Conheça a Je M’Appelle Brasil, showroom que apresenta o melhor do streetwear nacional em Paris

Carnan, Mad Enlatados, Class, Pace, Sufgang e Quadro Creations são as seis etiquetas que integram a primeira edição do projeto. A seguir, os diretores criativos e o idealizador da iniciativa explicam o que os motivou.


Samir Bertolli no evento Je M'Appelle Brasil
O stylist Samir Bertoli. Foto: Reprodução/Instagram



Foi durante uma viagem a Paris, em janeiro deste ano, para acompanhar a semana de moda masculina de Paris, que o stylist Samir Bertoli teve a ideia de criar um showroom só com marcas de streetwear brasileiras. Com nome de Je M’Appelle Brasil, o projeto reúne seis marcas nacionais com forte presença no segmento para apresentá-las ao mercado europeu entre os dias 22 e 24 de junho. As participantes são a Carnan, Mad Enlatados, Class, Pace, Sufgang e Quadro Creations – todas elas nasceram nos últimos dez anos.

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Class. Foto: Divulgação

“Quando vim para cá, vi que as pessoas não usavam labels independentes francesas. Tomei um choque cultural, porque no Brasil temos várias marcas para escolher”, fala Samir. “Cheguei pisando muito fofo, até que percebi que muita gente se impressionava com os produtos brasileiros – ninguém faz ideia do nosso potencial nesse mercado”, continua.

Para colocar esse sonho de pé, Samir contou com a ajuda de Samuel Teixeira da Paz, mais conhecido como Garoto Florido (iD Prod 011), que ajudou na parte prática da concepção, e de Lucas Rodrigues, responsável pela identidade visual, além dos criadores de cada marca. “Nosso projeto começou como uma ideia despretensiosa, como amigos tomando uma cerveja numa sexta-feira e decidindo ir para a praia”, brinca o stylist.

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Quadro Creations. Foto: Divulgação

O comprometimento, adesão e engajamento na construção do Je M’Appelle Brasil é um bom exemplo da união de grandes players do mercado nacional de streetwear. Mais do que isso, é sinal de um crescimento e amadurecimento consistente e consciente. Em entrevista ao Vol. 02 da ELLE Men Brasil, Felipe Matayoshi, da PACE, falou sobre o assunto: “Por mais que a gente beba referências lá de fora, a base da criação é a pesquisa. Nós (do streetwear brasileiro) temos uma estética própria. Pensamos em nossos próprios designs. Colocamos nossa visão em peças, materiais, aviamentos”. Agora, chegou a hora de mostrar ao mundo o resultado dessa construção.

“Foi muito esse lance do coletivo, de quebrar a barreira da concorrência e se unir por um propósito maior”, diz Lucas Borges, da Quadro Creations. “Isso não vai trazer benefício só para as nossas marcas, a gente tem expectativas para o mercado em geral, a interação entre Europa e América Latina pode ser muito positiva.”

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Mad Enlatados. Foto: Divulgação

“Vai ser um divisor de águas na maneira como as pessoas olham para a moda nacional, tanto o gringo, que costuma qassociar o Brasil com algo mais feminino, de praia ou de festa, quanto o consumidor local”, explicam Breno Fernandes e Paulo Henrique Carneiro, da Carnan. “Nunca tivemos uma vitrine ou olhos voltados para a gente como agora. Estamos vendo o mundo inteiro prestando atenção em movimentos culturais regionais no país, tanto na moda, quanto na música e na arte”, completa Luiz Paes, da Mad Enlatados.

O modelo de showroom adotado pelo Je M’Appelle Brasil é bastante comum. No espaço, compradores de diversas multimarcas ao redor do mundo visitam – e compram – coleções que acabam de ser lançadas ou desfiladas para receber em média daqui seis meses. A maioria dos nomes entrevistados, inclusive, vai lançar coleções novas no evento, e, ao mesmo tempo, mostrarão um pouco de sua história a partir de peças emblemáticas. 

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Sufgang. Foto: Divulgação

“Para mim, não é sair vendendo, o importante é apresentar nossa marca”, explica Eric Cezar, que comanda a Class ao lado de Rafaela Sayuri. A Pace, por exemplo, uma das etiquetas mais inovadoras quando se trata da intersecção de streetwear com luxo acessível, mostrará a coleção antes no Brasil para atender seus clientes no país. “Cada marca está levando um olhar diferente. Não são todas iguais, a gente se complementa no mercado”, conta Felipe.

Já a Sufgang passou por uma reformulação completa nos últimos meses. “Estamos com novos fornecedores e uma nova curadoria de matéria-prima. O objetivo é elevar a marca cada vez mais. Tanto o Bruno (Sena) quanto eu somos consumidores de streetwear, então a gente se preocupa muito com a experiência e qualidade”, diz Alefe Tanaka, braço direito do fundador Bruno Sena. Na última quinta-feira, 15.6, Sufgang abriu seu primeiro endereço próprio no bairro de Moema, em São Paulo. A fila para a inauguração começou a se formar às 4 da manhã. 

Nos próximos três dias, as seis etiquetas vão apresentar suas coleções e suas histórias para compradores de multimarcas relevantes, como Dover Street Market e Ssense. E a ideia é que essa seja só a primeira edição de muitas.

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Carnan. Foto: Divulgação

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