Paris Fashion Week: Chanel inverno 2024 

Virginie Viard recupera as origens da Chanel com homenagem a Deauville, em apresentação de inverno 2024. 


Modelo desfila conjunto claro de tweed da coleção de inverno 2024 da Chanel.
Chanel, inverno 2024. Foto: Getty Images



No último dia da semana de moda de Paris, a Chanel apresentou a sua coleção de inverno 2024, com uma homenagem a Deauville, região no norte da França. 

Antes do desfile, um curta filmado por Inez & Vinoodh e estrelado por Penélope Cruz e Brad Pitt, deixou claro como é o local. No vídeo, o casal passeia pelo balneário e pede um vinho em um restaurante de luxo.

Mas, para a Chanel, Deauville é bem mais do que um destino tradicional da elite francesa. Trata-se do lugar onde Gabrielle Coco Chanel abriu a sua primeira butique de roupas, em 1913. 

Modelo no desfile de inverno 2024 da Chanel.

Chanel, inverno 2024. Foto: Getty Images

Leia mais: A história centenária da Chanel.

Ali, ela realmente avançou no mundo do vestuário, uma vez que sua loja em Paris, até então, era mais conhecida pela venda de acessórios como chapéus. 

Olhando para pescadores e marinheiros, Chanel incorporou ao guarda-roupa feminino elementos esportivos, como camisas navais e suéteres de jérsei.

Com isso, ela deu origem a uma possibilidade de roupa para a mulher que era mais diversa do que aquele espartilho apertado da Belle Époque. Criou, assim, um visual marcado por casualidade, conforto e certa androginia – a silhueta boyish era completada por colares de pérola ou uma fita enfeitando um chapéu de aba larga. 

Modelo veste tricô com desenho de horizonte no inverno 2024 da Chanel.

Chanel, inverno 2024. Foto: Getty Images

Esses chapéus de aba larga, inclusive, foram parar na passarela de Virginie Viard, nesta terça-feira (05.03), construída para imitar um píer dentro do Grand Palais Éphémère. 

Além deles, detalhes da marinha, como listras, botões e golas de marujo foram selecionados para recuperar as raízes da marca. Os tricôs, por sua vez, formam desenhos do horizonte que se vê da orla e os tons pastel, que pintam boa parte da coleção, também saem do céu colorido e frio da região. 

Existe, acima de tudo, uma proposta de despojamento, com bermudas e saias mais folgadas descendo até a altura do joelho. Os sobretudos têm a cintura marcada, mas as versões mais legais são aquelas em que o cinto fica mais solto e contribui para esse desenho da silhueta esticado para baixo. 

O styling é feminino e despretensioso, com laços e colares acumulados, além de uma boina jogada para a frente, cobrindo o rosto. A bolsa Chanel, carregada na mão ou no ombro, ganha também destaque, chamando a atenção para variações da flap bag e da nova 11.12

Modelo veste sobretudo no desfile de inverno 2024 da Chanel, durante a Paris Fashion Week.

Chanel, inverno 2024. Foto: Getty Images

E existe ainda espaço para tendências da temporada, como usar um curtinho com botas acima do joelho e jogar um casaco longo por cima. Tem ainda versões de casaco com shearling e abotoamento duplo. 

A história ainda é ampliada com um pouco de referências aos anos 1970, principalmente quando o couro aparece numa saia mídi ou em um macacão, o xadrez cria um efeito retrô e as botas ficam mais pesadas. O final é composto por looks fluidos, vestidos e camisolas de chiffon, que amarram esse visual pijama, com a ideia do ultraconforto como luxo. 

Vale aqui a observação de que esta é mais uma apresentação em que Virginie Viard se inspira em algo que remonta a figura de Coco Chanel em si. Isso pode soar como uma imagem distante daquela produzida por Karl Lagerfeld durante os seus anos como diretor criativo da marca. 

Logo, em meio às críticas que a diretora criativa tem recebido por tal mudança, parece que cabe mais aos ditos fãs da Chanel decidirem se gostam mesmo da casa francesa ou amavam o olhar do Kaiser para a grife. 

Leia mais: A alta-costura de verão 2024 da Chanel.

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