Louis Vuitton, verão 2025 masculino

A Louis Vuitton deu o start na semana de moda de Paris, nessa terça-feira (18.06), com seu desfile masculino de verão 2025.

Usando como locação o terraço da sede da UNESCO, em Paris, o desfile teve como pano de fundo as bandeiras dos países-membros e uma esfera de ferro, alusão ao globo terrestre, pela qual os modelos andavam ao redor.

O clima, meio “We Are The World” (1985), meio “Waka Waka”(2010), antecipa o espírito de Jogos Olímpicos e Paralímpicos que, neste ano, acontecem em Paris, respectivamente, do dia 26 de julho a 11 de agosto e de 28 de agosto a 8 de setembro.

Louis Vuitton, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Mas a imagem, é verdade, vai além. A UNESCO foi fundada em 1945, com o intuito de promover a paz, por meio da educação e cultura. E, em meio a discussões cada vez mais frequentes de crise climática e de refugiados, conflitos armados e pandemia, a ideia aqui também foi incentivar a união entre os povos, criando uma imagem positiva e progressista de um mundo mais junto.

O nome da coleção reforça o objetivo. Chamada de “Le Monde Est À Vous”, expressão que, em português, equivale a algo como “o mundo é seu” ou “o mundo está aos seus pés”, Pharrel parece clamar por um pouco mais de compaixão e conexão.

Segundo o diretor criativo da Louis Vuitton masculina, esse desejo de uma sociedade menos apartada conecta-se com um traço essencial da Maison: a importância da viagem, uma vez que a marca nasceu fabricando malas e baús de transporte.

Louis Vuitton, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Sai daí a principal colaboração da coleção apresentada e que foi feita entre a equipe de estilo da Louis Vuitton e o coletivo Air Afrique, um grupo que apoia a produção de artistas da afro-diáspora.

O coletivo francês é inspirado em uma companhia aérea de mesmo nome que funcionou da década de 1960 à virada do milênio. Pan-africana, ela era uma das principais formas de se chegar e de se sair da África Ocidental.

Com o grupo, a Vuitton fez bolsas, lenços e logos inspirados em viagens, mas, principalmente, baús de viagem que cruzaram a passarela, lembrando as raízes da marca.

Na segunda grande metade do desfile, os elementos da aviação se fizeram mais presentes nas roupas, como na alfaiataria que lembra de leve os anos 1970 e nas jaquetas e macacões de aviador.

Só que, mais do que um guarda-roupa caricato, esse dândi viajante e contemporâneo da Louis Vuitton é versátil. Ele abraça outros itens esportivos, como as calças de motociclismo e os uniformes de futebol, assim como tem look pijama e também conjunto ultra luxuoso.

Louis Vuitton, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Algumas de suas peças são de tirar o fôlego, completamente statement. É o caso da jaqueta de vermelho gelatinoso, do blazers usado com bermuda e da meia transparente com brilhos na altura do calcanhar.

O Damier, estampa quadriculada tradicional da Vuitton, vira padronagem pixelada de python ou colorida, com cores de diversas bandeiras. O padrão também se torna mapa-mundi, com imagens aéreas do planeta e a África no centro.

Já o primeiro grande bloco da coleção é completamente negro e essencial para a construção mais importante do desfile. Os modelos são homens de pele retinta e usam peças de alfaiataria com tonalidades escuras de preto, como o conjunto aveludado inicial.

A roupa preta cria um movimento natural no corpo do espectador, que se aproxima para enxergar os detalhes. E os detalhes se revelam. De perto, vê-se o broche de avião, a gola bordada, o logo brocado, a estampa quase imperceptível. Os botões são pequenas joias. Cristais e pérolas escapam dos cintos e das alças das bolsas. São detalhes preciosos, literalmente.

Louis Vuitton, verão 2025 masculino. Foto: Getty Images

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Interessante que, desde o início da temporada de verão 2025 masculina, as maiores marcas de moda têm incentivado a ideia de que é necessário chegar mais perto para entender o que está rolando. Aqui, o zoom da Vuitton é um convite emocional, até. Um “chega mais perto, para me enxergar direito”.

Em um contexto mais amplo, dá para refletir que, na passarela diversa de Pharrell, certamente vários dos modelos são homens que vieram de diferentes lugares do mundo para, juntos, formarem essa beleza toda. Nesse sentido, a imagem deles luxuosos, em plena Unesco, em Paris, se amplifica, toca em muita coisa.

Partidos conservadores têm crescido na Europa, principalmente em função de suas propostas de legislação rígida com imigrantes. Os próprios franceses estão se preparando para irem às urnas em duas semanas. E existem chances reais da extrema direita se eleger.

Por fim, vale muito assistir ao mini filme lançado junto com a apresentação e que também é assinado em conjunto com o coletivo Air Afrique. Nele, os diplomatas são crianças, que se reúnem para ouvir as palavras do pensador Aimé Cesaire.

O poeta diz: “O universal é a soma das particularidades. O que torna o nosso mundo bonito é justamente a nossa diversidade. A única maneira de preservar o futuro é mantendo a humanidade unida. O mundo é seu. Cabe a você reinventá-lo, reimaginá-lo”.