Camping sem perrengue e com glamour: conheça o glamping

Estilo de hospedagem que está conquistando viajantes oferece o melhor de dois mundos: a proximidade da natureza que os campings proporcionam e as mordomias e o conforto de um hotel cinco estrelas.


estruturas em formato de casulo sobre estrelas
Casulos do Parador Casa da Montanha, em Cambará do Sul (RS). Foto: Lizi Viezzer



A ideia de viajar para se conectar com a natureza está mais forte do que nunca, e quem não quer encarar uma estadia root tem agora novas alternativas. De uns tempos para cá, os campings, um hit dos anos 1970, ganharam novas e luxuosas versões – os glampings, que não à toa incorporaram a abreviatura glam (de glamour) ao nome original. Eles bebem na mesma fonte. Oferecem uma experiência de imersão no meio ambiente, mas sem ter que encarar imprevistos.

Em vez de levar sua própria barraca, os viajantes só precisam se deslocar até o destino, onde encontram à sua espera uma tenda luxuosa, um iglu, um bangalô ou até uma redoma com ares futuristas. Basicamente uma estrutura única, onde ficam isolados dos outros hóspedes, em total privacidade. Para completar, cama aconchegante, banho quentinho, temperatura ambiente agradável e gastronomia de primeira. Ou seja: os serviços e mimos de um bom hotel cinco estrelas. Tudo isso à beira de um cânion, entre as árvores de uma floresta ou no meio de um deserto.

Um desses lugares badalados atende por Zibá e fica em Extrema (MG). “Ele nasceu de uma conversa despretensiosa em que falávamos sobre a pandemia e a reinvenção de tudo, inclusive das novas formas de empreender, viajar, consumir e viver”, conta Marina Mello, uma das proprietárias. Ela e os sócios começaram então a pensar em investir na tendência de staycation. Ou seja, propor aos viajantes que aproveitem as instalações de um lugar ou cidade. Inspirado pelos próprios gostos e desejos, o grupo mirou em quem viaja para viver novas experiências, entretanto prefere fazê-lo de forma segura. “E o glamping se encaixava exatamente no que planejávamos.”

estrutura em forma de iglu futuristico

Domo geodésico da Zibá, nas montanhas mineiras. Foto: Divulgação

O passo seguinte foi definir a arquitetura, essencial para encantar quem chega. “Escolhemos um domo geodésico, que se destaca na paisagem de Extrema. Da estrada, já é possível avistá-lo, um pontinho branco na mata”, diz Marina. O terreno foi um achado. Inclinado, ele se revelou perfeito para garantir o isolamento dos hóspedes. Para o interior, a referência veio dos lodges africanos, com elementos cheios de texturas, como pedras, cimento, madeira e tecidos naturais, e uma paleta composta de tons terrosos, verde-escuro, cinza e preto. Ao todo, são seis ambientes: hall, cozinha, quarto, canto de leitura, mezanino e banheiro, dispostos em 60 m2 em formato circular. Sem janelas, mas climatizada, a acomodação tem vista panorâmica para a paisagem. Basta se deitar na cama, relaxar e deixar o olhar percorrer o horizonte.

Seguindo a mesma proposta, porém com formato e cenário diferentes, o Zion Bubble é um glamping que se assemelha a uma bolha e permite ao hóspede dormir sob as estrelas de Urubici, na Serra Catarinense, onde está instalado. “A ideia surgiu de uma viagem que minha esposa e eu fizemos aos Alpes de Andorra. Ficamos em uma acomodação única, no meio de um vale nevado lindo, e pensamos em fazer algo similar no Brasil, com características de um hotel cinco estrelas”, conta Alyson Chaerk.

cama dentro de uma bolha transparente ao ar livre

Cúpula inflável do Zion Bubble, na Serra Catarinense. Foto: Divulgação

Ele e a mulher importaram uma estrutura inflável em forma de cúpula, feita na Itália, e escolheram um bosque nativo a 1.550 m de altitude para instalá-la. “Não há nenhuma estrutura de metal que possa atrapalhar a vista”, explica Alyson. O que mantém a bubble em pé é uma turbina ultrassilenciosa. E, para garantir conforto, ar-condicionado quente e frio, piso aquecido e lençol térmico na cama. Com cerca de 34 m2, a casa bolha fica em um deque com fogo de chão, banheira e um chuveiro a céu aberto. Não é permitido cozinhar dentro porque o fogo pode causar danos, mas o glamping oferece um serviço de comidinhas. Por enquanto, só há uma bubble em funcionamento – a agenda de reservas lotada animou o casal de empresários a investir em outra, que deve ser inaugurada em breve.

Fora do Brasil, a moda do glamping está mais do que consolidada. Ao norte de Quebec, no Canadá, as luxuosas cúpulas geodésicas do Dômes Charlevoix atraem visitantes de todo o mundo durante as quatro estações do ano, mesmo nos meses mais frios. Elas foram projetadas pelo escritório canadense Bourgeois/Lechasseur e ficam bem no coração da mata. “Cada uma delas tem piso aquecido e lareira. Como foram erguidas na encosta da montanha, estão perfeitamente integradas à paisagem e podem ser acessadas por um caminho entre as árvores”, explica o arquiteto Olivier Bourgeois.

 

vista aérea de um bosque nevado com iglus

estrutura em formato de iglu no meio do mato

estrutura em forma de iglu vista do alto em meio a folhagens de outono

Iglus do Dômes Charlevoix, no Canadá: conforto em qualquer época do ano Fotos: Maxime Valsan

Com pegada ecológica, o projeto respeitou a topografia do lugar, interferindo o mínimo possível no visual ao redor. Feitas de lona, as cúpulas foram instaladas em deques de madeira no mesmo tom das árvores, para se mimetizar com o verde. “A parte envidraçada oferece uma vista deslumbrante do Rio St. Lawrence e maximiza a entrada de luz natural”, diz Olivier. Dentro, quem se hospeda encontra uma decoração minimalista e elegante.

cama bem confortavel em dentro de uma grande bolha transparente e cinza

Tendas de luxo

Além das redomas, também é possível encontrar glampings com barracas, semelhantes às do formato tradicional de um acampamento, só que em versão luxuosa. É o caso do Parador Casa da Montanha, localizado em Cambará do Sul (RS), próximo ao Parque Nacional de Aparados da Serra e ao Cânion Itaimbezinho.

O lugar oferece hospedagem em barracas superequipadas, com vista para os vales, e inaugurou sete casulos de 24 m2, cada um. “Colocamos toda a nossa criatividade nesse projeto, pensando na possibilidade de oferecer uma experiência diferente aos visitantes”, diz Rafael Peccin, diretor de marketing da Casa Hotéis, a empresa que administra o Parador. O visual dos casulos mescla linhas contemporâneas com detalhes rústicos e valoriza elementos da região, como a palha de capim-santa-fé, comum nos arredores. No interior, destaque para a luminária pendente feita de lã de ovelha, assinada pela artista gaúcha Inês Schertel.

estruturas em formato de casulo sobre estrelas

Casulos do Parador Casa da Montanha, próximos aos cânions gaúchos. Foto: Lizi Viezzer

Já o Camp Sarika by Amangiri, do conhecido grupo Aman, oferece aos hóspedes tendas que se integram à paisagem dos desertos de Utah, nos Estados Unidos. A arquitetura e o projeto de interiores levam a assinatura da Luxury Frontiers, especializada na criação de resorts. “Desenhamos um espaço que complementa a experiência dos hóspedes com o entorno. É a união da natureza e da arquitetura”, define Luca Franco, CEO e fundador da marca. Feitas de lona, as tendas foram projetadas para suportar temperaturas extremas, típicas do deserto, que variam de -6 a 40⁰ C, e são posicionadas para que os hóspedes tenham uma vista livre para o pôr do sol. No interior, o espaço é dividido entre salas de estar e jantar, bar e banheiros com banheiras, além de chuveiros externos. A decoração segue o estilo de design do Aman, com linhas simples, cores neutras e materiais naturais inspirados nos tons do deserto. Relax sob medida.

paisagem rochosa com tendas inseridas na paisagem

Tendas do Camp Sarika by Amagiri incorporadas à paisagem rochosa do deserto de Utah. Foto: Aman Resorts

Esta reportagem foi publicada originalmente no volume 1 da ELLE Decoration Brasil. Para comprar seu exemplar, clique aqui.

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