Padaria artesanal: um roteiro com 19 endereços deliciosos

Com fermentações calmas e atmosfera aconchegante, padocas com fornadas pequenas entregam sabores que não se encontram nas padarias tradicionais.


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Croissants da Zestzing, em São Paulo. Foto: Divulgação



Farinha, água, fermento natural e sal. Por mais que todo padeiro use a mesma mistura básica, um pão de fermentação natural nunca é igual ao outro. 

Para além da qualidade da farinha, do tempo, do forno e de outras variáveis, sempre vai existir um toque pessoal em cada fornada, seja um ingrediente, uma referência ou uma história que inspirou alguma receita. 

E é nesse contexto de uma culinária afetiva, perfeita para momentos de descompressão que o conceito de padaria artesanal conquista cada vez mais fãs. Mas as atrações desses lugares não se resumem apenas a pães bonitos, com aspecto rústico, miolo aerado e casca crocante. Entram no cardápio também cafés, bolos, doçuras, produtos de pequenos produtores e ambiente pensado para amansar, moldado ao estilo de cada casa. 

“Padarias artesanais, por si só, carregam no conceito uma variedade de itens para o bem-estar e para enriquecer a experiência dos clientes, que vai além do alimento saudável: hospitalidade, ambiente, trilha sonora, cuidados na decoração e conforto, acessibilidade, diversidade, ambiente pet friendly, cadeia de suprimentos com foco na sustentabilidade e cuidados especiais com o entorno”, detalha Ricardo Moisés, padeiro e idealizador da Mediterrain, na capital paulista.

Comprove nesse roteiro de endereços em São Paulo e no Rio de Janeiro as delícias que uma boa padoca artesanal tem para oferecer.

Padaria artesanal em São Paulo

 

Árvore do Pão 

“No final do corredor tem uma padaria secreta”, anuncia uma placa azul no meio da passagem entre a Rua Frei Caneca e a casinha branca, com plantas descendo pela fachada, no bairro da Consolação, revelando um ambiente aconchegante na região central de São Paulo.
“A padaria fica fora da vista de quem passa na calçada e de quem entra no corredor que dá acesso a ela. No começo do negócio, era um problema, porque as pessoas andavam, não viam o fundo, davam meia volta e iam embora. Então, colocamos a placa como um incentivo. Hoje, isso de secreto é um hype. Mas quando a gente começou, há sete anos, era uma barreira ser uma padaria sem vitrine na rua”, afirma Iara Manin, dona do empreendimento.

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Danish de maçã. Foto: Divulgação

Hoje, a Árvore do Pão tem uma clientela fiel, que atravessa a viela atrás de seus folhados feitos com técnica francesa, dos sanduíches em minibaguettes assadas no dia e do canelé de Boudreaux (R$ 9), o bolinho clássico francês que lembra pudim de pão, mas com o plus da casquinha caramelizada.
Dos laminados, opções deliciosas são o croissant, o pain au chocolate (R$ 14), a danish de maçã com creme de confeiteiro (R$ 14) e o folhado turco (R$ 12), com catupiry e zaatar, uma mistura de especiarias do Oriente Médio. A Árvore do Pão tem também um segundo endereço, com fábrica e loja exclusiva na Bela Vista, com janela aberta para a rua, sem se esconder de ninguém.

Árvore de Pão: Rua Frei Caneca, 388, Consolação,  (café e loja), (11) 98347-9242 |  Rua Doutor Penaforte Mendes, 93, Bela Vista.

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El Panadero 

Como escolher entre o pão do campo (R$ 32), vegano, feito com 90% de farinha de trigo e 10% de farinha integral, o pão de batata-doce-roxa com castanha-do-pará (R$ 38), que combina a doçura da batata com a crocância da semente, ou os clássicos pastéis de nata, alfajores e medialunas?
O chef Ramiro Murillo, campeão brasileiro de panificação pela FIPAN 2023, usa a sua bagagem para cozinhar no El Panadero. Filho de boliviano com brasileira, e com família em Buenos Aires, onde aproveitou muitos verões, é natural que una a sua latinidade com a profissão e crie um cardápio que mescla sabores.

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Pão de batata-doce-roxa com castanha-do-pará. Foto: Nanda Ferreira

Das lembranças da Argentina, trouxe a medialuna (R$ 9) e o alfajor de amido de milho (R$ 8,50), feito do modo tradicional, com recheio suave e doce.
As guloseimas fazem par perfeito com o café da casa, preparado com grãos de pequena torrefação escolhidos a dedo. Eles vêm da Alta Mogiana, tradicional região cafeeira de São Paulo, e são coados nas mesas dos clientes, acompanhados ou não de leite e saborizados com rum ou rodelas de laranja, com um método em que o café é coado junto à fruta. Há também o espresso simples, para quem preferir.
O clube de assinatura mensal é uma forma de conhecer e provar o cardápio diverso da padaria. Contando com três opções – clássica (R$ 110 + frete), especial (R$ 130 + frete) e mais que especial (R$ 180 + frete), o assinante recebe seu pão ainda quentinho em casa, às quintas ou sextas-feiras. A assinatura também dá direito a descontos de até 10%, além de oferecer atendimento exclusivo na loja. 

El Panadero: Rua Amália de Noronha, 251, Pinheiros, tel. (11) 98396-9530.

 

Fabrique 

Aberta em 2017 pelo economista José Carlos Gomes após se formar na The French Pastry School e trabalhado na La Fournette Boulangerie, ambas em Chicago, nos Estados Unidos, a Fabrique conta hoje com três unidades pela capital, cujas referências estão nas casas de café especial e brunch da cidade estadunidense, apesar do nome em francês.

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Croissants e baguetes. Foto: Divulgação / Fabrique

O cardápio tem sabores do Brasil e da França: vai de pão com manteiga (R$ 6), bauru (R$ 22) e mortadela e queijo (R$ 22) a estrelas da viennoiserie francesa, como croissant (R$ 11), pain au chocolat (R$ 13) e éclair (R$12), passando pelo item de mais sucesso da casa, a baguette La Marcelle (R$ 10). Na Fabrique, ela é produzida com farinha de trigo do moinho Moulins Bourgeois, na França, levain da casa e sal de Guérande.

Fabrique: Rua Itacolomi, 612, Higienópolis, tel. (11) 4801-4318 | Rua Faustolo, 553, Vila Romano, tel. (11) 3863-9352. | Rua Conselheiro Brotero, 860, Santa Cecília, tel. (11) 2339-4374. 

 

Feliciana Pães e Outras Histórias

A Feliciana Pães e Outras Histórias não tem apenas um nome poético. Seu menu e ambientação também são bonitos de ver.
Instalada em um ambiente acolhedor de casa de fazenda, com janela industrial camuflada por plantas, azulejos portugueses do século 17 e toalhas tricotadas colorindo as mesas de madeira, a padaria funciona como se realmente estivesse na roça, sem dar sinais de que está em um estacionamento. E aplica sustentabilidade e produtos de procedência em tudo o que oferece.
O café arábica é tostado em um equipamento conhecido como bola, com zelo, no fogão a lenha. A água usada na cozinha vem de nascente, a energia é solar, as verduras e frutas são do sítio da dona, na Serra da Cantareira, a carne dos hambúrgueres e do rosbife vem de gado criado em pasto regenerativo e o lixo orgânico é compostado.

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Pães diversos da Feliciana. Foto: Divulgação


Por trás do negócio, estão a proprietária Ana Paula Sater, pantaneira, historiadora, apicultora e gestora ambiental, e a chef Mariane Adania, que tem uma queda pela confeitaria aconchegante. Seus bolos de milho ralado são coroados com goiabada, os de chocolate e ganache ora ganham geleia de jabuticaba, ora de laranja, fruta que também é confitada e mesclada à ricota que preenche os cannolis.
Para as tapiocas (de R$ 20 a R$ 22) e pães queijudos de queijo (R$ 8, 3 unidades), Mari se vale do polvilho caipira que vem de Goiás, “nem doce, nem azedo, ligeiramente rústico, suavemente fermentado”. Para o Nhô Croque (R$ 42), versão do croque monsieur com produtos brasileiros, recorre ao presunto defumado na Mooca e aos ovos vendidos há décadas pelo seu Gilberto, no térreo do Mercado.
Dos pães feitos com farinha orgânica brasileira destacam-se o de azeitona (R$ 25), o da casa (R$ 28) e o ciabatta (R$ 8).
O menu de delícias caseiras pode ser desfrutado nas mesas internas e no terraço, e itens também podem ser levados para casa em embalagens de bagaço de cana e amido de milho ou em sacolas ecológicas.
Aos sábados, oferece brunch a preço fixo: por R$ 60, o cliente recebe ovos beneditinos, salada de frutas, panqueca com mel e manteiga, dois pães de queijo, uma bebida quente e um suco de laranja. Por mais R$ 20, uma taça de espumante aparece na mesa. 

Feliciana Pães e Outras Histórias: Rua Pedro Cristi, 89, Pinheiros, tel. (11) 99534-2473.

 

Lida 

Pequeno e singelo, o endereço na rua João Moura poderia passar despercebido em meio ao burburinho de Pinheiros, não fosse o bafafá criado no boca a boca pela qualidade de seus itens. Após passar por casas de peso, como o Blue Hill at Stone Barns, no estado de Nova York, com duas estrelas Michelin, e o Futuro Refeitório, em São Paulo, a padeira Hanny Guimarães formou uma dupla imbatível com a jornalista Carolina Arantes para criar a Lida.  Carolina produz os sorvetes e sorbets, e Hanny fica encarregada dos pães e folhados feitos com grãos nacionais, moídos in loco. Na Lida, não há compra de farinha, apenas de grãos vindos de diversas regiões do Brasil, usados in natura ou fermentados.
Entre os pães fixos, há o 100% trigo (R$ 36), o 100% centeio (R$ 24), o de grãos, que não contém glúten e leva aveia, sarraceno, chia, linhaça e sementes de girassol, abóbora e gergelim (R$ 35). Na seção de folhados, chama a atenção o salgado de presunto curado na casa, queijo comté e mostarda (R$ 25).

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Folhado de presunto, queijo comté e mostarda. Foto: Hanny Guimarães


Toda semana tem bolo de milho criolo vermelho e amarelo, vindos do Projeto Criolo, combinado com pedaços de ricota da casa (R$ 36). A experiência fica ainda melhor com os sorvetes e sorbets (potes de 473 ml), que têm como fio condutor sabores que fogem do comum. Ganharam popularidade o de pão na chapa (R$ 65), com pó de pão torrado, e o de doce de leite feito na casa, cointreau e laranja confitada (R$ 65). Entre os sorbets, holofotes para os de mel de cacau (R$ 70) e tamarindo com páprica doce (R$ 65).
Além da produção diária, a padaria dispõe de uma pequena mercearia com laticínios, charcutaria, vinhos naturais, cervejas e mel de abelha nativa. Todos eles de pequenos produtores do Brasil. Vale lembrar que o lugar não tem serviço e mesas, mas conta com bancos do lado de fora, em torno de árvores na calçada, para clientes que queiram aproveitar por ali os seus quitutes.

Lida: Rua João Moura, 911, Pinheiros, tel. (11) 99577-5432.

 

Mediterrain

Fora do circuito hype da cidade (e das redes sociais), o clima é o mais de boas possível com ambiente pet friendly, mesas com ombrelones na calçada e eventuais shows de música brasileira, para clientes e passantes. Localizada no Campo Belo, a Mediterrain acolhe pessoas em busca de boa comida e lazer.

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Canoa Medi. Foto: Ricardo Moisés

Além da receita dos pães caseiros com levain, o lugar segue à risca seus ideais de sustentabilidade e frescor. No negócio, só entram farinhas com critérios rígidos de controle e certificações ambientais. Cafés, queijos e embutidos vêm da parceria com pequenos produtores. No menu do chef e proprietário (e farmacêutico industrial), Ricardo Moisés destaque para preparações com ovos orgânicos e caipiras, como a invenção Canoa Medi (R$ 28), feita com meia baguette tradicional recheada com ovos mexidos e selada com casquinha crocante de requeijão, e os toasts com creme de abacate (R$ 44), queridinhos do público. Há duas excelentes opções da confeitaria: o bolo de cenoura com gotas e chocolate (R$ 32) e o canelé (R$ 8), clássico francês aromatizado com rum e baunilha e assado em formas de cobre, dando a característica de crocante por fora e macio por dentro. Para comer com um dos cafés especiais e fazer uma combinação de delícias.

Mediterrain: Rua Gabriele D’Annunzio, 1.263, Campo Belo, tel. (11) 2306-1929.

 

Na Janela 

Visitar a matriz da padaria Na Janela, em Higienópolis, é como mergulhar na história dos pães naturais longamente fermentados em São Paulo. Luiz Américo Camargo, um dos idealizadores da casa, é também um dos pioneiros no fenômeno da panificação caseira e ajudou a desenvolver a especialidade que hoje é tão replicada.
Se a pandemia levou muitas pessoas a fazer pão pela primeira vez, Luiz Américo já estava, literalmente, com a mão na massa desde os anos 1990, quando começou a se arriscar nos primeiros preparos com fermento biológico. É autor de dois livros essenciais para quem quer se aventurar no assunto: Pão nosso e o Direto ao pão (editora Senac São Paulo/ Panelinha), com conhecimentos básicos, dicas e receitas.

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Pão multigrãos. Foto: Divulgação


“Sempre achei bonito o ato de fazer pão, sempre tive interesse. Não era algo de família, era um fascínio pessoal mesmo. Já nos anos 90, antes de existir Google, Youtube e redes sociais, ficava atento a tudo que saía sobre o tema, fazia aulas, procurava o que havia em livros. Fui basicamente um autodidata”, lembra ele.
Junto aos sócios Fábio Kow e Marie Camicado abriu a Na Janela, em novembro de 2023, com a proposta de padaria artesanal com produtos bem feitos, saborosos e acessíveis. Em qualque uma das três lojas, vale perguntar pelo pão da capa (R$ 19,90), uma alusão à receita da capa do Pão nosso, e pelo pão de nozes (R$ 29), além de atrações consagradas, como o croissant (R$ 10), o cinnamon roll (R$ 12), o pão de queijo (R$ 5,90) e o cookie (R$ 10).
As casas abrem todos os dias, com serviço cordial e produtos caprichados: “Afinal, pão se come todo dia. Queremos ser uma padaria urbana, cosmopolita e, ao mesmo tempo, ‘do bairro’, perto do público no seu cotidiano”, afirma Luiz.

Na Janela: Rua São Vicente de Paulo, 603, Higienópolis | Rua Traipu, 204, Perdizes | Rua Frei Caneca, 835, Bela Vista.

 

Pindó 

Comandado por Bianca Cruz, a Pindó, no bairro Ipiranga, traz histórias cheias de sabor por trás de suas criações. A inspiração da baguete de torresmo (R$ 20), por exemplo, veio de roscas de torresmo que Bianca devorava quando criança no Vale do Paraíba, no interior de São Paulo.
A chef faz o torresmo do zero, utilizando a técnica caipira tradicional, onde as mantas de toucinho são cortadas, salgadas, secas e, posteriormente, lavadas e fritas. A única diferença na Pindó é que o ingrediente é secado em forno bem baixo, em vez de secar em varais, e depois misturado em massa branca com fermentação natural.

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Pão de abóbora. Foto: Divulgação


“É um processo demorado, que me toma uns três dias de trabalho, mas o resultado compensa”, garante Bianca.
Outro xodó da casa é o macio de abóbora (R$ 24), que, como o nome sugere, é superfofo. O pão de forma é feito com um tipo de levain popular nos anos 1980, apelidado de “fermento de Cristo” ou “fermento de garrafa”. Trata-se de um fermento natural mais líquido, alimentado com sal e açúcar, possibilitando a produção de pães almofadados, sem adição de ingredientes de origem animal, como leite e ovos.
A casa conta ainda com o imperdível bolo de milho cremoso (R$ 25), que leva queijo meia cura tostado por cima e nem um grão de trigo, lembrando uma pamonha de forno.
Foi vivendo e estudando gastronomia que Bianca teve o estalo de que o negócio teria corpo e alma brasileira. Não à toa, “onde queres nutella somos goiabada” é um dos mantras da padoca.

Pindó: Rua Oliveira Alves, 465, Ipiranga, tel. (11) 91353-2721.

 

Sapadaria 

Padaria de fermentação natural da sapatão, pois comer é um ato político” é a apresentação da Sapadaria em seu perfil no Instagram. À frente do negócio está a chef Catharina Fischer, que trabalhou cerca de 10 anos em cozinhas profissionais, como os restaurantes D.O.M (duas estrelas Michelin) e Dalva e Dito, ambos do chef Alex Atala, e alguns outros fora do Brasil. Com a pandemia, decidiu focar no seu sonho de ter um negócio voltado à qualidade de ingredientes e produtos autorais, com o ativismo da sua vida pessoal: dar visibilidade e segurança a todos os clientes, especialmente os LGBTQIAPN+. “O objetivo da Sapadaria é entregar um bom pão e carinho para quem compra, independentemente de quem seja”, diz Catharina.

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Pão sourdough. Foto: Divulgação


Por enquanto, a padaria funciona apenas com delivery (entregas feitas pela própria dona ou por aplicativos) e tem uma fornada fixa por semana, às sextas-feiras, para clientes finais. Além disso, fornece com frequência produtos para restaurantes, bares, cafés e buffets.
Os brownies foram o primeiro produto que a chef criou para venda e seguem como os docinhos favoritos do público, seja o tradicional, sejam os recheados com coco (apelidado fofamente de “cocudinho”) ou com amendoim, sem apelidos (R$ 26, 250 g, e R$ 49, 500 g).
Da ala dos pães rústicos, o de azeitona sovada na massa (R$ 25) e o multigrãos (R$ 25), com seis grãos tostados na casa, lideram os pedidos.
A focaccia carro-chefe da Sapadaria se destaca por seu sabor intenso: gorgonzola com picles de cebola-roxa feito na casa (R$ 49). O rolinho de canela vende bem com sua caldinha à base de cream cheese, que deixa o doce ainda mais saboroso (R$ 26, 6 unidades).
Em 2024, a Sapadaria completa quatro anos, buscando investidores para realizar o sonho de abrir uma loja física.
“Temos muitos clientes LGBTQIAPN+, mas a marca e os produtos são para todos que gostam de bons quitutes e dão importância ao apoio a pequenos negócios locais LGBTs. Basta entrar em contato e perguntaremos como o cliente gostaria de ser chamado para começarmos o atendimento”, finaliza.

Sapadaria: tel. (11) 97684-6233

 

St. Chico

Com duas unidades em Pinheiros e uma em Higienópolis, a St. Chico guarda em seu DNA uma “alma caipira com cara de mercadinho europeu”. Trata-se de uma junção do interior do Brasil com a França: a chef e padeira da casa, Helena Mil-Homens, é do interior de São Paulo, enquanto seus sócios são franceses, resultando na St (de “saint”) Chico. É uma padaria parecida com as do país europeu, em um ambiente que permite o savoir-faire francês, onde o cliente pode entrar, tomar um café, comprar uma baguete para levar ou comer ali mesmo acompanhada de uma tacinha de vinho. Os pratos, porém, são feitos com ingredientes da culinária da roça, como ovo caipira e queijo canastra.

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Vitrine da St. Chico. Foto: Wellington Nemeth


O menu é enxuto e apresenta velhos conhecidos: pão francês (R$ 26,50 o kg), ciabatta (R$ 56 o kg), brioche (R$ 4,90), baguetes (R$ 10,50), pão au levain (R$54, o kg). Contudo, Helena salpica pitadas criativas a cada manhã: do nada, o pão de levain recebe cobertura de Nutella e amêndoas salgadas, a bisnaguinha vem com recheio de chocolate, o brioche ganha uma versão folhada. Pão com manteiga, misto quente (R$ 18,90) e caracol de queijo e presunto (R$ 18) não arredam o pé dali.
“A St. Chico se destaca pela simplicidade: o pão francês, cascudinho e crocantíssimo, com cheirinho mais adocicado e miolo denso, é o chamariz, a baguete é a assinatura. Seguimos receitas tradicionais: farinha, água, sal e nosso levain cheio de força, criado a partir de centeio, colherinha de mel e água”, explica Helena.
Sempre há alguma viennoiserie, seja ela um pain au chocolate (R$ 14,50), um croissant ou um pain aux raisins (R$ 14,50) e, quando há bom polvilho mineiro, o pão de queijo com receita secreta da avó de Helena (R$ 10) dá as caras. 

St. Chico: Rua Fernão Dias, 461, tel. (11) 91764-3677, Pinheiros | Rua Mourato Coelho, 383, tel. (11) 94349-5972, Pinheiros | Av. Higienópolis, 467, tel. (11) 95324-5589.

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Zestzing 

Inspirada nas padarias contemporâneas francesas, a vitrine da Zestzing esbanja produtos típicos do país (pense em quiche lorraine, croissants, palmier e baguete), mas também garante lugar para doces de outras regiões Já provou um Kouign Amann, pequeno bolo de origem bretã cortado em quadrados? Ou uma babka, pão doce nascido na comunidade judaica da Polônia do século 19?
O bouchée, que significa bocada em francês, é exclusividade ali, já que é invenção da própria chef Cláudia Rezende, ex-executiva do mercado de comunicação, que largou tudo para abrir a Zestzing. Elaborada com massa de croissant e recheado com creme confeiteiro, a mordida única pode ter sabor de frutas vermelhas ou de caramelo com doce de leite (R$ 13).

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Pães das Zestzing. Foto: Divulgação


A produção é toda realizada à vista do cliente. Com curso de viennoiserie na École Lenôtre de Paris, e de pães artesanais na San Francisco Baking Institute, nos Estados Unidos, Cláudia leva a sério o nível da técnica do preparo dos itens da Zestzing.
Croissants e folhados, baguettesm pães de fermentação natural estão no cardápio, que inclui até panettone (R$ 145), disponível toda semana, durante o ano inteiro. Na temporada de festas juninas, a padoca oferece croissant de pé-de-moleque de fechar os olhos de prazer ao provar.

Zestzing: Alameda Tiete, 496, Jardins, tel. (11) 94340-9515.

 

Padaria artesanal no Rio de Janeiro

 

Artesanos Bakery

Quem passa pela calçada da mais nova loja da marca, em Botafogo, pode acompanhar a produção de pães de fermentação natural de diferentes sabores através de um janelão de vidro: é um verdadeiro balé da panificação.
A padaria apresenta cafés selecionados e especiais, com cafeteria comandada por barista. Da confeitaria tocada por pâtisseries formados na Le Cordon Bleu, saem preparos autorais.
O menu de café da manhã e brunch é extenso. A começar pelo croissant amanteigado e levinho (R$ 12), french toast de Nutella (R$ 23), feita no brioche de longa fermentação, recheada com Nutella e grelhada na manteiga, e a rabanada de brioche (R$ 14), preparada com brioche de longa fermentação e grelhada na manteiga.

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Pão clássico. Foto: Divulgação


Outro que merece destaque é o arrotolato (R$ 12), versão italiana do famoso “joelho”, preparado com massa amanteigada de longa fermentação, recheada com cream cheese, presunto e queijo.
Na parte dos ovos, holofotes para o benedicts bacon (R$ 25), brioche amanteigado, creme de queijo fresco, bacon caramelizado, molho hollandaise e ovo perfeito de galinha caipira.
Para quem prefere sanduíches, a Bruschetta Artesanos (R$ 29) vem com fatia de sourdough rústico tostado na chapa com pesto artesanal de castanhas-do-pará e basilicão, muçarela artesanal de búfala e tomatinhos confit.
A Artesanos também apresenta a própria marca de café, exclusiva, da região do Alto do Caparaó, onde o casal de proprietários Mariana e Ricardo, junto com o filho Theo, colheu o café com as próprias mãos e fez um microlote chamado “Colhido por Nós” (R$ 45, 250g). Ele é doce e apresenta acidez equilibrada, produzido com caramelo, melaço de cana, especiarias e baunilha.
Entre os doces, os clientes encontram opções como O Crime Perfeito (R$ 69), um calzone recheado com Nutella, marshmallow e chocolate belga, com mais marshmallow e chocolate belga na cobertura, e o R & J (R$ 32), releitura do clássico Romeu & Julieta, crostata coberta de queijo muçarela e creme de goiabada quente finalizada com grana padano.

Artesanos Bakery: Rua São João Batista, 26, Botafogo | Av. Genaro de Carvalho, 1.435, Recreio do Bandeirantes, 1.435, tel. (21) 99467-1111.

 

Bicho Pão

“Com um misto de tesão, inconsequência e coragem, nasceu a Bicho Pão. Nunca idealizei ser empresário, só queria fazer um bom pão”, diz o padeiro Cássio Vieira.
De origem soteropolitana, Cássio foi mordido pelo bichinho da panificação em 2019, quando fez uma especialização em pães de fermentação natural em São Paulo. Antes de abrir sua sonhada padaria no bairro do Flamengo, a produção passou por outros três endereços, contando o pontapé inicial dado na cozinha de sua casa.

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Croissant recheado. Foto: JS Neto


Para um início promissor na padaria de estilo afrancesado, com mesas na varanda, longa vitrine em móvel de madeira e atendimento gentil, prove o amanteigado croissant (R$ 10), bem aerado por dentro. As versões recheadas (R$ 18) com amêndoas e Nutella esgotam todos os dias.
Com 100% farinha integral e um blend de grãos que leva gergelim, semente de abóbora, semente de girassol e castanha do Brasil, o integral multigrãos (R$ 30) é outra boa pedida.
A casa, que também serve combos de café da manhã e brunch todo dia, tem um cardápio repleto de sugestões de toasts e sanduíches, como o bicho mexido (R$ 16), com uma fatia de sourdough na chapa coberto com ovos mexidos, farofinha de bacon e ciboulette, e o sanduíche de pastrami (R$ 54), servido no pão ciabatta com queijo meia cura, tomate seco feito na casa e pesto de manjericão.

Bicho Pão: Rua Corrêa Dutra, 39, e Rua Paissandu, 111, Flamengo, tel. (21) 98396-6852.

 

Clo&Saint

Novidade no bairro, a empreitada começou apenas no delivery, com fornadas de sourdough e focaccias aos fins de semana, mas a paixão de Darlene Romero, ex-executiva de banco, a levou a abrir a casa de pães especializada em viennoiserie, onde o carro-chefe é o croissant com diversas variações.

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Folhados. Foto: JS Neto


Boas dicas para iniciar são o tradicional (R$ 13), os danish de quatro queijos, caprese, bacon, e alho-poró com cream cheese (R$ 17) e o sourdough de provolone com tomilho (R$ 32).
A casa também capricha no croissant de amêndoas (R$ 21) e no Nova York roll de pistache (R$ 25).

Clo&Saint: Avenida Lauro Sodré, 150 Loja G, Botafogo, tel. (21) 99486 -6035.

 

Grâu 

O nome “Grâu” vem do romeno e significa “trigo”, sendo uma forma de homenagear a ascendência dos pais de Sérgio Balaj, um dos idealizadores dessa padaria.
Instalada no coração do Leblon, ela se orgulha de ser um local de afeto, em que o cliente se sente acolhido. “Imaginamos a Grâu como um refúgio, onde cada pão e receita é criado com o carinho e a dedicação que se encontraria em casa”, afirma.

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Baguete de calabresa e parmesão. Foto: Diana Cabral


Bem acomodado, o comensal pode escolher entre diversos tipos de pães de fermentação natural e sanduíches que homenageiam praias e bairros do Rio. Uma dica? O Lagoa (R$ 58), feito no pão ciabatta, recheado com salmão defumado e coalhada de queijo emmental, finalizado com rúcula, azeite e flor de sal.
Dos pães, a baguete calabresa (R$ 20), o integral (R$ 12), o de grãos (R$ 13), o de cacau (R$ 39) e o de cúrcuma com avelã (R$ 28) têm clientes cativos.
A loja da Barra da Tijuca, aberta há pouco mais de um ano a pedido de clientes, segue o mesmo cardápio.

Grâu: Rua Conde de Bernadotte, 26, loja 121, Leblon, tel. (21) 2487-3083 | Avenida Salvador Allende, 3.360, Barra da Tijuca (Ilha Pura), tel. (21) 2010-5265.

 

João Padeiro Co. 

Na vitrine virada para a Rua Arnaldo Quintela, eleita a oitava mais descolada do mundo, segundo ranking divulgado pela revista Time Out, em março, é possível encontrar uma boa variedade de pães folhados, brioches franceses e panetones. A João Padeiro Co. conta com mais de 40 itens de panificação.  “E só pães, nem manteiga nós temos”, reforça Adriano Amarante, um dos sócios.
As frescas baguetes, expostas em pé em caixotes de madeira, têm miolo alveolado e casca crocante em cinco sabores: tradicional (R$ 13), carvão (R$ 15), alecrim com sal grosso e azeite (R$ 15), seis grãos (R$ 15) e cúrcuma com grãos (R$ 15).

Joao Padeiro Co. baguette Credito Divulgacao

Baguetes. Foto: Divulgação


A padaria oferece também outras opções, como os levains, com casca mais dura e miolo macio, integrais de cinco sabores diferentes, focaccias, ciabatas, fougases (R$ 15), uma espécie de focaccia à francesa, e pães recheados, a exemplo do campagne de canastra (R$ 23) e figo com nozes (R$ 23).
Se em Botafogo o endereço não tem mesas e funciona no esquema “pegue e leve”, a unidade que abrirá no início do verão, na Barra da Tijuca, será em estilo totalmente diferente. Com novo sócio, o chef argentino Javier Goldin, especialista em carnes e parrillas, o projeto contemplará, além da padaria, cafés especiais, cardápio com doces, brunch o dia todo, parrilla para hambúrgueres e cortes argentinos, sanduíches naturais e, por último, mas não menos importante, coquetelaria para happy hour.
Com a transferência da produção para a Barra, a João Padeiro Co. passará para um endereço menor em Botafogo, mas sem mexer na quantidade e qualidade dos produtos à venda.

João Padeiro Co.: Rua Arnaldo Quintela, 102, Botafogo.

 

Roma Bakery

Está entre os favoritos, quando o assunto é um refúgio nos arredores do estádio do Maracanã. Os responsáveis são o casal Marta Mascouto e Rogério Barbosa – ela, ex-consultora, ele, ex-contador, que deixou a carreira para empreender durante a pandemia.
É possível passar para tomar um café espresso (R$ 8,50), um mocaccino de caramelo (R$ 16), um chococcino (R$ 16) ou um mate da casa (R$ 7), acompanhado por pão Petrópolis (R$ 26), sourdough (R$ 20,50), focaccia de muçarela de búfala, tomate cereja e alecrim (R$ 19,50, o pedaço), tartine caprese (R$ 22) ou um sanduíche no croissant (R$ 19).

padaria artesanal

Pain au raisin. Foto: Bárbara Carvalho


Para adoçar, também vão bem o suprême de pistache (R$ 23), folhado roll de Nova York e o pain au raisin (R$ 13).
Nas prateleiras, há produtos artesanais de parceiros, como antepastos, pestos, geleias e laticínios, “tudo sempre ligado ao objetivo de oferecer as melhores e diferenciadas opções de produtos saudáveis”, afirma Marta.

Roma Bakery: Rua Visconde Cairú, 26, Maracanã, tel. (21) 99783-7374.

 

The Slow Bakery 

Prestes a completar 10 anos, a velha conhecida The Slow Bakery continua sendo um hype carioca, com fila de espera nos fins de semana.
Os sourdough, carros-chefes da casa, são destaque. Entre eles, está o pão cranberry (R$ 39, 650 g), novidade na padaria, um pão invernal de textura crocante e sabor levemente azedo, fruto das amêndoas e do cranberry usados na sua produção.
O pão de forma da casa (R$ 47, 800 g) também é sucesso, feito com farinha italiana Superiore, manteiga, buttermilk, leite, toque suave de mel e textura macia. Já o pão de forma integral (R$ 39, 800 g), outra novidade de textura macia, é feito com iogurte da casa e farinha produzida na Fazenda Vargem, em Vianópolis, Goiás.

padaria artesanal

Sourdough. Foto: Samuel Antonini


O cardápio é sazonal e utiliza produtos orgânicos e frescos em suas tartines, prensados, saladas, carta de iogurtes e sucos. Destaque para sanduíche Porcaria (R$ 46), feito com barriga e lombo de porco assado no lastro por 18 horas, desfiado, com chutney de tomate, picles de cenoura e cebola orgânicos, prensado na focaccia.
O compromisso da Slow com os pães produzidos na casa se estende também ao café, que é fresco e selecionado. Servido em diversos métodos de preparo, ele chega à padaria com pouquíssimos dias de torra e é moído na hora. No menu, o café da casa (R$ 10), feito a partir de grãos do Sítio Santa Rita, na Serra do Caparaó (ES), é excelente pedida. Na seção de gelados, vale experimentar o Cold Brew (R$ 15), bebida intensa e cafeinada, refrescante, com notas de frutas cítricas e amarelas, preparada a partir de infusão a frio, com controle preciso de tempo e temperatura, feita com o grão salada de frutas, levando 16 horas para ficar pronta. 

The Slow Bakery: Rua General Polidoro, 25, Botafogo | Rua Maria Angélica, 113, Loja G, Jardim Botânico, tel. (21) 99919-6726.

 

Sova Fermentação Natural

As primeiras fornadas dessa padaria localizada numa movimentada rua de Copacabana eram divididas em encontros de família. Pai  e filho, João e Marcelo Ferraz, respectivamente, começaram a fazer pão por puro hobby. Com a pandemia, João, engenheiro aposentado, e Marcelo, publicitário fã de pizza, decidiram empreender, prezando pela utilização de insumos de pequenos produtores da região.
Ao todo, são assados diariamente mais de 75 kg de pães, como o sourdough, o brioche, a baguete e o croissant para o cliente levar para casa. Para quem preferir comer no local, o Combinado Sova (R$ 44,90) está disponível no café da manhã, servido das 8h às 17h: um croissant, meia minibaguete, um pão de queijo, geleia artesanal, creme de ricota, manteiga, café ou chá.

padaria artesanal

New York rolls. Foto: Filtro de Barro


No menu à la carte, há pães aquecidos na chapa com manteiga como o sourdough (R$ 6,50, duas fatias) e o brioche (R$ 10,90, duas fatias). Para rechear, proteínas como ovo caipira (R$ 9) e parma (R$ 17), além de geleia (R$ 8,50, 50g) e creme de ricota (R$ 7,50, 50g), os dois feitos na casa. Há também o iogurte com granola, também da casa, e mel artesanal (R$22). Entre os salgados, gougère (R$ 4) e danish (R$ 15), uma massa folhada com presunto, calabresa ou tomate. E, para adoçar o paladar, sugestões irresistíveis como pain au chocolat (R$ 15), cinnamon roll (R$ 14,90) e cookie de chocolate belga (R$ 14,90).
Além dos pães e pizzas romanas e napolitanas, há vitrines e prateleiras no salão que exibem doces frescos e produtos locais, como embutidos e conservas. No almoço, sopas, sanduíches, salada e quiche figuram no menu. 

Sova Fermentação Natural: Rua Xavier da Silveira, 34, Copacabana, tels. (21) 2147-7158 e (21) 98506-6489.

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