Calor e transformação guiam obras no 38º Panorama da Arte Brasileira

Panorama da Arte abre neste sábado, no MAC, com trabalhos de 34 artistas e coletivos.


Panorama da Arte Brasileira: 38ª edição começa neste sábado.
Aquecimento, 2024, de Melissa de Oliveira



O fervor das cidades, o fogo na natureza, o calor que transforma a matéria. Essas são algumas reflexões que costuram o 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, aberto neste sábado (05.10), no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), na Vila Mariana. Com curadoria de Germano Dushá, Thiago de Paula Souza e Ariana Nuala, a exposição ocupa partes do térreo e o 3º andar do prédio, com 79 obras inéditas.

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“Demos o nome de Mil graus, expressão muito popular em contextos urbanos no Brasil e que tem uma ambiguidade, o que é importante. Significa tanto uma coisa excelente, muito boa, quanto tensa, complexa, de risco e intensidade”, explica Dushá. “Nem tudo é fogo e calor, nem tudo é a crise climática e hecatombe ecológica, mas isso obviamente aparece também”. 

Panorama da Arte Brasileira: 38ª edição abre neste sábado.

Moquém – Carnes de Caça, 2023-24, de Frederico Filippi Foto: Estúdio em Obra

As obras são distribuídas em cinco eixos: Ecologia geral, Territórios originários, Chumbo tropical, Corpo-aparelhagem e Transes e travessias. Participam artistas sem passagens pela Bienal de São Paulo, de diferentes faixas etárias e regiões do país. Os selecionados se debruçam sobre questões ecológicas, históricas, sociopolíticas, tecnológicas e espirituais.

“Não queríamos uma exposição só com artistas millennials ou só da geração Z. Era importante trazer várias gerações e territórios. O calor, a transmutação da matéria foi o gancho”, explica Thiago.

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38º Panorama da Arte Brasileira abre neste sábado com trabalhos de 34 artistas e coletivos.

Exu, data não identificada, de Jayme Fygura Foto: Ding Musa

Dentre eles, há uma fotografia da artista carioca Melissa de Oliveira, que registrou um homem no Morro do Dendê, no Rio de Janeiro, onde ela mora, empinando uma moto cercada por um círculo de fogo no chão. Logo ao lado, em outra obra da mesma autora, um homem empina a moto sentado entre duas mulheres.

“Tem a Marlene Almeida, uma artista de 82 anos, da Paraíba, que trabalha pensando sobre a terra. Ela coleta amostras, cria pigmentos e usa em suas telas e instalações. Trabalha com isso há 50 anos”, disse Ariana. A obra de Marlene, nomeada Tempo voraz II, fica ao lado de um quadro de Laís Amaral, artista carioca na faixa dos 30 anos. “Vemos uma nuance de geração, uma perspectiva de discurso e linguagens, mas tem uma conexão muito forte, seja pela relação cromática ou pelo assunto”, complementa. 

38º Panorama da Arte Brasileira começa neste sábado.

Tempo voraz II, 2012, de Marlene Costa de Almeida Foto: Gabriela Lacet

A instalação Moquém – Carnes de Caça, do paulista Frederico Filippi, é constituída por peças remanescentes de dois tratores queimados pela Polícia Federal após operação de fiscalização em garimpos ilegais na região de Itaituba, no Pará. 

Panorama da Arte Brasileira abre 38ª edição neste sábado.

Amoré, 2023, de Labō & Rafaela Kennedy

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Na exposição há ainda máscaras esculturais feitas em metal retorcido de Jayme Fygura, escultor, performer e músico baiano morto em 2023 (ele é o único artista já falecido a integrar a mostra). Em vida, ele usava as máscaras e atraía olhares curiosos. “Um punk baiano”, define Thiago de Paula. “Ele as vestia em Salvador, uma cidade quente”.

38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus: de 5 de outubro de 2024 a 26 de janeiro de 2025, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), na avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301, Vila Mariana, São Paulo. De terça a domingo, das 10h às 21h. Entrada gratuita.

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