SPFW N60: Catarina Mina

Catarina Mina expande seu repertório de tipologias artesanais e investe em peças que tiram tais técnicas do lugar comum.


Catarina Mina
Catarina Mina, SPFW N60, Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite



O verão 2026 da Catarina Mina é dedicado à carnaúba, palmeira essencial para a economia artesanal do Ceará e símbolo de sustentabilidade – dela se aproveita tudo, da raiz ao fruto. A planta remete ao início da etiqueta, 15 anos atrás, quando a designer Celina Hissa passou a combinar sua palha ao crochê na criação de bolsas. A apresentação desta quinta-feira (16.12) na SPFW N60, porém, não olha para o passado, reafirma a continuidade dessa ideia sob um ponto de vista mais maduro.

Catarina Mina

Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

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Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

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Ao longo dos anos, a marca cresceu. Ela passou a estruturar e fortalecer comunidades de artesãos no interior cearense, transformando saberes tradicionais em design contemporâneo. Agora, grupos e organizações de outras regiões do país a buscam para seguir esse modelo de sucesso. “Eles identificam a diferença do nosso processo, a construção e dedicação aos projetos. São anos de trabalho aplicando metodologias aos artesãos, para pensar em um ecossistema que vai além do produto”, explica Celina. 

O bordado de Caicó, do Rio Grande do Norte, inspirado na flora da caatinga, é a parceria mais recente. Ela se junta às peças de renda richelieu, produzidas por artesãs de Maranguape, Ceará, e às rendas de bilro, palhas e crochês já característicos da casa. Para alcançar maior competitividade (e praticidade), o desenvolvimento de tais produtos passam por algumas adaptações ou são aplicados pontualmente.

Catarina Mina

Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

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Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

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O crochê aparece como um detalhe, o que facilita a confecção. A carnaúba vira saias e cintos esculturais, mas também vira estampa aquarelada. Os acessórios chegam com opções mais diversificadas, como bolsas de estilo sacola e pochete. É uma resposta às demandas das lojas de São Paulo e Fortaleza, além dos showrooms internacionais, em Paris e Nova York.

As soluções para expandir o conceito de artesanato brasileiro além do viés hippie e festivo comumente associado ao assunto são inteligentes. Isso se reflete em tops e saias vazadas com círculos cobertos por crochê usados com camisa de seda, vestido de linho, conjuntos de cambraia de rami e tênis. Não se trata de uma mera aproximação estética com a rua, mas da necessidade de encontrar meios de viabilizar uma estrutura econômica. 

Catarina Mina

Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

Catarina Mina

Catarina Mina, SPFW N60. Foto: Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

Não à toa, o desfile marca o lançamento da colaboração com a Veja, a primeira parceria internacional da empresa francesa com a brasileira: uma papete adornada com aplicações de crochê, feitas pelas artesãs da Catarina Mina e costuradas manualmente pelos sapateiros da estrangeira.

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