Entre o dia a dia e os palcos, conheça a Koia

Marca do estilista Kaio Martins tem o equilíbrio perfeito entre roupas para a rotina diária e aquele algo mais tão necessário para quem não dispensa criatividade na hora do vestir.





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As roupas de Kaio Martins raramente nascem de desenhos. Nome por trás da Koia, seu processo criativo se dá por meio de estudos e experimentações com estruturas e diferentes formas de construção. “Sempre fui mais de manequim e alfinete. Fico imerso nisso, explorando as formas, fotografando e elaborando em cima delas”, diz o estilista de quase 26 anos (taurino, ele faz aniversário no início deste mês). “Meu prazer em criar moda vem da vontade de fazer peças com volumetria e texturas. Acredito muito que, apesar de comercial, o resultado não precisa ser entediante.”

No seu caso, não é mesmo. Desde a estreia na Casa de Criadores, em meados de 2019, a Koia se destacou com uma silhueta bem característica: cintura definida (quase sempre por peças inspiradas na construção e formas de um corset), ombros proeminentes com babados bem estruturados, mangas bufantes (ou levemente infladas) e um mix de alfaiataria com elementos boudoir. Soa complicado, mas não é. São roupas com aquele equilíbrio perfeito entre algo familiar, quase básico, e propostas mais criativas dignas de palcos e passarelas. Meio que um figurino ideal, nada chato tampouco caricato, para nossos shows de todos os dias.

É que, para Kaio, uma de suas principais referências de moda é Lady Gaga. Foi ela quem lhe abriu os olhos, a cabeça e todo um mundo de possibilidades. “Foi algo muito significativo na minha vida”, revela o estilista. “Quando você é uma gay no interior, é mais difícil imaginar essas coisas. Aí, chega essa pessoa doida, que faz e veste o que quer. Eu me senti no direito de fazer o mesmo.”

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Parte da versatilidade de suas roupas vem do material base para suas criações: o algodão. “É e sempre foi a fibra com que mais trabalho”, diz. “O tecido é muito importante no meu processo. Gosto de usufruir deles de várias formas, com dublagens, tingimentos e alguns beneficiamentos. E nesse ponto, poucas fibras são tão versáteis quanto a de algodão.”

Kaio nasceu em Patos de Minas, no interior de Minas Gerais, e, desde pequeno, já demonstrava aptidão para atividades criativas. Pelo menos era o que lhe diziam. “Na escola, sempre fui aquela criança viada que fazia palhaçadas em toda apresentação de dança, sabe? Aí, as pessoas foram me atribuindo esse lado mais criativo. Viviam dizendo que, por isso, eu deveria trabalhar com moda”, relembra.

Aos 15, ganhou um computador de presente e começou a pesquisar mais a fundo sobre o assunto, principalmente sobre desfiles. “Meu pai também sempre me incentivou muito a me profissionalizar antes de sair da escola. Para ele, era muito importante eu ter um caminho claro de vida, saber o que gostaria de fazer como graduação.” Na cidade em que morava, porém, o único curso que se aproximava da ideia de ser estilista era um de costura e confecção de vestuário, no Senai.

Kaio não só se matriculou, como se destacou entre os demais alunos. Em 2015, depois de ter concluído o curso, ele foi convidado pela instituição para treinar para uma competição de educação técnica, a WorldSkills, que acontece de dois em dois anos, num formato muito parecido com o das Olimpíadas. “Ficamos um ano e meio viajando pelo Brasil, estudando e fazendo vários cursos. Tivemos treinamentos com o estilista Jum Nakao, com o modelista Shingo Sato, com alfaiates franceses. Foi um período incrível da minha vida e que me fez crescer muito profissionalmente.”

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Kaio foi o campeão mundial na edição de 2015 da competição, na categoria tecnologia da moda. Como prêmio, ganhou uma bolsa em qualquer curso de graduação no Brasil. “Como boa patricinha de interior, decidi que era hora de fugir dali”, brinca o estilista. Com o incentivo da família, fez as malas e se mudou para São Paulo. Em 2016, ele era o mais novo aluno do curso de moda, no Istituto Europeu di Design (IED).

Sem nem sequer ter concluído o primeiro semestre, recebeu uma ligação da faculdade com uma proposta de estágio. Era com o estilista Leandro Benites, que havia lançado sua própria marca um ano antes, também na Casa de Criadores. “Foi uma relação de amor à primeira vista, a gente se aproximou muito e trabalhei com ele por cinco coleções”, fala Kaio. No meio tempo, o mineiro ainda realizou alguns projetos de figurino e colaborou com outras marcas, como a de Heloisa Faria.

“Para mim, a beleza da moda estava no desenvolvimento de processos. O mais legal de tudo era saber fazer acontecer, saber projetar, construir”, diz. Então, meu objetivo nunca foi ter uma marca, mas sim trabalhar para pessoas que me possibilitassem crescer tecnicamente e realizar isso tudo.” A ideia, contudo, começou a ser questionada ao longo da faculdade e, com um empurrãozinho do amigo e colega de profissão Rodrigo Evangelista, Kaio decidiu se lançar em carreira solo.

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O lançamento oficial aconteceu em 2019, mas a coleção de estreia foi pensada um tanto antes. Em 2018, o estilista se formou em primeiro lugar com um trabalho de conclusão de curso, o famigerado TCC, inspirado nas obras do pintor Hieronymus Bosch, mais especificamente no Jardim das Delícias. “Encontrei algumas similaridades na obra e vida dele com a minha própria. Eu cresci na Igreja, vi as coisas que eu ouvia lá pintadas em sua obra, de uma maneira muito rica e libertadora. Acabei me apaixonando.” O resultado lhe garantiu uma vaga na Casa de Criadores, no ano seguinte. O resto é história. Ainda que uma bem recente.

Desde então, Kaio vem refinando sua técnica e estética coleção após coleção. É visível a continuidade e evolução em seu trabalho. O mais recente, aliás, partiu de pinturas em aquarelas de motivos naturais. Estes, além de estampas, viraram formas, modelagens e volumes. Quase tudo com um tecido feito a partir do refibramento de resíduo ou descarte de outros materiais têxteis.

Entre a lista de clientes, estão alguns nomes conhecidos como Pabllo Vittar, Sabrina Sato, Duda Beat, Ivete Sangalo e, mais recentemente, Paola Antonini, na capa da edição de março da ELLE View. Atualmente, o estilista produz apenas sob encomenda. Porém, há planos para um e-commerce, assim que a situação pandêmica der sinais de melhoras

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