Paris Fashion Week: Marni verão 2024
Marni recorre às padronagens clássicas da casa e um pouco de fantasia em sua coleção de verão 2024, desfilada na Paris Fashion Week
No segundo dia de Paris Fashion Week, (27.09), a italiana Marni estreou nas passarelas francesas, após uma micro turnê pelo mundo: na temporada anterior, a marca desfilou em Tóquio e, antes, em Nova York.
Francesco Risso, diretor criativo da casa, apresentou a coleção de verão 2024 na Rue de l’Université, em uma antiga residência de Karl Lagerfeld, com os convidados ocupando as salas, corredores e os jardins que um dia pertenceram ao Kaiser.
Marni, verão 2024. Divulgação
Na carta escrita à mão para o público, o estilista afirmou que a apresentação tem um apelo pessoal. Risso lembrou de uma paixonite que teve por um desconhecido em Paris, quando tinha 14 anos, e que isso o fez um caçador do amor sempre que voltou à Cidade Luz. Em Paris, ele sempre se viu como um flâneur, ou seja, aquele indivíduo que se deixa perder ou levar pelos encantos do lugar.
É verdade que esses textos de inspiração tendem a desviar os nossos olhos do que realmente importa: o que o estilista apresentou em termos de roupa. Mas, aqui, o contexto faz sentido. A temporada atual tem insistido que precisamos de mais uma camisa branca no armário e designers apaixonados como Francesco Risso são os que saem em defesa de uma criação para além do estritamente comercial.
Marni, verão 2024. Divulgação
A pandemia de Covid-19 fez o designer incutir cada vez mais sobre um senso de comunidade, a ideia de uma roupa que carrega história, de tal maneira que as suas peças passaram a ser pintadas à mão, enfim, a terem toda uma dedicação artesanal.
O grande exemplo de hoje foram os vestidos-buquê, com flores metálicas (recortadas de latinhas de refrigerante e moldadas à mão) pulando tridimensionalmente do look e os casacos e conjuntos feitos de stickers florais.
Marni, verão 2024. Divulgação
Não significa que Risso não conversa com o mundo ao seu redor. Como ele disse à imprensa presente, trata-se apenas de um olhar mais positivo ou poético do agora. E isso está presente no mais simples top cinza de malha com saia de cintura baixa, longa e reta de camurça que abre o desfile à alfaiataria oversized com padronagens diversas que recheia a coleção.
Existe um senso de diversão nas estampas e cores misturadas, bem como nos volumes que se afastam do corpo. Entramos num mundo fantasioso de xadrezes, listras e flores, os pilares da casa, além de um perfume dos anos 1970. Aliás, nem é bom datar as coisas dessa maneira, dizer que o vestido é meio sessentinha e o cabelo clubber um pouco anos 1980. A figura representada por Risso é atual, mas se diverte com o passado como quem se fantasia com o brechó da vida.
Marni, verão 2024. Divulgação
Ainda bem que o argumento de Risso se mantém forte. Trata-se mesmo de uma coleção para outros olhos, pessoas com outras vontades e interesses. A tirar pela estrela sentada na primeira fila: Erykah Badu com um chapelão enorme à la The Cat in The Hat, de Dr. Seuss, na cabeça. Exemplo de que alguns sonhadores seguem fortes por aí.
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