos visíveis, como que num raio-x, não foram escolhidos por acaso – eles são elementos de histórias pessoais, dos personagens que caminharam naquele espaço industrial em construção.

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Para além da narrativa, o avesso das peças ganham destaque – é uma tendência que vem correndo meio nas entrelinhas nesta temporada de verão 2024 e, mais ainda, na Paris Fashion Week. A construção é tão precisa que se torna elemento focal da coleção.

Undercover, verão 2024. Foto: Divulgação.

Numa estação em que a roupa é tão importante, quer dizer, a roupa prática, para toda a hora, aqui ela vem carregada de emoção. São produtos embrulhados com um pouco mais do que o marketing habitual das grandes marcas de luxo. O compartilhamento das roupas-terrários não foi puramente mecânico.

No backstage, o estilista contou que essa coleção foi criada em memória aos entes queridos que ele perdeu nos últimos tempos. Na estação anterior, a de inverno 2023, o luto também foi um tema central.

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Ao fim da apresentação, quando a iluminação caiu, três modelos cruzaram a passarela com as luzes vindo de dentro das peças num momento emocionante. Eram minivestidos de cintura marcada e saias rodadas, meio balonê, com terrários cobertos por organza. Dentro, um jardins e borboletas vivas. Ali seria o lar daquelas borboletas apenas por mais alguns instantes, até que elas fossem libertadas pós-desfile. Takahashi as enxergou como uma metáfora para o fim – ou transformação – de seu luto.

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