Casa fresca: 8 ambientes ventilados por cobogós, brises e muxarabis

Se a ideia é filtrar a luminosidade solar e deixar a brisa passar, elementos e estruturas vazadas podem ser ótimas soluções – tanto para ambientes internos quanto externos.


muxarabi
Projeto da arquiteta Simone Saccab. Foto: Instagram/@si_saccab | Evelyn Müller



Estruturas com pequenas aberturas para a passagem de ar e luz são soluções arquitetônicas antigas, que de tempos em tempos são resgatadas e reinventadas. O muxarabi, painel formado por uma treliça de madeira trabalhada ou entrelaçada, é utilizado há séculos no Oriente Médio e no norte da África. A técnica, que garante privacidade, protege do sol e permite a circulação de ar nas construções, chegou ao Brasil durante o período colonial e, de lá pra cá, foi bastante utilizada em algumas décadas – e talvez um pouco esquecida em outras. Mas o fato é que o muxarabi está em alta, cada vez mais presente nos projetos atuais, especialmente como elemento de transição ou setorização.

Já o cobogó, um elemento vazado robusto, utilizado para criar paredes e divisórias ventiladas ou ocupar aberturas de fachadas, foi uma das soluções arquitetônicas mais emblemáticas do modernismo brasileiro. Criado no Recife em 1920 pelos engenheiros Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis, o cobogó (nome formado pela união dos sobrenomes de seus inventores), ganhou releituras, desenhos diversos e outros materiais além dos tradicionais cimento, barro e cerâmica. E, assim como o muxarabi, tem espaço garantido nos projetos contemporâneos.

Por fim, o brise-soleil (ou quebra-sol) não é exatamente um elemento vazado, mas uma estrutura formada por uma sequência de lâminas fixas ou articuladas com vãos entre elas. Instalados no sentido horizontal ou vertical, os brises são aplicados em janelas, fachadas e varandas para proteger as construções da incidência solar direta e garantir conforto térmico. Estes volumes, popularizados pelo arquiteto Le Corbusier (1887-1965), continuam atemporais e fazem cada vez mais sentido nos projetos, afinal, construções que priorizam a arquitetura bioclimática e a eficiência energética são urgentes.

Em resumo, muxarabis, cobogós e brises, além da sua função – criar zonas sombreadas e ventiladas –, carregam um componente estético e sensorial que também merece destaque: o jogo de luz e sombra que se transforma ao longo do dia conforme os raios solares atravessam as aberturas. E se você quer incluir em sua casa frescor e a beleza dessa luminosidade que desenha os espaços, confira nos projetos abaixo as possibilidades de uso e aplicações de elementos e estruturas vazadas.

 

Toque de cor e transparência com cobogó de resina

Shirlei Proenca I Foto Renato Navarromuxarabi

Foto: Instagram/@shirleiproenca | Renato Navarro

Para separar a área gourmet do ambiente com piscina nesta cobertura, a designer de interiores Shirlei Proença optou por uma divisória composta por cobogós, ora vazados, ora fechados, assinados pelo artista plástico Rubens Szpilman. “O elemento vazado integra parcialmente, sem obstruir a vista. E cria um desenho único quando o sol bate nas peças, trazendo brilho e cor para o ambiente. É encantador”, comenta a profissional.

 

Pergolado ripado e parede de cobogó de cerâmica

Pixel Arquitetura I Foto Renato Navarromuxarabi

Foto: Instagram/@pixelarquitetura | Renato Navarro

Com o intuito de criar uma estrutura para o jardim desta casa que a protegesse da chuva, mas permitisse a entrada de luz natural, as arquitetas Patrícia Campanari e Alice Monte, da Pixel Arquitetura, desenvolveram uma extensão formada por pergolados ripados com cobertura de vidro, sustentada por uma parede de cobogó, com peças que seguem um padrão geométrico semelhante ao desenho das ripas.

 

Painéis deslizantes de muxarabi para as janelas

Foto: Instagram/@marianna_dib | MCA Estúdio

Delicadas estruturas de madeira foram fixadas em trilhos junto às janelas desta sala de estar projetada pela arquiteta Marianna Dib. As peças filtram a luminosidade, garantem privacidade e conferem aconchego ao ambiente. A mesma solução foi usada para compor a porta sanfonada que separa o escritório da área social, mas, neste caso, ela é formada por quatro folhas de muxarabi.

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Sombreamento com brises fixos e móveis

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Foto: Instagram/@patriciabergantin.arq | Maíra Acayaba

A arquiteta Patricia Bergantin escolheu adicionar à fachada desta casa brises para criar zonas sombreadas. Nesta face, volumes horizontais escuros compõem a cobertura da área externa, enquanto brises móveis verticais, de alumínio e com estética semelhante, atuam em um corredor lateral que dá acesso aos quartos de hóspedes, garantindo privacidade e conforto térmico à passagem integrada com a paisagem.

 

Treliça de madeira na fachada de casa praiana

Gam Arquitetos Denilson Machadomuxarabi

Foto: Instagram/@gam_arquitetos | Denílson Machado

Localizada na Praia do Forte (BA), esta casa assinada pelo escritório Gam Arquitetos recebeu uma treliça de biriba (madeira comumente usada na confecção do berimbau), com 30 metros de extensão, que envolve a fachada. A peça vazada, inspirada na trama irregular do linho, é fixada por uma estrutura metálica que a descola da parede. A treliça também se revela no interior da casa, através de aberturas e planos de vidro.

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Divisória colorida com recortes circulares

Felipe Carolo Foto Denilson Machadomuxarabi

Foto: Instagram/@felipecaroloarq | Denílson Machado

Desenvolvido pelo arquiteto Felipe Carolo, este banheiro faz parte de um ambiente que homenageia a década de 1970 e sua cartela de cores. A divisória com fórmica num tom avelã, medindo 1,4 x 2,8 metros, tem referência ao muxarabi, reinterpretado com perfurações circulares de 7 centímetros que filtram a luz e sugerem permeabilidade visual entre o quarto e a área onde fica a banheira.

 

Cobogós de cerâmica para a fachada ensolarada

Foto: Instagram/@rawiarquitetura | Juliana Deeke

Nesta casa assinada pelo escritório Rawi Arquitetura, o acesso principal acontece pela garagem descoberta – e é ali que uma parede de cobogós de cerâmica no modelo Sol dá as boas-vindas aos moradores. A paginação criativa da entrada proporciona estilo e funcionalidade ao projeto, ao passo que os elementos vazados garantem frescor e iluminação natural aos espaços internos do térreo.

 

Painel de muxarabi que abraça a área social

Simone Saccab Foto Evelyn Mullermuxarabi

Foto: Instagram/@si_saccab | Evelyn Müller

Acompanhando o formato do sofá, um painel vazado em L de madeira freijó com medida total de 1,86 x 2,5 metros protege o mobiliário do living da incidência solar que vem da área externa. A peça, com aberturas de 6 x 6 centímetros, ajuda na fluidez entre os ambientes, traz conforto, aconchego e proporciona um providencial sombreamento para o espaço projetado pela arquiteta Simone Saccab.

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