4 marcas do Rio Grande do Sul para conhecer e apoiar

Enquanto os ateliês começam a se recuperar da tragédia climática, nós reunimos mais quatro marcas do Rio Grande do Sul para incentivar a moda local.


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Look da As Frutas. Divulgação



Apesar das fortes chuvas terem dado uma trégua no Rio Grande do Sul, a situação ainda é delicada. O Estado registrou mais duas mortes provocadas pelas enchentes, conforme o último relatório divulgado pela Defesa Civil na segunda-feira (10.06), elevando o número total para 175.

Para a moda local, ainda há um longo caminho de reconstrução. “É uma situação complexa de se gerenciar, completamente atípica”, relata Fernanda Rubin Wallauer, da Comphy Wear, de Porto Alegre. “Além dos cancelamentos de pedidos, há o impacto direto em nossa produção, pois trabalhamos com produtores locais que foram atingidos diretamente pelas águas”, continua ela.

No intuito de apoiar as marcas do Rio Grande do Sul neste momento de crise, reunimos mais quatro nomes para você conhecer e incentivar.

Quatro marcas do Rio Grande do Sul para conhecer:

As Frutas

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Criada por Daniele Telles, a marca de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, nasceu no final de 2021 e é totalmente dedicada a frutaria. “Nossa proposta é ser uma marca refrescante, alegre e de fácil identificação, pois só vendemos roupa com estampa de frutas”, afirma ela.

Tudo começou com uma toalha de mesa. “Comprei esse tecido e fiz uma calça de elástico simples”, recorda Daniele, que também é maquiadora. “Comecei a usar com camisetas brancas, mas senti falta de mais, então comprei um tecido de bananas e fiz um quimono”.

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As peças receberam tantos elogios que Daniele decidiu se profissionalizar. “Na época conheci uma modelista, a Leila, e compartilhei meu sonho e vontade, sem saber muito”, conta. “Ela se apaixonou pela ideia e se tornou meu braço direito”.

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A estamparia vibrante e tropical está na essência da As Frutas, assim como o tecido Oxford, de toalhas de mesa. “A principal referência é o figurino de Júlia Roberts em ‘Uma linda Mulher’, com bermudas, blazers, ombreiras e calças de cintura alta”.

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Volumes e babados inspirados na era vitoriana complementam a fruteira de Daniele, que se destaca entre as marcas do Rio Grande do Sul autorais e divertidas. “Nossa produção é por demanda, o cliente escolhe modelo e estampa que mais gostar”, explica ela. “Também não temos uma tabela de medida padrão, produzimos para criança até o céu é o limite”.

Com a tragédia climática, ela precisou interromper a produção. “Saí de casa com a roupa do corpo e meus dois gatos e, quando retornei após 15 dias, foi mais difícil ainda, tanto que até hoje não consegui aparecer no perfil da marca de tão doloroso que foi e está sendo esse período”.

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Além de criar uma rifa solidária como medida de urgência, a designer está se dedicando ao trabalho voluntário em um gatil do seu bairro. “Agora, um mês depois, estamos num esforço para colocar os pedidos em dia, contando com a compreensão dos clientes, por conta das entregas que ainda estão difíceis”.

A marca também está ajudando seus fornecedores afetados pelas enchentes, com doação de roupas. “O próximo passo é dar continuidade ao lançamento da nossa linha de pijamas e roupões com estampas exclusivas e a minicoleção de inverno”.

Ateliê Boldo

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A marca autoral surgiu em 2015, na garagem da avó materna de Nathalia Kretzer, no Rio Grande do Sul. “Sempre trabalhei com moda, mas não gostava de como a engrenagem da indústria funcionava”, conta ela. “Na época, estava desempregada e decidimos pegar retalhos, roupas vintage e modelagens antigas para vender aos amigos e pessoas próximas”.

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A partir de tecidos garimpados, Nathalia desenvolve coleções capsula a cada 45 dias, priorizando modelagens amplas e versáteis, para serem usadas de várias formas. “Peças que possam ser sobrepostas são as minhas prediletas, assim como materiais mais estruturados, entre eles brocado, gobelin e veludo”, conta ela.

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As enchentes afetaram a pequena empresa diretamente. “Eu estava no RS elaborando uma nova coleção quando as chuvas começaram e uma parte dos materiais que ficam na casa da minha vó foram atingidos”, relata. “Ficamos ilhadas, sem conseguir acessar as costureiras e fornecedores, então tivemos que interromper a produção, pois muitos dos colaboradores ficaram sem água e tiveram que evacuar suas casas”.

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Desde então, a Ateliê Boldo se concentra na reconstrução. “Fizemos algumas ações promocionais para conseguir recuperar o valor que tivemos de prejuízo durante as enchentes, além de uma rifa solidária para arrecadar valores e colaborar com as vítimas que tiveram suas casas perdidas”.

Comphy Wear

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Fernanda Rubin Wallauer é de uma família italiana, onde todas as mulheres sempre tricotaram. “Cresci vendo minha vó, minha mãe e tias tricotarem blusões, mantas, etc.”, comenta a designer a frente da Comphy Wear, de Porto Alegre.

Como o nome já diz, o foco da marca é em roupas confortáveis e no processo de confecção manual. “Nosso propósito é criar peças que carreguem o mesmo amor e carinho passado entre as gerações de mulheres da nossa família através de produtos confortáveis, tornando nossos dias mais ‘comphy’”, define ela.

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Tricô, lã e linho são trabalhados em modelagens clean e modernas.  “Buscamos inspirar mulheres através de um conceito autêntico que une elegância a uma modelagem exclusiva”. Em vez de lançar coleções, a marca trabalha com drops mensais, muitas vezes em edição limitada de cores e materiais.

Apesar da Comphy Wear estar entre as marcas do Rio Grande do Sul que não foram afetadas diretamente pelas enchentes, sua produção foi impactada pela interrupção dos Correios e entregas de fornecedores. Por isso, Fernanda participou dos resgates como voluntária na linha de frente e abrigos, incluindo a causa animal.

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Agora, a marca está na fase de reconstrução. “Estamos apoiando diretamente nossas fábricas para que se ergam novamente e possamos voltar a produzir, empregar pessoas e, aos poucos, retomarmos as nossas vidas”.

Deixa

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“Surgimos literalmente como uma deixa durante a pandemia, para tornar possível o consumo de uma forma menos prejudicial, com valor justo e um olhar autoral de moda”, explica a estilista Renata Henckel sobre a marca fundada em Porto Alegre, em 2020.

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Através do olhar sustentável, a Deixa mistura criações autorais com peças de segunda mão. “Após garimpar e reunir itens que conversam entre si, formamos um lote e organizamos o lançamento, de forma mais frequente”. As peças autorais são lançadas em pequenas coleções pontuais, incluindo looks vintage especiais e customizados.

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A Deixa também está entre as marcas do Rio Grande do Sul que não foram diretamente atingidos pelas enchentes, mas teve falta de água encanada por 10 dias em decorrência das chuvas na cidade. Por outro lado, o ateliê parceiro ficou sem acesso ao espaço por 22 dias e teve todas as máquinas danificadas.

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“Eles ainda estão em fase de limpeza do local, então estamos comunicando sobre o ocorrido nas nossas redes sociais, como uma forma de ajuda e conscientização”, diz Renata. “Sentimos que é importante incentivar o público, principalmente de outros estados do Brasil, a ajudar da forma que puderem”.

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