Peças coladas ao corpo são as novas favoritas do momento

Depois de longas temporadas dominadas por modelagens oversized, as peças justas estão ganhando atenção outra vez e agora, felizmente, sendo vistas em todos os tipos de corpos.


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Apesar dos inúmeros desafios e problemas instalados na indústria da moda pelo caos pandêmico, os últimos meses foram gloriosos para a KAI Collective. A marca, baseada em Londres e fundada em 2016 por Fisayo Longe, percebeu um salto meteórico no número de vendas ao longo da quarentena. O responsável por tal crescimento tem nome: vestido Gaia, apelido dado pelos próprios seguidores da etiqueta. A peça se tornou um hit, recebeu o selo de aprovação de Beyoncé, que o selecionou para a sua curadoria de peças desenhadas por jovens estilistas negros, e foi parar na matéria de capa da edição de setembro da ELLE britânica.


Bem justo, com mangas compridas e sempre em tons vibrantes, o vestido lançado pela KAI é o começo de uma tendência muito maior. Depois de longas temporadas dominadas por modelagens amplas ou oversized, peças ajustadas ao corpo voltaram a ganhar atenção e se tornaram as favoritas outra vez. Porém, se um dia já foram quase sinônimo de roupas exclusivas para gente magra, agora, elas deixam de ocupar esse lugar e, felizmente, começam a vestir todos os tipos de corpos.

“A partir das minhas próprias experiências de mundo, sempre coloquei as mulheres em primeiro lugar, especialmente as mulheres negras, e tentei cultivar a KAI como uma marca que ajuda mulheres de todas as formas e tamanhos a se sentirem bem”, afirmou Fisayo em entrevista à Dazed. A designer, que usa palavras como “inabalável” e “vitoriosa” para descrever a sua marca, faz questão de chamar atenção para o impacto que a sua proposta tem na autoestima de tantas. “Não basta falar com mulheres que já se sentem confiantes, o mais importante é incluir em nossa comunidade as que estão no processo, aquelas que estão tentando ser”, concluiu.

Para Fisayo, nada precisa ficar em segundo plano, ou seja, o seu discurso de poder e individualidade anda lado a lado às suas criações. Foi pensando nisso que o vestido Gaia, responsável pelo sucesso da KAI, nasceu. “Sabia que queria algumas estampas exclusivas para diferenciar a marca, mas não tinha certeza de como seria, então falei com Adebusola Adetona, do Grapes Pattern Bank, na Nigéria, e, depois de algumas idas e vindas com um moodboard, chegamos no resultado. Curiosamente, ela me disse que a estampa parecia com a fluidez de minha voz”, contou. Desde então, a peça já foi vista sendo usada por rappers, como Saweetie e Tiwa Savage.

Nas passarelas

Apesar das pequenas marcas terem um papel essencial na volta das peças bem justas, grandes marcas aderiram à tendência na temporada de verão 2021. A Prada foi uma delas. Na estreia de Raf Simons na direção criativa da etiqueta italiana, blusas de segunda pele ganharam furos estratégicos e foram estilizadas por baixo dos tricôs. Já em sua marca homônima, o estilista belga traduziu a proposta com um outro styling: em versões estampadas, a peça apareceu acompanhada por camisetas em looks tom sobre tom, criando uma imagem mais descolada.

Sobreposições, aliás, são importantes aqui. Foi por meio delas que muitas marcas trabalharam as roupas coladas ao corpo, como visto na Givenchy. Já a Versace dispensou tal recurso e deixou as blusas justas como protagonistas das produções, com estampas vibrantes com elementos do fundo do mar e acompanhadas por calças de cintura baixa. Enquanto isso, a Burberry trouxe a modelagem em vestidos de gola alta com leves drapeados e assimetrias. E a Chanel apostou na tendência através de macacões, balanceando a sua imagem clássica.

A estilista Marine Serre pode até ter uma carreira curta, mas as leggings e blusas de segunda pele se fazem presentes em suas passarelas desde o lançamento da marca, em 2017. Com a sua já reconhecível estampa de lua crescente, a francesa tem uma predileção por peças em modelagens justas que, em pouco tempo, se tornaram os grandes hits da designer – já foram usadas usadas por Beyoncé, Dua Lipa, Kylie Jenner e Ariana Grande.

Aqui no Brasil, a tendência já tem seus adeptos: A Brocki, marca catarinense que trabalha com técnicas de patchwork e rework, traz a proposta em peças de tricô. A A.Rolê, de Luiza Gil, com apenas dois anos, já faz sucesso entre influenciadoras e cantoras como Pabllo Vittar, Urias, Luísa Sonza e Magá Moura. Já a Another Place, em sua coleção apresentada com um fashion film, na última edição da São Paulo Fashion Week, também apostou nas modelagens justas, dando atenção especial às blusas e bodies de segunda pele. Há ainda as opções propostas por Lucas Leão que, olhando para os futuros incertos, trouxe peças amplas sobrepostas às mais coladas ao corpo.

Como usar?

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Reprodução

A boa notícia é que as modelagens justas são muito mais fáceis de usar do que se imagina. A blusa de segunda pele, por exemplo, é capaz de deixar qualquer produção mais descolada e também pode ser usada sozinha, acompanhada por um simples jeans e tênis. Uma terceira peça, como um blazer ou jaqueta, pode ser bem vinda, caso sinta vontade.

Elas podem funcionar ainda como um mero detalhe da produção, afinal, com o olhar apurado para encontrar o truque certeiro, são várias as formas de estilizar e sobrepor outras peças. A camiseta é a opção favorita de muitos, podendo criar desde looks sóbrios até outros mais vibrantes. Camisas e vestidos de alcinha também podem sobrepor blusas ajustadas. O legal é deixar a criatividade falar e não ter medo de dar novos significados para aquilo que está parado no fundo do armário.

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