Terceira temporada de The White Lotus leva à Tailândia seus personagens disfuncionais

Novo ano da série criada por Mike White traz atores premiados como Carrie Coon e marca a estreia da cantora de k-pop Lisa na atuação.


Cena da terceira temporada de The White Lotus
Michelle Monaghan em cena da série Fotos: Divulgação



A essa altura, as pessoas já deveriam estar cientes que se hospedar nos hotéis da rede The White Lotus é uma cilada. Mas, para nosso deleite, os hóspedes continuam insistindo. 

Depois de desastres no Havaí e Sicília, agora é a vez da Tailândia servir como cenário para a terceira temporada de The White Lotus. O primeiro dos oito episódios da comédia ácida criada por Mike White estreia neste domingo (16.01), às 22h, na HBO e Max. 

Desta vez, chegam ao resort um grupo de três amigas de infância que não têm se visto tanto, formado por Jaclyn (Michelle Monaghan, da série Missão: Impossível), uma atriz famosa, Laurie (Carrie Coon, de The leftovers e indicada ao Emmy por Fargo e A idade dourada) e Kate (Leslie Bibb, de Palm Royale). Logo, os ressentimentos e coisas não ditas acabam causando atritos entre elas.

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Há também o casal Rick (Walton Goggins, indicado ao Emmy por Fallout), um sujeito rabugento e ressentido, e sua namorada mais jovem Chelsea (Aimee Lou Wood, vencedora do Bafta por Sex education), que está disposta a fazê-lo se abrir um pouco mais.

Por fim, a família Ratliff, composta pelo empresário bem-sucedido Timothy (Jason Isaacs, o Lucius Malfoy da saga Harry Potter), sua mulher viciada em remédios Victoria (Parker Posey, de Sr. e Sra. Smith) e os três filhos do casal, o metido Saxon (Patrick Schwarzenegger, filho de Arnold), a doce Piper (Sarah Catherine Hook, da série Cruel intentions), que estuda religiões, e o inseguro adolescente Lochlan (Sam Nivola, de Maestro). A dinâmica da família é tensa, para dizer o mínimo.

Belinda (Natasha Rothwell), a gerente do spa da primeira temporada enganada por Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge), está de volta, fazendo um curso neste resort. 

E, claro, como sempre, há um time de personagens locais que vai precisar lidar com o caos instaurado pelos novos hóspedes. Eles vão da proprietária do resort, a diva Sritala (Lek Patravadi), ao segurança Gaitok (Tayme Thapthimthong), passando pela mentora de bem-estar Mook (Lalisa Manobal, conhecida como Lisa, integrante do grupo de k-pop Blackpink, que estreia como atriz). 

Em entrevista coletiva, White, também roteirista e diretor da série, e o elenco conversaram com a imprensa sobre o novo ano da produção.

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Leslie Bibb, Michelle Monaghan e Carrie Coon

Espiritualidade e idealizações

Depois de explorar classe e cultura no primeiro ano da série e sexo e gênero no segundo, este fala sobre religião e espiritualidade. “Mas acho que a série trata de pessoas querendo se tornar seu eu idealizado, em vez das criaturas animais que somos”, disse White. “Elas acabam deparando com uma força que tenta levá-las de volta a essa natureza animalesca. A Tailândia era perfeita porque tem um alto grau de espiritualidade e também noites muito vibrantes.”

Os desafios da Tailândia

“Foi mais difícil porque temos mais episódios”, explicou o criador – a terceira temporada tem oito capítulos, contra sete da segunda e seis da primeira. “Também temos mais personagens, e a Tailândia também apresentou seus desafios”, disse ele. A gravação foi bastante longa, sete meses, em um país distante dos Estados Unidos. “Fora que nunca trabalhei sob um escrutínio desses”, disse ele, referindo-se ao sucesso da série, que coloca mais pressão sobre White. “Antes, fiz projetos pequenos, ninguém prestava muita atenção.”

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Natasha Rothwell como Belinda

O retorno de Belinda

“Todos ficamos tristes que Jennifer morreu na temporada passada. Por isso pensei em maneiras de mantê-la viva de alguma forma”, disse White. “A ideia de trazer Belinda de volta me pareceu perfeita, até porque todo o mundo ficou destroçado com seus momentos finais da primeira temporada, quando ela permaneceu trabalhando no hotel, com seus sonhos rompidos por Tanya.”

Natasha Rothwell, que interpreta Belinda, elogiou White por deixá-la trazer seu ponto de vista. “Ele é muito aberto à colaboração e sabe que não é uma mulher negra. Então, consegui dar algumas ideias para fazer de Belinda uma personagem autêntica. Sou roteirista também, mas a personagem estava lá, só acrescentei alguns detalhes – como quando ela vê um casal negro no resort e acena para eles. E isso aconteceu mesmo, no hotel em que estávamos. Vi uma hóspede negra, fui até ela e a abracei. É uma maneira de celebrar a presença de pessoas negras em espaços diversos. Essa representação é muito importante.”

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Lisa Manobal

Uma amizade complicada

Carrie Coon falou sobre a relação entre sua personagem, Jaclyn e Kate. “Em uma de suas peças, meu marido (o dramaturgo e ator Tracy Letts) escreveu: ‘Novos amigos são melhores que velhos amigos’. Acho que, se você não vê seus amigos de antigamente com muita frequência, há risco de que esse relacionamento acabe ficando artificial. Eu, Michelle e Leslie brincamos que a relação dessas três teria sido salva se elas tivessem entrado na villa em que se hospedam no resort e dito: ‘Isso é o que está acontecendo comigo agora’. Se tivessem sido sinceras, as férias teriam sido bem diferentes. Mas elas todas estão fingindo.”

A estreia de Lisa como atriz

“Estou muito feliz de participar desta temporada”, disse a atriz e cantora. “Sou tailandesa e estou interpretando uma pessoa do meu país que trabalha em uma das ilhas. Para mim, foi uma reconexão com a Tailândia, de onde saí aos 14 anos para ir para a Coreia do Sul. Foi incrível passar sete meses na Tailândia, com minha família lá. Mas eu estava nervosa, afinal, é meu primeiro papel, e em inglês, que não é minha primeira língua. Todos me ajudaram muito.”

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Patrick Schwarzenegger, Sarah Catherine e Hook Sam Nivola

Uma família disfuncional

Patrick Schwarzenegger não pediu conselhos a seu pai sobre seu papel. Mas conversou muito com White. “Ele queria que ele fosse aquele cara típico de república do sul dos Estados Unidos, um idiota. Só que não queria que ele fosse odiado, e sim que provocasse risos no espectador, que tivesse algumas características que o humanizasse. Por exemplo, ele realmente ama essa família e se preocupa com seus irmãos.” 

Para Sam Nivola, que também é filho de atores – Alessandro Nivola e Emily Mortimer –, o fato de a família ser tão rica já provoca uma certa desconexão. “Eles provavelmente foram criados com muitas babás. O pai trabalha demais, a mãe está sempre drogada. Os irmãos acabam sendo refúgios uns para os outros, mas não são necessariamente muito próximos.”

Jason Isaacs acredita que White cria personagens multidimensionais. “Eles são levemente grotescos, mas você presencia suas vidas se despedaçando e é impossível não sentir por eles.”

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