SPFW N57: Marina Bitu
Ao som do pífano e da zabumba, Marina Bitu leva as riquezas do Cariri cearense para a SPFW N57.
Com o nome de “O Início e o Fim”, Marina Bitu apresentou coleção que faz ode à riqueza do Cariri cearense, na SPFW N57.
A vontade de falar do Cariri veio de uma insatisfação pessoal de Marina Bitu, a designer que dirige a marca ao lado da sócia Cecília Baima. Ela nasceu em Fortaleza, mas a sua família é de Várzea Alegre, uma cidade que fica no interior do estado, no sul do Ceará. A região, que é abraçada pela Chapada do Araripe, é chamada de Cariri e surpreende há anos pela riqueza geográfica, histórica e cultural.
Marina Bitu, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Marcelo Soubhia
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Por não conhecer tão a fundo uma realidade da qual ela própria descende, Marina fez um intenso mergulho nas tradições do lugar. Ela descobriu, por exemplo, que a região detém uma das maiores coleções de fósseis do mundo e, claro, que a sua produção artesanal é invejável.
“Essa coleção que é rica em trabalhos manuais é resultado do trabalho de uma equipe muito grande de colaboradores dessa região, desde os artesãos até os alunos de capacitação de curso de estilismo e moda que co-criaram com a gente”, ela afirma, no backstage. “Essa é uma celebração da nossa cultura brasileira, da nossa cultura nordestina, é um convite para que a gente olhe pra diversidade que compõe o nosso país.”
Marina Bitu, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Marcelo Soubhia
Por isso, nas roupas, festas populares e sincretismo religioso são representados por uma série de trabalhos manuais, como o crochê e a cestaria. Flores de fuxico maximizadas formam um vestido de efeito tridimensional e que faz alusão à vegetação da chapada. Com a técnica do capitonê, em que os pontos de costura formam voluminhos no tecido, são recriadas as silhuetas de plantas típicas da região, usadas em rituais de cura. E do Reisado, ou Folia de Reis, saem os looks de espelhos unidos por crochês ou conjuntos construídos com fitas sobrepostas. Aqui, elas são de neoprene e recortadas a laser.
A modelagem segue simples, reta e ampla, mas, desta vez, vê-se mais alfaiataria, como camisas e calças de tecido plano, além de mais transparência, um corpo para jogo. Em alguns momentos, é verdade, o processo parece mais importante do que o produto final, mas quando as duas coisas se encontram, o resultado fascina. É o caso dos vestidos de palha de bananeira, feitos com a Associação Fibrarte, que fica em Missão Velha, no Cariri. Mulheres extraem o tronco da bananeira e trançam a palha até ela chegar nesse tecido que, por meio de Bitu, então cruza a passarela.
Marina Bitu, SPFW N57. Foto: Agência Fotosite/Marcelo Soubhia
A banda Cabaçal da Santa Edwiges, de Juazeiro do Norte, fechou o show, colocando as modelos para dançarem o estilo bendito, entre o baião e o forró. A imagem lembrou bem que não é de agora que o Ceará faz moda – assim como o volume 15 da ELLE Brasil, com a reportagem “Na Terra do Sol”, sobre a influência histórica do Ceará na moda nacional.
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