Chanel, verão 2025 alta-costura 

Ainda sem Matthieu Blazy, equipe de estilo da Chanel revisita clássicos na coleção de 110 anos da Maison na alta-costura. 


Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.
Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação



Teve até a presença da totalmente nomeada ao Oscar Fernanda Torres, mas Matthieu Blazy ainda não estava ali. No caso, na concepção da coleção de verão 2025 de alta-costura da Chanel, apresentada na manhã desta terça-feira (28.01), no Grand Palais, em Paris. 

O novo diretor criativo da Maison começa a bater ponto no mês de abril e não revela nenhuma coleção até setembro, quando enfim faz a sua aguardada estreia na temporada de prêt-à-porter de verão 2026. Ou seja, até lá, é o time interno de designers o responsável pelas novas safras de roupas. O que, hoje, até veio a calhar. Eu explico.

Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.

Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.

Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

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A Chanel está comemorando 110 anos de alta-costura. Foi em 1915 que Gabrielle Coco Chanel abriu seu primeiro ateliê em Biarritz, no litoral sul da França, com todos os requisitos e as artesãs que a federação francesa de alta-costura exige. A marca é um pouquinho mais antiga, coisa de três anos.

Essa temporada sem comandante no navio funciona como uma homenagem às reais fazedoras desse tipo de criação: as costureiras, bordadeiras, passadeiras, modelistas, que fazem tudo à mão – e apareceram num vídeo divulgado pela Chanel pouco antes do desfile. 

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Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.

Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

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Assim, o time de estilo não avança em propostas ousadas para revisitar a tradição e os clássicos. Isso significa não fugir das jaquetas com botões-jóia e correntes na parte interna da bainha, para assegurar o melhor caimento possível. Estão lá os tailleurs com saias retas, com pences e pregas, além dos sapatos bicolores. Alguns detalhes fazem uma ou outra distinção do comum, como as mangas arredondadas, os enfeites de plumas nos ombros e a referência a uma silhueta muito usada por Karl Lagerfeld, que é essa saia dupla, opaca e estruturada na região das coxas e quadril, solta e translúcida rumo aos pés.

Há uma experimentação com cores para fugir do preto, que vai da suavidade dos tons pastel e furtacor aos vibrantes coral, amarelo, roxo e verde esmeralda, em tecidos acetinados nas lapelas e blusas. Tirando os vestidos quase transparentes e levíssimos, a silhueta é majoritariamente conservadora na parte de cima, com camisas de gola laço, e libertária embaixo, com as pernas à mostra.

Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.

Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

Modelo desfila coleção de alta-costura de verão 2025 da Chanel.

Chanel, verão 2025 alta-costura. Foto: Divulgação

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No texto sobre a coleção divulgado pela Chanel, a grife lembra que, abre aspas, “é feita de gestos repetidos e renovados, paciência, excelência e um fascínio atemporal”. Fecha aspas. Muito de sua elegância está realmente nas miudezas. E aí é preciso dar zoom, puxar uma lupa para valorizar as aplicações de paetês, as rendas pintadas e o chiffon bordado que cria ilusão de tweed. 

Na passarela formada pelos C’s duplos da marca – elevada e formando um símbolo do infinito, uma cenografia idealizada pelo designer francês Willo Perron –, consegue-se enxergar uma coleção protocolar, que neutraliza o campo para a chegada de Blazy. É compreensível. É também igualmente entendível que os superamantes das surpresas que a alta-costura reservam fiquem desapontados ou mais ansiosos para os próximos episódios que estão por vir. 

Como bem disse uma das costureiras, no vídeo antes do desfile, um ateliê de alta-costura é uma orquestra. Vale acrescentar nessa fala que, para uma orquestra tocar, é importante um maestro. 

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