Com desenhos e instalações inéditas no país, galerias em SP abrem individuais de Cildo Meireles

Luisa Strina e Galatea expõem 59 trabalhos de Cildo Meireles a partir desta quinta.


Cildo Meireles: artista ganha duas exposições em galerias em São Paulo.
Cildo Meireles: artista ganha duas exposições em galerias em São Paulo. Na foto, obra Épura - Cadeira 1, 2022. Foto: Divulgação



Instalações nunca expostas no Brasil e desenhos do artista Cildo Meireles compõem as exposições casadas das galerias Luisa Strina e Galatea, no bairro Cerqueira César, em São Paulo. Ambas serão abertas nesta quinta (03.10).

Na Luisa Strina, galeria que representa Cildo e, em 2024, completa 50 anos desde sua inauguração, o visitante encontrará a mostra individual Uma e algumas cadeiras/Camuflagens, com 13 obras. Já a Galatea abrirá Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977, com 46 trabalhos.

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“O Cildo produziu milhares de desenhos. Ele tem uma produção considerável no acervo próprio”, disse o curador de arte Diego Matos, responsável pelo texto crítico das duas exposições e que, em 2019, assinou a co-curadoria da exposição Entrevendo, realizada no Sesc Pompeia.

Na Luisa Strina, o visitante poderá encontrar a instalação Uma e Sete Cadeiras (1997-2023) que faz referência à obra One and Three Chairs (1965), do artista conceitual estadunidense Joseph Kosuth. A criação de Cildo conta com uma cadeira de madeira e mais seis variações, feitas a partir de materiais como vidro, acrílico, serragem e cinzas. Ela foi exibida pela primeira vez na galeria Lelong, em Nova York, entre 2023 e 2024. Essa é a sua estreia em solo nacional.

Cildo Meireles: galerias em São Paulo abrem exposições sobre artista.

Obra Épura - Cadeira 2 (2023) Courtesy Galerie Lelong & Co., New York

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Em Épura (2022), na mesma galeria, Cildo também representa uma cadeira, mas em diferentes perspectivas, pintada sobre três telas quadradas unidas, que formam um canto tridimensional.

“A cadeira comparece em desenhos do Cildo principalmente nos anos 1960 e 1970, e ele propõe, em um canto da galeria, essa estrutura que se usava para desenho técnico”, explica Matos.

Esse “canto” formado pelo encontro de três superfícies pode ser visto também na Galatea, em um desenho do artista datado de 1967, ano em que ele começou a série Espaços Virtuais: Cantos. “O Cildo fala desse lugar do canto, que permeou o imaginário dele desde criança, e esse lugar, em referência ao canto, está presente tanto em uma (exposição) quanto em outra”, disse.

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Desenho Sem título (1967) Foto: Ding Musa

Na série Camuflagens, apresentada na Luisa Strina, Cildo evoca diferentes artistas para colorir objetos do cotidiano. Em uma das obras, na forma de um guarda-chuva preto, o artista faz referência ao pintor russo Kazimir Malevich. “É substituída a película que forma o guarda-chuva por uma lona de tela, e você percebe, quando se aproxima, o gesto da pincelada”, disse Matos.  

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Há ainda uma cadeira de praia que ganha cores de obras do artista estadunidense Jasper Johns e um banquinho de pescador, chamado de Volpi, pintado em homenagem ao pintor ítalo-brasileiro.

“Ele vai homenageando vários pintores e artistas que são importantes para o seu trabalho, para a trajetória dele como formação de conhecimento. E essa ideia de impregnação de cor está presente também nos desenhos”, completa. 

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Obra Sem título (1973) Foto: Ding Musa

Cildo Meireles: uma e algumas cadeiras/Camuflagens: de 3 de outubro a 30 de novembro, na Galeria Luisa Strina, rua Padre João Manuel, 755, Cerqueira César, São Paulo. De segunda-feira à sexta-feira, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h. Entrada franca.

Cildo Meireles: desenhos, 1964-1977: de 3 de outubro a 1 de novembro, na Galeria Galatea, na rua Padre João Manuel, 808, Cerqueira César, São Paulo. De segunda-feira à quinta-feira, das 10h às 19h, sexta-feira, das 10h às 18h, e sábado, das 11h às 17h. Entrada franca. 

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