8 lugares deliciosos sem glúten no cardápio
Para além de dietas da moda, a restrição ao glúten é assunto sério para muita gente. Confira nosso roteiro com lugares em São Paulo e no Rio em que a proteína não entra e são seguros para celíacos.
Por volta da segunda década deste milênio, a dieta sem glúten chegou como um furacão na gastronomia. Trigo, cevada, centeio e outros cereais com essa proteína ganharam status de vilão, e os mais diversos tipos de alimento ganharam vistosos rótulos glúten-free (até mesmo aqueles que nunca tiveram glúten na vida, como o pão de queijo). Mas o que foi só mais uma dieta da moda para alguns, é uma necessidade real para outros, que vêm lidando com restrições ao glúten muito antes de o assunto virar moda.
A doença celíaca atinge cerca de 1% da população mundial e faz parte das patologias autoimunes. Nessas pessoas, o consumo do glúten desencadeia uma reação do sistema imunológico, que destaca células de defesa para atacar o intestino delgado. Nessa briga, quem perde é o celíaco, que padece com diarreia, dor abdominal, distensão da região e outros incômodos. Se não for controlada, a doença pode levar a complicações como anemia, desnutrição, osteoporose e até mesmo câncer.
Ou seja: a eliminação do glúten na dieta é um caso sério para os celíacos e não se resolve pegando um pão glúten-free na prateleira do supermercado. Mesmo a ingestão de minúsculas partículas da proteína pode causar danos ao intestino. Ao manipular farinha de trigo ou qualquer outro produto que tenha glúten, por exemplo, o pó permanece no ar por até 24 horas. E até mesmo uma faca utilizada para cortar um pão francês pode contaminar a esponja de lavar louça. Todo esforço é necessário para eliminar a possibilidade de contaminação cruzada.
Com essa preocupação, restaurantes de comida sem glúten proíbem a entrada de produtos com traços da proteína: “Eu faço o controle completo da cadeia de fornecimento, da produção e também com os funcionários. Nós fornecemos os almoços e lanches dos nossos colaboradores para que ninguém traga alimento de fora”, conta Vanessa Faria, proprietária da Padoca do bem, em São Paulo, que deixou a carreira em escritório para empreender na culinária.
Manter uma dieta sem glúten requer vigilância constante. A boa notícia é que casas totalmente isentas da proteína, com cardápios tentadores, ganharam espaço na gastronomia. E claro que não-celíacos também são bem-vindos nesses endereços. Só é importante ressaltar que, para quem não tem problemas com glúten, não há motivos para eliminar a proteína da dieta, como lembra a nutricionista clínica Paloma Stappazzoli: “Não há nenhuma necessidade de retirar o glúten para obter uma alimentação de qualidade”.
Isso posto, confira oito endereços, em São Paulo e no Rio de Janeiro, para ser feliz na mesa sem glúten no cardápio.
São Paulo sem glúten
Pandan
Ah, a Itália, o país das massas! Morando na região, a empresária paulistana Daniella Kobayashi deliciava-se, todos os dias, com vários tipos de pães e pastas. Até que enfrentou um quadro clínico complicado por causa do consumo de glúten. Com uma alimentação baseada 70% em alimentos com trigo, Daniella passou diarreias frequentes e anemia, além de depressão e dificuldade de concentração. Depois de muitas tentativas de descobrir a origem do problema, foi em uma visita ao Brasil que recebeu o diagnóstico de portadora da doença celíaca.
Mas a história teve um final feliz: Daniella criou o Pandan, mix de padaria, confeitaria e restaurante, que oferece receitas sem glúten e ricas em memórias afetivas. “As pessoas que têm restrição ao glúten sentem saudades dos sabores e vivências da época em que ainda comiam a proteína. Por isso, no Pandan, não oferecemos pratos superelaborados, modernosos, e sim uma experiência de comer algo com o mesmo sabor das memórias sensoriais”, diz.
Milanesa do chef, hit no Pandan. Foto: Divulgação
A casa tem cardápio fixo de segunda a sexta-feira e, aos fins de semana, oferece novos pratos, para que o celíaco acostumado ao endereço conte sempre com novidades. O queridinho é a Milanesa do chef (R$ 75), servido com fritas e salada Pandan, mix de folhas verdes, maçã assada, tomate confit e lâminas de amêndoas. O risoto de queijo cremoso com paillard de filé-mignon (R$ 75) e o salmão em crosta de gergelim (R$ 78) também são sucesso junto ao público.
Pandan: Rua Ferreira de Araújo, 369, Pinheiros, tel. (11) 95486-9680.
Padoca do Bem
Padaria, confeitaria, cafeteria e empório, a Padoca vende produtos fabricados na própria casa, de forma artesanal, e revende itens de marcas selecionadas com critério para ser um porto seguro para celíacos. Nenhum item contém glúten, lactose ou polióis (carboidratos utilizados para substituir o açúcar, como sorbitol ou xilito). Do lado de fora da loja, há um container, onde são servidos doces, salgados e bebidas quentes e geladas autorais para serem consumidos na hora, em um espaço acolhedor.
Bisnaguinha proteica com farinha de amêndoas. Foto: Karol Dalecio
O cardápio inclui 11 variedades de pães. As bisnaguinhas e os brioches low carb e proteicos, ambos feitos com farinha de amêndoas, são os campeões de venda, mas vale provar outros sabores, como mandioquinha, batata-doce e amêndoas, e sarraceno, tâmaras e nozes. As bebidas ganham leite vegetal e são adoçadas com moon syrup, um adoçante 100% natural.
Padoca do bem: Rua Graúna, 207, Moema, tels. (11) 5096-6675 e (11) 99477-8856.
Healthy Bites Atelier
Com a proposta de proporcionar um momento de indulgência para celíacos e intolerantes ao glúten, a confeitaria criada por Victoria Della Manna satisfaz doces desejos com sorvetes, bombons, tortas, bolos de aniversário (com uma pegada retrô) e doces de festas e casamentos, todos sem glúten, sem lactose e sem açúcar.
Bolo de nozes: receita de família adaptada para dietas restritivas. Foto: Rodolfo Regini
O negócio começou quando o pai de Victória foi diagnosticado com diabetes. Frustrada com a falta de opções de doces saborosos que atendessem ao pai, Victória decidiu assumir o desafio. Mergulhou no antigo livro de receitas da família, passado de geração a geração, com o objetivo de transformar os favoritos de seu patriarca em opções sem glúten e sem açúcar. Na hoje Healthy Bites Atelier, as estrelas são o bombom de morango (R$ 14,50), feito com stevia, sorbitol, leite zero lactose, morango e chocolate meio amargo, e o bolo de nozes (R$ 31, a fatia), que leva farinha de nozes, farinha de amêndoas, ovos, leite zero lactose, stevia, sorbitol, clara de ovo pasteurizada, óleo de coco sem sabor, fermento em pó e nozes.
Healthy Bites Atelier: Rua Clodomiro Amazonas, 1.158, loja 20, Vila Nova Conceição, tels. (11) 5096-6675 e (11) 99984-9187.
Grão Fino
O endereço charmoso no Itaim Bibi oferece combos de café da manhã, cestas de produtos, pães, ovos mexidos, omeletes, tapiocas, waffles, bruschettas, salgados e refeições sem nenhum sinal de glúten. Nos almoços, os pedidos mais requisitados são o picadinho (R$ 72,90) de angus beef, acompanhado por arroz cateto, farofa de banana, couve refogada na manteiga e ovo frito em azeite, e o risoto de limão-siciliano (R$ 74,50), feito com arroz arbóreo e servido com Saint Peter (tilápia vermelha) temperado com especiarias. A ala da padaria traz clássicos como pão de hambúrguer (R$ 6,24) e pão de forma multigrãos (R$ 31, 05) na versão glúten-free.
Pão de forma: prazer sem glúten. Foto: Erika Schuster
Grão Fino: Rua Pedroso Alvarenga, 672, Itaim Bibi, tel. (11) 3078-6062.
Rio de Janeiro sem glúten
Tori
Desde a abertura do restaurante, em 2019, Gabriel Coelho, um dos sócios, tem experimentado momentos de pura afetividade no local. Com o objetivo de ser um restaurante natural, acabou sendo também um lugar de acolhimento para celíacos e suas famílias: “No começo foi bem complicado, pois perde-se uma grande fatia do mercado quando se exclui completamente o glúten. Mas a recompensa, aos poucos, vem! Por aqui, vemos pessoas chorar ao almoçar em família, crianças pedindo abraços da Ana, minha sócia, e mães agradecendo pelas refeições em conjunto”, afirma, emocionado.
Polenta com ragu: comfort food no prato. Foto: Ricardo Pereira
O Tori funciona em uma galeria pequena e intimista em Ipanema, com pratos sem glúten, sem fritura, sem farinha branca e sem produtos industrializados. A receita mais vendida é o medalhão de mignon com geleia de damasco, risoto de parmesão e salada verde (R$ 51), escoltados por salada de espinafre com abóbora assada. A polenta com ragu de mignon (R$ 49), ovo pochê e azeite trufado, acompanhada de salada de folhas com tomate-cereja, parmesão e molho de mostarda e mel vem logo atrás na lista dos favoritos da clientela. A casa ainda elabora cardápios para eventos residenciais e corporativos, de pequeno e grande porte.
Tori: Rua Visconde de Pirajá, 444, loja 127, Ipanema, tel. (21) 99519-1516.
Boa Mão
A delicada torta de grão-de-bico com frango e salada (R$ 36) foi pensada especialmente por Bruno Chlamtac, nutricionista e dono do negócio, para ser um produto leve e inclusivo: “Idealizamos produtos saudáveis e seguros para celíacos. Nesse prato, escolhemos o grão-de-bico como ingrediente principal por ser um alimento rico em fibras, proteína e low carb”, afirma. Além de não conter glúten, o grão-de-bico fornece ferro, magnésio, zinco e vitamina B. Esse é o item mais vendido da Boa Mão, loja especializada em produtos 100% livres de glúten, mas a marca conta ainda com uma diversidade de produtos como pães, doces, pizzas, coxinhas e outras refeições sem glúten e lactose para o dia a dia. Boas crepiocas de carne e de queijo (R$ 32, duas unidades) são vendidas congeladas ou servidas para quem desejar comer na hora.
Torta de grão-de-bico: favorita no Boa Mão. Foto: Amonder Fotografia e Design
Boa Mão: Rua Ator Paulo Gustavo, Galeria 165, loja 106, Icaraí, tel. (21) 99711-5927.
Habitué
Com massa feita com diferentes combinações de ingredientes e coberturas criativas, as pizzas da Habitué não têm glúten, lactose nem conservantes. São quatro opções de massa disponíveis: fibrada, preparada com batata-doce, mix de tubérculos desidratados e cereais; low carb, elaborada com couve-flor, ovos, mix de tubérculos desidratados, cereais e sal; proteica, que leva batata-doce, mix de tubérculos desidratados, cereais e whey protein; e a vegana, resultado de batata-doce, mix de tubérculos desidratados e cereais.
Anabólica: frango com ervas finas, ovos e Catupiry light. Foto: Divulgação
Entre as coberturas, destaque para a Anabólica (a partir de R$ 70), criação que leva molho de tomate especial do chef, muçarela light, frango desfiado levemente temperado com ervas finas, ovos cozidos, tomates e catupiry light. Outra sugestão é a pizza de camarão (a partir de R$ 70), que leva molho de tomate especial do chef, muçarela light, camarões frescos, salsa salteada, catupiry light e orégano.
Habitué: Rua Gabriela Maia Prado Ribeiro, 86, Tijuca, tel. (21) 97277- 0311 | Copacabana (apenas delivery), tel. (21) 3249-4677 e (21) 99916-2214 | Avenida Rachel de Queiroz, 951,loja 117 (Centro Comercial Laguna Mall), Barra da Tijuca, tel. (21) 3514-2920 e (21) 99834-4051.
Rio de Janeiro e São Paulo sem glúten
Isabela Akkari
Em 12 pontos físicos em shoppings de São Paulo e do Rio de Janeiro, a confeitaria criada há nove anos por Isabela Akkari, chef pâtissier formada pelo Le Cordon Bleu, desenvolve produtos de brilhar os olhos, livres de glúten, lactose, ingredientes refinados e conservantes artificiais. O Bolo da Nana (R$ 32), por exemplo, tem massa cremosa de brownie recheada e coberta com cookies e doce de leite. Já o Double Chocolate Cake (R$ 32) consiste em massa fofinha de cacau com pedacinhos de chocolate na massa coberta com brigadeiro (sem adição de açúcares ou opção com açúcar de coco). O alfajor de brigadeiro de pistache (R$ 20) também é irresistível.
Bolo da Nana: massa de brownie coberta com cookies. Foto: Tatiana Toledo
Isabela Akkari: Shopping Leblon, avenida Afrânio de Melo Franco, 290, 3º piso, Rio de Janeiro | Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2232, Jardim Paulistano, tel. (11) 5096-1915 e (11) 98400-0740, São Paulo.
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