SPFW N60: Marina Bitu
Marina Bitu se inspira na obra de Djanira da Motta e Silva para suavizar sua moda.
O desejo de Marina Bitu de homenagear Djanira da Motta e Silva vem desde 2019, quando sua sócia, Cecília Baima, a apresentou à obra da artista. Nascida em 1914, Djanira é um dos nomes centrais do modernismo brasileiro e é conhecida por retratar com sensibilidade o cotidiano do país. Foi justamente essa dimensão humana que encantou a estilista cearense.

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

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A ideia de transformar a arte da pintora em ponto de partida para suas roupas começou a se concretizar quando Marina entrou em contato com o Instituto Pintora Djanira. A coleção parte de trabalhos como Tecelã, Costureira, Bordadeira, Tecendo Rede, Charuteira e Escolhedoras de Café – todos eles dedicados a representar ofícios femininos. Na passarela, esses fazeres manuais ganham nova leitura e se tornam símbolo de autonomia.
Antes do desfile, Marina contou: “Trazemos principalmente aqueles ofícios que dialogam com o nosso DNA. Uma das estampas mais marcantes é a da Costureira, uma arte muito simbólica, pois remete ao primeiro trabalho de Djanira antes de se tornar artista”.

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite
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As referências aparecem de forma literal nas estampas que cobrem túnicas, blusas e saias de cetim de seda, e também em técnicas artesanais reinterpretadas. Entre as novidades, a etiqueta apresenta o uso de escamas de camurupim, transformadas em um tipo de paetê orgânico que decora as primeiras entradas da apresentação, como os vestidos longos e curtos e os tops. Outro destaque fica para o couro de salmão, utilizado em uma jaqueta vermelha.
Técnicas artesanais clássicas do trabalho de Marina, como as franjas de palha, decoram a barra de looks assimétricos. Já a organza plissada, outra característica de seu DNA, dá forma à blusas de ombros arredondados. Bordados de botões, casacos de jacquard, calças harem, blusas de gola alta e babados vaporosos complementam a oferta deste guarda-roupa.

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite
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A influência de Djanira se manifesta ainda na beleza do desfile. Os cabelos, diferentes em cada modelo – ora presos com aspecto molhado, ora soltos, lisos ou cacheados – refletem o cuidado da artista ao retratar texturas e tipos de fios em suas telas.
O mais interessante, porém, é perceber como a moda de Marina Bitu se tornou mais leve, sem o uso de camadas excessivas de tecido, desde sua última coleção. A mudança coincide com um novo capítulo da marca: a inauguração de sua primeira loja própria, que abre as portas em São Paulo no próximo dia 25 de outubro.
Em entrevista antes da apresentação, a designer explicou: “Essa coleção nasce da ressignificação dos códigos da etiqueta. Queremos que as pessoas sintam isso ao entrar no nosso novo espaço. Busquei reunir tudo o que temos feito nos últimos anos para criar uma conexão mais especial com nossos clientes.” Com uma coleção delicada, Marina parece ter atingido exatamente esse objetivo: despertar desejo e identificação.

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite

Marina Bitu. Foto: Zé Takahashi/Agência Fotosite
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